sexta-feira, 20 de maio de 2011

17- Saul Alinsky uma vez escreveu...

“Tática significa fazer o que você pode com o que você tem.”
Um cheiro forte fez doer minhas narinas. Percebi que estava com os olhos fechados. Ouvi vozes. Espremi meus olhos, na primeira tentativa de abrir, as luzes eram fortes.
“Funcionou!” uma voz familiar comemorou.
“Deixem-me vê-lo. Já falei para todos vocês saírem. Aqui é uma enfermaria, não um ponto de encontros, por céus!” uma voz feminina disse irritada.
Uma mão gelada tocou o meu rosto, “Consegue abrir os olhos?”, era a mesma voz profissional.
Tentei novamente, deixei que meus olhos se ajustassem à luminosidade.
“Ótimo.” A jovem morena, com olhos castanhos esverdeados, disse satisfeita.
“Ah, Derick, você acordou!” minha irmã contente logo atrás da jovem que me avaliava.
A jovem se virou. “Ainda estão aqui? Preciso chamar os seguranças? Será possível! Ele precisa de espaço. E vocês deveriam voltar para as suas salas de aula.”
“Estamos no intervalo.”
Intervalo? Aquela era a enfermaria. Não fazia ideia de como tinha ido parar ali.
A jovem encarou a minha irmã em silêncio.
“Ok! Que seja! Já entendi!”, Talita subiu um tom agudo. “Derick, assim que você sair nos procure.” Pediu antes de sair.
“Lembra o que aconteceu?”
Recapitulei os meus passos. Estava no pátio. Procurei a Yasmin...
“A Yasmin!” gritei em alerta, recordando o telefonema.
“Ei, acalme-se.”
“Eu preciso ir.”
“E eu preciso que você se acalme. Seus amigos te trouxeram aqui mais cedo. Eles te viram cair no chão. Você desmaiou. Já era pra ter acordado há bastante tempo. Tenho que ver se você está mesmo bem.”
“Eu estou. Olha... Sei que é o seu trabalho, mas eu realmente preciso ir. Prometo que depois volto para uma consulta.”
Ela bufou. “Seus amigos me deram trabalho suficiente hoje. Quer sair, saia. Não vou continuar insistindo. Só espero que realmente não seja nada sério.”
Não me desculpei, como teria feito em outra ocasião. Levantei apressado. Tateei meus bolsos, procurando meu celular, enquanto passava pela porta da enfermaria do colégio.
Lembrei-me da Talita preocupada comigo, pedindo que ligasse para ela, mas não o fiz. Ela precisaria me desculpar por isso, mas eu tinha algo mais urgente em mente: saber da Yasmin.
Disquei para o seu número. Ninguém atendia. Insisti, mas foi inútil.
Minhas mãos tremiam. Eu queria chorar e deixar aquele medo tomar conta de mim, mas não podia. A Yasmin...
Eu não tinha o número do telefone da casa da Yasmin ou o de sua mãe e pai. Gritei comigo mesmo por isso. Sally deveria ter, pensei. Liguei para ela.
“Sally?”
“Derick! Já saiu da enfermaria? Como você está? Onde você está?” disparou.
“Bem. Depois conversamos, Sally. Agora preciso da sua ajuda... Você tem o número do telefone da casa da Yasmin ou o dos seus pais?”
Agradeci que a minha prima não fizesse perguntas. “Tenho o da casa. Espera, vou procurar.” Um instante. “Pronto. Anota aí.”
“Obrigada, Sally” desliguei.
Não perdi tempo e liguei para a casa dos Campbell. Fui atendido no primeiro toque.
“Alô?” reconheci aquela voz, era a Sandra, mas notei a urgência em seu tom.
“Sandra? É o Derick.”
Ela suspirou desapontada. “Derick, agora não é uma boa hora.”
“Eu sei o que aconteceu com a Yasmin.”
Silêncio.
“Ele me disse que estava negociando com a senhora. Eles vão liberá-la?”
Silêncio.
“Sandra?” minha voz beirava o desespero.
“Derick, ainda estamos negociando. Eu preciso desligar agora. Eles estão entrando em contato comigo por esse número.”
“Como assim ainda estão negociando?”
Ela desligou. Liguei de novo.
“Sandra?” minha voz mais irritada.
“Derick, através desse telefone estou cuidando do que é preciso para ter a Yasmin de volta. Não atrapalhe.” Disse secamente e desligou.
Uma onda de raiva me atingiu. De forma alguma eu ficaria de braços cruzados. Não podia ajudar ocupando a linha, mas certamente eu ajudaria pessoalmente. Voltaria para Primavera. Ninguém me impediria.
Sabia que não adiantaria conversar com a Direção do colégio. Falar com os meus pais também não, eles não concordariam com isso. Então fiz do meu jeito. Peguei o carro da Yasmin e parti para a Primavera sem avisar a ninguém. Era estúpido, mas eu não queria correr o risco de ser impedido.
Ligando o motor do carro fui levado a uma lembrança.

“Por que você tem um carro por tanto tempo se ainda não pode dirigir?”
O olhar da Yasmin se encheu de ternura. Percebi que era uma lembrança especial antes mesmo que ela começasse a falar. “Estava com o meu pai quando vi esse carro. Ele ia comprar um novo automóvel e me levou com ele. Tinha uns treze anos quando me deparei pela primeira vez com um carro rosa na vida. Fiquei encantada. Não soube que meu pai tinha percebido a minha fascinação pelo carro até que na semana seguinte me levou até a garagem e me mostrou essa maravilha pink.” Seu sorriso se alargou. “Meu pai não é nada do tipo de fazer coisas ilícitas, mas... Bem, ele me que me ensinou a dirigir. Só quando teve certeza de que eu podia sair com o carro sem bater em nenhum poste é que ele me deu as chaves. Nunca fiquei tão feliz. Mas ele me disse para não dar mais do que umas voltinhas em Primavera...”
“Acho que você não deu muito crédito a esse conselho...”
Ela gargalhou. “Realmente não, mas me contive bastante. Se ele não tivesse dito isso, eu provavelmente teria saído feito louca pelas cidades a fora.”
Olhei duvidoso.
“Ah! Não acredita em mim?”
“Dificilmente conseguiria te imaginar assim.”
“Então isso é um desafio e eu não recuso um, Derick Campos. Entre nesse carro. Você nunca mais vai duvidar de mim. Já eu duvido você ter coragem de ir comigo nessa viagem.”

6 comentários:

  1. Aiaiai, Derick... Agir impulsivamente raramente dá certo... Quanto a Sandra, prefiro não fazer pré julgamentos... Eu não tô gostando da Min sequestrada! =(

    Bjks

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  2. Coração na mão com tanta confusão!
    bjosmil! *.*

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  3. Aiiiiin, tô aflita e quero bater na Sandra e em você!
    Espero que tudo se acerte e a Yasmin volte logo e bem.
    Beijo, Xuh!

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  4. Também não estou gostando da Min sequestrada e espero que tudo se resolva...
    Essa Sandra...sem comentarios u.u

    Beijos

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  5. .aa.
    Eu odeio ficar sem notícias!! E que espécie de negociaçao é essa? O que pode ser mais importante do que ter a filha de volta VIVA?! Eu entendo o ato desatinado do Derick... Tb sou adepta do "agir por impulso" hehehe
    Suh, sua peste!! Vê se solta a Min logo!!! .aa.

    Beijos

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  6. Ele está desesperado, Pah. =/
    E não pra menos...
    -
    Mita, está tudo uma loucura, né!
    =*
    -
    Sempre com essa violência, Dindi.
    Depois reclama da Mari... *lala
    -
    Eu estou odiando, Vih. çç'
    -
    Falam mais sobre isso nas próximas atuhs, Lu.
    Eu soltar? Paga o resgate dela. =P
    =*

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