quarta-feira, 25 de maio de 2011

19- Ovídio uma vez escreveu...

“Muitas vezes um remédio amargo trouxe ajuda a pessoas esgotadas.”
“Yasmin? Meu amor, vamos tirar você daí.”
“Que bom que estão trabalhando nisso, porque o tempo está passando e estou ficando impaciente. Cadê o que pedi? Não conseguiu convencer a sogrinha, Derick?” a sua gargalhada espalhava um frio por todo o meu corpo, “Talvez a Yasmin me agradeça por apenas dar fim na vida dela. Parece que não tem ninguém que realmente se preocupe com ela.”
“Seu pai acabou de morrer... A Sandra foi ao hospital. Antes de sair ela disse que agora vai poder te dar o que você quer.” Não sabia de onde consegui trazer a minha voz.
“Assim espero. Ela tem até o final do dia para isso. Em pouco tempo entrarei em contato novamente.” Desligou.
A sala parecia mais fria. Sentei-me na cadeira próxima ao telefone. Eu era inútil. Não tinha nada que eu realmente pudesse fazer pela Yasmin.
O que eles tinham feito com ela? Eu não podia perdê-la...
Uma mão me sacudiu, despertando-me do sono. Eu sequer tinha percebido que dormia.
“Derick, vá para a cama. Já pedi que preparassem um quarto para você.” Sandra.
“Não. Eu vou ficar aqui.” Disse ainda sonolento.
“Você quem sabe. Mas já está tudo resolvido.”
“Já vão devolvê-la?” Meu coração disparou.
“Não hoje. Fiz o possível, mas só amanhã todos os documentos estarão prontos. Logo após o enterro do Vítor, a troca será feita.”
“Não vai esperar a Yasmin voltar para isso?”
“Ela já passou pelo suficiente, não acha?”
“Mas ela iria querer estar lá... Ela nunca vai te perdoar se não esperar por ela.”
Ela sorriu, mas seus olhos eram uma imensidão de tristeza. “Então mais um item para a lista. Vai ser algo íntimo e rápido. Só estou esperando que eles entrem em contato para avisar.”
“A Yasmin vai passar a noite com eles?...” pensei alto e estremeci com a visão.
“Também não gosto disso, Derick.” Disse com pouco caso.
Era disso que a Yasmin tanto falava sobre a sua mãe? Essa frieza?
“Não parece...”
Ela apertou os lábios e franziu o cenho. “Porque você é estúpido demais como a Yasmin para ver!” berrou. Esboçou falar novamente, mais contida. “Tudo o que o meu marido que acabou de falecer lutou a vida toda para construir vou entregar nas mãos de bandidos para ter a Yasmin de volta. Tudo, Derick. Nem uma colher vai ficar. Não tenho a menor ideia de como vamos ficar depois disso, mas estou ocupada demais fazendo o que posso para que a Yasmin volte. Eu sei que ela me odeia. Ela pensa que eu a odeio, nunca quis que ela pensasse assim... Tudo o que eu fiz eu faria novamente. Não me arrependo de absolutamente nada... Exceto esses últimos anos em que a deixei fazer o que bem entendesse. Olha no que deu.”
“Mas ela não tem culpa disso. É algo que poderia acontecer de qualquer jeito.”
“Nunca saberemos, não é... Derick, vejo o quanto gosta da Yasmin. Mas me pergunto até que ponto... O quanto você faria por ela.”
“O que a senhora quer dizer com isso?”
Sandra pareceu que iria dizer algo, mas no instante segundo apenas balançou a cabeça. “Nada.”
Encarou o telefone na parede e acompanhei os seus olhos até o aparelho que parecia absurdamente caro, como todo o resto naquela casa. “Vai amanhã ao funeral?”
“Claro.”
Ela pressionou um botão sobre a enorme mesa do escritório. Uma senhora com um uniforme mais bonito do que o das outras empregadas apareceu logo em seguida. “Sim, madame. Em que posso ajudar?”
“Olívia, você já arrumou o quarto para o Derick como pedi?”
“Sim, madame. Já está pronto há algum tempo.”
“Ótimo. Separou roupas para ele?”
“Também, madame. Tudo conforme as suas ordens.”
“Então me faça mais um favor. Providencie uma roupa para ele ir ao funeral do Sr. Campbell amanhã.”
“Sim, madame. Deseja que eu prepare uma para a senhora também?”
“Não, Olívia, mas obrigada por lembrar. Já cuidei disso.”
“Estou aqui para isso, senhora.”
“Obrigada. Pode sair agora.”
Olívia sorriu curvando um pouco a cabeça e se retirou da sala.
“Derick, vá se deitar. Amanhã teremos um longo dia. É bom que esteja descansado.”
Eu pensei em insistir para ficar, mas meus olhos mal continuavam abertos. Eu não estava há tanto tempo assim sem dormir - muito pelo contrário - para sentir tanto sono.
“Se lembra onde fica? É o mesmo em que ficou da última vez.”
“Lembro.”
“Então tenha uma boa noite.”
Mas eu não tive. Em vez de apenas apagar e acordar no dia seguinte, tive um pesadelo. Um que me fez acordar soando frio e com o rosto molhado de lágrimas. Coloquei a mão sobre o meu coração que ainda estava acelerado. Acho que eu apenas deveria ser grato por não recordar o que me atormentou durante a noite... mas eu quase podia adivinhar. A voz chorosa da Yasmin do outro lado da linha ainda ecoava na minha mente.
Vítor parecia sereno deitado naquele caixão, mas isso não fazia os fatos melhores. Ele estava morto e Yasmin não pode sequer se despedir de seu pai.
Quando a Sandra foi dizer suas últimas palavras, esperei algo rápido. Poucas palavras. Algo assim “Foi um grande homem. Sentiremos sua falta. Adeus, Vítor Campbell.”. Mas pela primeira vez ela parecia desconfortável em sua própria pele. Piscado várias vezes e apertando seus lábios antes de começar a falar.
“Vítor sempre disse que eu era boa com as palavras e que podia encantar qualquer público.” Ela inspirou e olhou para cima, tentando evitar as lágrimas que se formavam. Só quando ela começou a desdobrar um papel que notei que ela era isso que ela estava segurando com tanta força. A folha estava um pouco amassada. “Se eu apenas falasse, sem ler, tenho certeza de que ficaria mais bonito. Assim como ele merece. Mas... Eu tenho certeza que não conseguiria. Espero que ele me perdoe por isso.”
Quando ela disse que seriam poucas pessoas, imaginei um grupo bem menor do que aquele. Mas todos pareciam sinceros com seus rostos saudosos. Eu era o único com a mente longe... lembrando do rosto aflito da pessoa que mais amou o homem que em breve estaria coberto por terra.

7 comentários:

  1. Tenso...
    Nem sei o que dizer...
    Essa Sandra está me dando nos nervos u.u


    Beijos

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  2. Oh my! Estou com coração na mão por todos e nem imagino o que vai acontecer se a Yasmin for solta!

    bjosmil! *.*

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  3. Apesar de nunca ter sabido demonstrar, eu acho que a Sandra realmente gosta da filha e que não foi ela que planejou esse sequestro.
    Não teria objetivo, ainda mais com a morte do Vitor, já que as coisas iriam para o nome dela de qualquer forma...
    Eu entendo a Yasmin não compreender ela, porque sente falta do amor de mãe... Assim, demonstrado, porque eu acho que ele existe.

    Claro que ela não vai perdoar por ter perdido o enterro do pai, eu não perdoaria se fosse do meu...
    Mas é tanta coisa pra se pensar agora que isso acaba sendo o de menos, infelizmente.

    Vai nos torturar até quando com essa aflição?
    Já disse e repito: Espero que tudo acabe bem. E logo!
    Beijo.

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  4. Suhhhhhhhhh!! Bruxa!!
    Cara... tá cada dia mais dificil saber o que dizer e mais dificil ainda segurar a vontade de te matar!!!
    morre'
    Já não basta de maldades? lixa*

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  5. Bem, a Sandra não é tããããão má assim, senão não abriria mão dos bens pra ter a filha de volta. Esta muito tenso toda essa situação e cada atuh q passa da mais vontade de bater em vc Suh XD~



    Bjoooo sua Bruxilda

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  6. Vih, ela até que que deixou a pose um pouquinho nessa atuh. =S
    -
    Tenso, Mita. ><'
    -
    Existe amor da Sandra sim, Dindi, mas ela pensa que está fazendo o melhor pela filha, como sempre...
    Mas a Yasmin discorda completamente.

    Exatamente, entre tanta coisa isso fica de menos. =/

    Logo é pedir demais, Dindi. .-.
    -
    kkkkkkkk, Lu, segura a onda aí, amooor!
    -
    Tããããããão ela não é mesmo, Deh, maaaas...
    Essa vontade você teria mesmo se eu fosse um vegetal. ¬¬'
    =* chefona

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  7. Ué, vc não é um vegetal? O.o

    Ok, sobre a atuh, me abstenho. Discordo em quase tudo que todo mundo disse, hahahaha. Prefiro ficar quieta.

    Bjks!

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