segunda-feira, 13 de junho de 2011

27- Sthendal uma vez escreveu...

“O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício”
“Só sobre mim?”
“É...” ela disse quase se arrependendo, eu podia perceber pelo tom cada vez mais rosado das maças de seu rosto. “Escrevi todos os dias e só sobre você.”
Vi um brilho escorrendo de seus olhos. Toquei a sua face, para tirar a sua lágrima, e senti o calor nas pontas dos meus dedos formando um frio no meu estômago. Yasmin voltou seus olhos para mim. “Não queria ter perdido todas essas lembranças, Derick. Eu sinto como se te conhecesse tão bem, mesmo antes de encontrar esse diário. Mas por mais que eu me force a lembrar de qualquer coisa que tenhamos vividos juntos eu simplesmente não consigo.” Suas lágrimas começaram a descer com mais velocidade.
“Não, não chore, por favor...” Puxei a Yasmin a envolvendo com os meus braços. Ela encaixava tão bem como sempre. “Ninguém mais do que eu lamenta por isso... Foram os melhores dias de nossas vidas. Mas eu não esqueceria um momento desses sequer, Yasmin. E se você quiser, eu posso contar todos eles pra você tantas e tantas vezes até que você sinta que viveu todos eles. E mais do que isso, se você me der a chance de viver com você novos momentos, farei deles lembranças ainda melhores. Eu te amo tanto...” Sussurrei em seu ouvido, mas no minuto em que ela tremeu se afastando dos meus braços eu me arrependi.
Ultrapassei os limites.
“Como você pode me amar tanto assim? Ainda mais agora, depois de tudo o que aconteceu...”
“Como eu não poderia?”
“Desculpa...”
“Te desculpar pelo quê?”
“Por não poder retribuir os seus sentimentos...”
“Não se desculpe por isso...”


Estávamos todos reunidos na sala da casa da Sally em Primavera. Passamos o dia todo vendo filme e Yasmin passou o dia todo com a mente longe. Suspiros e olhares tristonhos, ela mal se continha, mas acho que fui o único a notar. A sessão de filmes poderia ser facilmente culpada pela tristeza da Yasmin, mas eu a conhecia o suficiente para saber que o motivo era qualquer outro. 
Desde o acidente a Yasmin estava sempre sorrindo... O que mudou?
Ela foi até a cozinha e eu fui atrás.“Não está se sentindo bem, Yasmin?” 
Ela me olhou decidindo entre me dizer a verdade ou apenas confirmar a minha teoria e encerrar a conversa.
“Tem tanta coisa que vivi e não me lembro... Acho que esperam que eu reaja ao que me contam como agi quando passei pela situação, mas... saber o que aconteceu não faz com que eu me sinta da mesma forma que me senti antes. Na verdade, nem sei como me senti antes. Eu imagino, por tudo que vocês me falam, mas ainda assim... Sinto como se vocês me contassem histórias sobre a vida de outra pessoa que não eu. É tão estranho...”
“Você só deve agir como você quer, Yasmin. Não queremos te forçar a nada... Se você está assim por causa do que vivemos juntos...”
Ela me interrompeu. “Não é isso, Derick. Sinto falta da Raquel e do André.”
“Ah...”
“Eu mal consigo me lembrar de namorá-lo. Muito menos da Raquel e ele juntos.” Suspirou. “Sempre gostei muito deles dois, amigos desde sempre. Os melhores. Quando soube o que fizeram fiquei triste, mas não magoada de verdade. Imagino como me senti quando soube pela primeira vez, mas só. Tudo o que sinto agora é uma saudade enorme deles dois. Sei que os nossos pais nos aproximaram porque a nossa amizade teria valor para os negócios deles no futuro, mas nós não éramos amigos por isso. Nossa amizade era de verdade. Por que eles não vieram me ver depois do acidente? As coisas mudaram tanto assim?”
“Não acho que eles viriam, Yasmin...”
“Vocês não me disseram que o André me procurou pouco tempo antes do acidente? Na carta eu falo sobre isso. Por que ele não veio agora? E por que a Raquel parou de tentar?”
“André veio porque a sua mãe o chamou. Não sei se ele teria vindo se não fosse por isso, Yasmin. Ele também tem muitas atividades na escola.”
“Isso não foi desculpa antes, quando ele passou uma semana aqui sendo ignorado por mim.”
“Ele sabe que você passou por muita coisa, talvez apenas queira te dar espaço.”
“Eu não quero espaço dos meus amigos...”
“Vocês não eram mais amigos, Yasmin...”
“Isso é o que eu mais odeio.”
“Porque você não liga pra eles? Fala pra eles isso.”
“Tenho medo de descobrir que as coisas realmente mudaram tanto.”
“Eles não sabem que você sente falta deles. Acho que vão gostar de saber.”
Eu queria impedi-la. Queria que ela se sentisse com relação a eles da mesma forma que ela se sentia antes do acidente. Na verdade, eu queria que ela sentisse por mim o mesmo que antes... Mas o que eu podia fazer que já não estivesse fazendo? 
Ela ligou para o André e para a Raquel. E claro que eles ficaram surpresos e contentes. Eu só consegui sentir um ciúme que nunca senti antes, porque dessa vez eu sabia que o coração da Yasmin não me pertencia. Eu a perderia de vez?
Eles combinaram de sair juntos no outro final de semana. Yasmin me convidou, mas achei que deveria deixá-los sozinhos. 
Lembrei do sonho que tive ainda no hospital, das suas palavras.
“Você acredita que exista um propósito pra todas as coisas, Derick?”
Pensei por um instante.
“Acho que é melhor pensar assim...”
“Queria entender o propósito de algumas delas.”
Porque agora eu me fazia a mesma pergunta. 
Tinha sido apenas esse o meu papel na vida da Yasmin? Tinha sido apenas esse o papel dela na minha vida? E que papel seria esse? Amor e felicidade por alguns meses e fim?
Mas ela estava tão radiante de felicidade mesmo agora. A infelicidade ficou apenas comigo, juntamente com todo o amor. Porque eu sentia que tinha passado a amá-la ainda mais. Que sentido havia nisso tudo? Que propósito? Talvez apenas não houvesse algum.
Culpar a vida, o universo, qualquer força maior não levava a nada. As coisas eram como eram.
Só que por mais que fosse doloroso encarar os fatos e ver o meu amor seguindo para caminhos distantes de mim, eu continuaria ali... com aquela esperança tão ridiculamente pequena, fazendo tudo o que pudesse para que ela fosse feliz. A única coisa que eu realmente desejava àquela altura era que eu ainda pudesse fazê-la feliz.




Nota: Capítulo 25, capítulo 26 e esse são acontecimentos anteriores ao capítulo 24. Caso fique dúvida.

6 comentários:

  1. *procurando um taco de beisibol pra bater na Yasmim* Não temos mais tempo a perder. Se não a encontrar eu vou procurar vc mesmo Suellen u.u'
    Depois do cara ter sido tão amoroso e falado aquilo tudo ela vem jogar na cara dele q sente saudades dos traidores? Alem d amnésia ela pirou de vez FATAÇO!

    Um tapão pra vc *-*

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  2. Algo me dizia que ela não iria querer continuar com ele... Aff! ¬¬

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  3. Não gosto nem de me imaginar nessa situação. Nem na dele, muito menos na dela. Que angústia, meldels! E ainda sem esperanças da memória voltar? Afff... Espero que André e Raquel desta vez deem mais valor... FATO!

    Bjks.

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  4. Aff ela foi esquecer logo do Derick e lembra da Raquel e Andre ¬¬
    Mas ainda tenho esperanças dela gostar do Derick de novo...

    Beijos

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  5. Como já te falei por sms, não sei o que comentar e nem conseguiria, porque meu coração tá na mão de tanta dó e aflição pelo Derick... ><
    Beijo.

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  6. Deh, Mita, Pah, Vih e Dindi...
    Isso da traição do André e da Raquel foi algo que realmente perseguia os pensamentos da Yasmin. Ela é uma pessoa de opinião e é fiel aos seus sentimentos sempre muito profundos, o que só fez todo essa caso muito mais triste. Essa segunda chance é um milagre e também espero que os dois "amigos" saibam dar valor a essa amizade dessa vez.
    Quanto a Yasmin e o Derick, o meu coração fica na mão também.

    O próximo capítulo encerra essa temporada. Segunda-feira (20/06) já posto o primeiro capítulo de SOS 5.

    Muito obrigada, meninas! =*

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