sexta-feira, 3 de junho de 2011

23- Elias Canetti uma vez escreveu...

“Tudo aquilo que esquecemos pede ajuda em sonhos.”
Assim que acordei vi uma das enfermeiras, que apareceram antes com o doutor, ajeitando o lençol que me cobria.
“Que bom que você acordou, Derick.”
“Você tem alguma notícia sobre a Yasmin Campbell?” foram as minhas primeiras palavras depois do sonho que tive. O gosto doce de seus lábios ainda parecia real na minha boca.
“Você já acorda agitado... Não tenho nenhuma novidade, Derick.”
“Ela está bem?”
“Vai ficar...”
“Ela está mesmo aqui? Neste hospital?”
“Ela está sim, Derick. No andar de cima, quarto 4. Temos médicos muito bons cuidando dela. Você não precisa ficar tão ansioso.”
“E a minha família; ainda estão aqui?”
“Não. O horário de visitas já foi encerrado. Mas a sua mãe ficou. Ela só te deixou um minuto para ir comer. Você também precisa se alimentar. Vou buscar alguma coisa pra você e já volto.”
Andar de cima, quarto 4. Ninguém por perto. Era tudo o que eu precisava saber.
Puxei a agulha do meu braço que me ligava ao soro. Precisei de mais tempo do que quis sentado tentando me equilibrar. O primeiro passo me avisou que eu não deveria ter me levantado. Pensei que a medicação fizesse toda a dor ir embora.
Foi mais fácil do que pensei chegar até o seu quarto. Não precisei me esconder de ninguém. Eram tantos fios e aparelhos. Seu rosto era a única parte de seu corpo que pude ver e estava inchado e muito machucado. Minha Yasmin... O que fizeram com ela?
Desviei o olhar e senti as lágrimas descendo.
Ouvi um gemido abafado. Voltei a olhar para ela. Seus olhos estavam abertos.
“Yasmin, meu amor...” toquei seu rosto, mas ela se encolheu.
“Desculpa... Você deve estar sentindo dores.”
Ouvi passos no corredor.
“Não posso ficar aqui por mais tempo, amor. Só precisava te ver. Como esperei por esse momento...”
“Quem é você?”
A porta se abriu.
“Derick, amor... Você ainda deve estar sonolenta.”
“Ei! O que você está fazendo aqui?!” não me virei para ver quem iria me tirar de perto do meu amor.
“Que lugar é esse?” Yasmin perguntava com dificuldade, confusa.
Mãos me alcançaram.
“Você está no hospital, meu amor. Vai ficar tudo bem.”
Cada vez mais distante da Yasmin. A mulher continuava dizendo alguma coisa. Qualquer coisa que eu nunca poderia ouvir já que a minha atenção estava toda concentrada na Yasmin.
Quando eu poderia abraçá-la novamente?
Eu tinha a leve consciência de que a mulher que me tirou do quarto continuou falando por todo o caminho e enquanto me colocava de volta na cama. Minha mãe também me disse alguma coisa. Lembro do homem alto parado do lado de fora do quarto. Mas tudo em que conseguia pensar voltava e voltava para a Yasmin. Eu queria poder dormir e acordar só quando pudesse estar com ela novamente. Qualquer coisa que fizesse as horas pularem mais rapidamente.
Nenhum sonho. Nenhuma lembrança. Ela foi o meu último pensamento antes de dormir e o primeiro a acordar, como sempre, mas dessa vez isso me trouxe uma felicidade diferente.
Minha mãe já estava acordada ao lado da minha cama. A expressão em seu rosto era profunda, aflita.
“Bom dia, filho.”
“Bom dia, mãe. Em quanto tempo vamos poder sair daqui?”
“Já estão prontos para te darem alta, só querem fazer mais uns exames para terem certeza de que não estão deixando nada para trás. Você dormiu bastante, fiquei preocupada, mas eles disseram que não tem nada de incomum por tudo o que você passou.”
“E a Yasmin?”
Ela tentou disfarçar o quanto a pergunta a deixou tensa.
“O que tem ela?”
“Ela também só precisa de mais exames? Acho que ela pode repousar lá em casa, né?”
“Filho...”
“Não acho que seria bom ela ir pra casa dela ainda, mãe. Tenho certeza de que ela prefere ir lá pra casa.”
“Não é isso, filho.”
“O que, então? A Sandra? Ela não vai se opor a isso...”
“Não sei como te dizer...”
“Alguma coisa aconteceu com a Sandra? Não a vi no quarto com a Yasmin.”
“Ela estava comigo naquela hora. Sandra está bem.” Não pareceu que estivesse mesmo bem, mas não era isso que preocupava a minha mãe.
“Então não entendo... O que foi, mãe?”
“É sobre a Yasmin.”
O que tinha a Yasmin? Não consegui fazer minha voz sair.
Minha mãe inalou ar profundamente. “Ela foi encontrada num beco perto do trailer que explodiu. Estava inconsciente e muito machucada... Quando você foi ver a Yasmin naquele dia...”
“Naquele dia? Não foi ontem?!”
“Você esteve dormindo por três dias, filho. Às vezes, você abria os olhos e dizia alguma coisa, mas logo voltava a dormir.”
“Não me lembro.”
Ela passou a mão pelo meu rosto. “E sobre a Yasmin...”
“Ela não conseguia sequer se lembrar de seu próprio nome, mas os médicos disseram que isso poderia acontecer já que...” ela deu uma pausa procurando uma palavra, “Ela veio muito ferida, filho. Mas isso é, na maioria das vezes, temporário. Não deveria passar de vinte e quatro horas. Só que não passou. Ela consegue se lembrar de sua infância, vagamente, mas é tudo.”
“Eles sabem quanto tempo vai levar até que ela se recorde de tudo novamente?”
“Filho... Ainda estão fazendo testes e exames para descobrir a extensão da amnésia. Mas nos exames já feitos e com o conhecimento que eles têm no assunto... não acham que ela consiga recuperar a memória.”
“Mas ainda não têm certeza. E também a Yasmin pode ser um caso especial... Ela não...”

7 comentários:

  1. Dessa vez vou deixar vc escolher seu coment preferido:

    a) NO COMENT
    b) VSF
    c) Ei, Suh, vai tomar na rima keke
    d) Todas as anteriores

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  2. Só não faço vc perder a memória pq quero ler as 6 temporadas dona Suellen...
    Eu ri na alternativa c kkkkkkkkkkkkkkk

    Agora vou ficar esperando pra ver como isso vai ficar. Bjoo doida

    ;*

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  3. Coitado do Derick... Nem tenho mais palavras,já que a Yasmin não lembra de nada mesmo!

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  4. Poxa ela perdeu a memoria =\
    Espero que ela se recupere...

    Beijos

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  5. Pelo menos algumas explicações e a reaparição da Min, né, dona Suellen?
    Mas espero que ela recupere logo a memória, ou então você perderá a sua com tantos tapões que eu, a gê e a Lu daremos no seu cabeção. *-*
    Beijo, bruXuh!

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  6. Lu, conseguiu seguidoras pros seus planos, eheim? ¬¬'
    -
    Deh, então pega pra você o conselho da Lu na opção c. uu'
    -
    O capítulo vinte e cinco vai esclarecer toda essa confusão do sequestro, Mita.
    -
    Vih. õ/\õ
    -
    Agora mais e mais respostas, Dindi.
    Não garanto nada. .-.
    =*

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