quarta-feira, 8 de junho de 2011

25- Oscar Wilde uma vez escreveu...

“A verdade jamais é pura e raramente é simples.”
Dinheiro e poder fazem diferença na hora de resolver casos como o sequestro da Yasmin. Foi tudo resolvido na mesma semana. Yasmin ainda estava no hospital quando a notícia chegou.
A senhora que apareceu na pracinha no dia lamentável não era apenas uma velhinha dando um passeio, o que eu deixei de acreditar que fosse no momento em que ela tentou fugir com o envelope pardo na mão.
Uma família - dona de quase toda uma cidade, conhecida por todo o mundo- tão bem sucedida nos negócios não teria chegado tão longe sem deixar um mar de inimigos pelo caminho. O que os Campbell nunca imaginaram era que o dia de acerto de contas chegaria da forma como chegou.
A família Cunha que um dia tinha estado a poucos passos de se tornar tão grande como a Campbell apostou grande nesse sonho. Mas com a pressa, sem os recursos necessários para conseguir isso no tempo que achavam devido, se enrolaram em dívidas – uma atrás da outra. E de um dia para o outro viram toda uma vida trabalhada por gerações ir para as mãos dos Campbell. Eles imploraram por misericórdia, por mais tempo, ajuda... qualquer coisa, menos perder tudo. O mundo dos negócios não sobrevive de misericórdia, como eles já deveriam saber. 
A filha mais nova do casal tinha a saúde muito fraca e dependia de remédios caríssimos. Como consegui-los se ainda estavam lutando para ter o básico para sobreviver? Nesse momento os “amigos” faltaram... A menina ainda resistiu por mais tempo do que imaginaram.
A esposa teria enlouquecido se a depressão não a tivesse guiado até um pulo para os braços da morte logo após perder a filha.
Em tempos assim, às vezes, precisamos culpar alguém ou algo e não a nós mesmos... quem sabe o que a verdade não faria... O senhor Cunha preferiu esse caminho desesperado... o que nunca poderia terminar bem, mas isso ele já sabia. 
Com a mãe de sua falecida esposa e seus dois filhos, eles só precisavam de um plano para retribuírem aos Campbell por ter desencadeado toda a tragédia em suas vidas.
Eles nunca pensaram que realmente teriam todo o patrimônio dos Campbell, mas não era isso que queriam de verdade. E, talvez, se todos eles estivessem apenas seguido o plano teriam tido sucesso, mas o final fala por si.
A senhora deveria apenas ter passado o celular para que a Sandra falasse com o senhor Cunha que a assustaria um pouco mais. Depois a senhora apertaria o botão, de um dispositivo que carregava, e explodiria um trailer perto deles... Dizendo que a Yasmin estava dentro. Só terror. Mas quando a senhora viu a oportunidade de pegar o envelope e fugir não foi capaz de se conter. Dois policiais apareceram e já era tarde demais. Explodiu o trailer, mas não conseguiu se livrar da policia. 
Os sequestradores estavam perto de onde tudo acontecia e temeram. Não estavam esperando que a Sandra pudesse colocar a própria filha em tanto risco levando a polícia. Então largaram a Yasmin em qualquer lugar e fugiram. 
Serem achados pela polícia foi apenas questão de tempo.
Mas o que me deixou realmente sem palavras foi descobrir que o envelope pardo - que deveria ter documentos assinados pela Sandra para dar o que os sequestradores pediram em troca da Yasmin – estava com folhas em branco. Aquela troca já estava fadada ao fracasso desde o princípio. Sandra disse que não era necessário já que a polícia levaria os sequestradores. Mas ainda assim...
Lembro do médico dizendo que era um milagre eu estar vivo, mas milagre mesmo era a Yasmin estar.
Yasmin preferiu voltar para a sua casa em Primavera com sua mãe depois que saiu do hospital. Os médicos falaram que seria bom que ela fosse para lá, já que foi lá onde passou a sua infância e eram essas as memórias que tinha. 
Lá ela precisou ter aulas particulares em casa. E eu ainda preso em Almerim precisei de forças para não largar tudo e ir até a Yasmin. Todo o final de semana eu ia para Primavera e passava o tempo com a minha princesa.
Em uma dessas vezes tive a oportunidade de conversar com a Sandra. Ela parecia outra pessoa. Se a morte de seu marido e o sequestro de sua filha não foram capazes de tirar o pouco caso dos ombros da Sandra, ver as consequências disso tudo conseguiu. Ela ainda ficava perdida em como se comportar, como agir. Mas me deixava menos preocupado saber que ela estava se esforçando para cuidar da Yasmin com... amor.
Foi quando perguntei a Sandra. “O que você fez com a Yasmin para que ela te odiasse tanto?” Além do fato de você ter agido como se não tivesse um coração.
Ela me levou até o porão e me mostrou um quartinho medonho e pequeno. “O que é isso?”
“Yasmin sempre foi cheia de vontades. Era difícil fazê-la me obedecer apenas com ordens. Então eu fiz esse quartinho... Sempre que ela me desobedecia eu a trancava aí dentro. Ela ficava no escuro, com fome, com sede, sem o menor conforto... até que me implorasse para sair prometendo me obedecer. E assim ela foi crescendo até que nos primeiros anos da adolescência que é quando os pais mais reclamam de seus filhos eu não tinha nada para reclamar da Yasmin. Eu decidia tudo por ela e ela cumpria as minhas vontades sem reclamar.”
Eu observava o quartinho em que a Yasmin ficava, imaginando o tipo de terror que ela passou lá dentro. Que mãe faria isso?
“Tiveram vezes em que fui chamada à escola, porque a Yasmin tinha desmaiado. Fraqueza. Muito tempo sem comer apenas porque eu tinha dito a ela que ela precisava emagrecer. Ela me obedecia sem limites e eu achava que estava fazendo o melhor para o futuro dela fazendo as suas escolhas... No ensino médio tudo mudou. Ela me desobedecia, me enfrentava. Eu insistia e ameaçava, mas era inútil. Não tinha mais forças para trancá-la no quartinho e ela sabia disso. No meio do ano passado ela saiu de casa.”
“O pai dela não sabia o que você fazia? Ninguém via isso? Ninguém fazia nada?”
“Vítor sempre foi completamente apaixonado por mim, Derick. Acha que ele teria acreditado? Talvez ele suspeitasse em algum momento, mas tratou de afastar esses pensamentos.”
“Como você...”
“Eu sei, Derick. Eu... lamento tanto. Mas agora eu vejo tudo isso e tenho uma nova chance de não perder a minha filha novamente. Nunca mais vou fazer isso com ela... Não precisa se preocupara, Derick.”
“É claro que me preocupo, Sandra. Não faz sentido. Você precisa se tratar.”
“Tenho tido consultas regulares com o mesmo psiquiatra da Yasmin.”
“Se eu souber que você...” Ameacei.
“Se a Yasmin já não tivesse passado por tanto...” Lamentei.
“A única coisa que ela deveria ter esquecido era você, Sandra.”





Nota: Esse capítulo, o 26 e o 27 são acontecimentos anteriores ao capítulo 24. Caso fique dúvida.

6 comentários:

  1. Descobrimos os motivos para a Yasmin odiar tanto a Sandra (pelo menos um mistério esclarecido!). Triste quando uma mulher despreparada tem um filho e as atrocidades que comete sem juízo.

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  2. Como pode alguém fazer isso com a própria filha? Oo
    Ao menos ela reconheceu o erro e está se tratando, mas e a memória, quando a Min vai recuperar? :/
    Beijo, Suuuuh!

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  3. Cara Sem comentários pra Sandra sem noção, mas vai me desculpar, pai omisso também viu! Então ele só vê o que quer... Fácil criar assim...

    Meu é tanta tragédia que não sei de quem sentir mais pena =/

    Só não tenho pena do cabeção da Suh depois do escalpo que ela vai sofrer... lixa*

    Bjks!

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  4. Que maldade dessa Sandra aff
    Deviam trancar é ela no quartinho...
    Queria saber como esta a Min...

    Beijos

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  5. Essa familia Cunha... acho q tem parentes soltos por ai... toma cuidado Suh... kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Em resumo essa Sandra é uma.... #$%&*¨#%@$% *%#$*¨#%¨ e uma @$&$#$%$ u.u'

    Bora todo mundo se juntar e bater na Suh!!! .we.



    Bjo doida ;*

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  6. É, Mita, Yasmin teve bons motivos para tanto rancor da mãe. =/
    -
    Também me pergunto, Dindi. çç'
    =*
    -
    Pah, Yasmin não deu sorte com os dois pais, mas enquanto a Sandra não dava carinho pra filha, o Vítor era mais carinhoso... Por isso a Yasmin nunca guardou mágoa do pai.
    Não dê ideias.
    =*
    -
    No coments, né, Vih.
    Vai saber já já. =*
    -
    kkkkkkkkkkkkkk, Cruz, Deh!
    Não. uu'
    =* Bruxa

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