tag:blogger.com,1999:blog-9845334787031171312024-03-13T07:56:38.806-03:00SOS Amor! - Colegial IVSuh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.comBlogger29125tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-51843663014734997572011-06-15T09:28:00.000-03:002011-06-15T09:28:35.053-03:0028- Charlie Chaplin uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito.”</i></div>Minhas malas já estavam feitas em casa. Iria morar sozinho em Primavera. Encontrar algum trabalho por lá. Ficar perto da Yasmin.<br />
Encarei mais uma vez a carta na minha mão, na Casa Secreta. Levantei os olhos para o céu e lá estavam as estrelas me arrancando um suspiro profundo. Despedir-me daquele lugar era tudo o que eu não queria ter que fazer tão logo, mas ficar longe da Yasmin eu queria muito menos.<br />
Ela se manteve sendo apenas minha amiga, quando mais precisei e quando tudo o que ela queria era ser muito mais do que apenas a minha amiga. Eu podia fazer o mesmo por ela. Já tinha decidido.<br />
Meus pais não estavam satisfeitos, mas eles sempre gostaram de nos deixar com bastante liberdade para fazer nossas escolhas. Eles eram os melhores.<br />
Fechei os olhos. O aroma da noite e o som das folhas sendo levadas pelo vento cativaram a minha atenção por pouco tempo.<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Cinco filhos.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tudo isso?” perguntei em meio a risos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Claro. Quero a casa sempre cheia. Imagina só todos eles lorinhos com esses seus olhos lindos! Dá vontade de ter até mais.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Prefiro que tenham os seus olhos e o seu jeitinho.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Seu sorriso aumentou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“E onde a gente vai morar? Com tantas crianças não podemos morar em qualquer lugar.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Aqui. Em Primavera. Em outro país. Onde você quiser, amor.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Então a gente pode fazer que nem a sua família e ter uma casa em todo lugar!”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu só ainda não sei o que fazer da vida... Com essa família enorme vou precisar de um emprego muito bom.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Até lá você vai encontrar alguma coisa que goste, bebê, tenho certeza.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu já me sinto tão feliz e ainda falta tanto pra tudo isso acontecer...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela salpicou beijinhos estalados pelo meu rosto. Depois me encarou, deitada por cima de mim. Perdi o fôlego com aquela imagem, a noite mais linda de todas tinha se tornado a moldura do sorriso do meu amor.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você é mesmo de verdade? Ainda acho que se eu fechar os olhos por tempo demais você vai desaparecer.” Ela disse fazendo carinho na minha cabeça.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu não vou pra lugar nenhum sem você.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Que bom, porque eu não quero ter que descobrir o que faria sem você.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Puxei-a e beijei seus lábios. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Naquele tempo achei que fosse ser impossível amá-la ainda mais. Como também acreditei que nossos sonhos não se tornariam algo tão improvável.</span><br />
Abri meus olhos e me arrependi assim que o fiz. O vazio se tornou óbvio demais. Fechei meus olhos mais uma vez, prolongando o quanto pudesse aquela despedida.<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Já tem um milhão de chamadas não atendidas no meu celular da galera, Deri. Eles vão surtar se não formos logo pro Narciso’s.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não, não... Ainda não. Vem cá. Eles esperam.” Rolamos pelo chão aos beijos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Meu Deus, Derick! Como vamos nos encontrar com eles nesse estado?” ela disse entre beijos. Ela tinha folhas secas por todo cabelo. Riamos como dois bobos.</span><br />
Eu não podia mais continuar com aquilo. Levantei do chão. Já estava ficando muito tarde e eu não queria chegar de madrugada em Primavera.<br />
Fui para o mesmo lugar onde tínhamos nos encontrado pela primeira vez ali. Olhei para as paredes velhas sem saber quando as veria novamente.<br />
“Oi...”<br />
Estremeci. Exatamente como na primeira vez. O som de sua voz foi tão real.<br />
Virei para finalmente partir. Não era possível. Ela estava ali mesmo, na minha frente. Tão linda como sempre. “Yasmin...”<br />
“Minha mãe precisa cuidar dos negócios da família agora e vai ficar ocupada demais pra mim. Minhas aulas só recomeçam ano que vem. Meus amigos estão todos aqui. Então eu vim.”<br />
“Mas como você me achou aqui?”<br />
Ela se aproximou de mim, sorridente. “Algo incrível aconteceu, Derick. Quando eu cheguei na minha casa aqui e abri a porta eu te vi.”<br />
“Me viu?”<br />
“Isso. Eu também fiquei surpresa. Você falava sobre um ensaio da banda. Depois você sumiu e apareceu de novo. Várias vezes. Tão rápido. Eram lembranças. Lembranças tão confusas e pedaços tão pequenos... Saí de casa um pouco assustada. E vim parar aqui. Vi você lá de baixo, cheguei a pensar que era alguma outra lembrança. Foi tudo tão real... Mesmo que também tudo rápido. Como as memórias que descrevo no meu diário.”<br />
Ela lembrou de alguma coisa. As lágrimas que lutei contra durante toda a noite já estavam descendo pelo meu rosto.<br />
Ela se aproximou mais... mais... e mais. Passou uma mão pelo meu cabelo. Aquilo estava mesmo acontecendo? Se eu acordasse a qualquer momento iria odiar a minha imaginação maldosa.<br />
“Você é mesmo a melhor pessoa que já conheci e duvido muito que possa existir alguém mais bondoso que você. Quando eu li sobre a primeira vez que te vi aqui em Almerim eu entendi perfeitamente o que senti naquele dia. Porque quando eu estava no hospital e te vi novamente pela primeira vez foi a mesma coisa. Eu não precisei desses fragmentos cruéis de tão curtos da minha memória para saber o que sinto por você. Eles só me fizeram ver que eu não tenho motivo algum para fugir disso. Cheguei a conclusão que eu poderia me esquecer de você mil vezes e me apaixonar por você novamente toda vez. Eu acho até que...”<br />
“O quê?”<br />
“Você pode achar precipitado, mas... Eu penso em você quando você não está lá. Fico me perguntando como você está. Esperando que você não esteja com a mesma tristeza que sinto. Tem sido difícil pra mim. Esses pensamentos me alcançam sem eu esperar. E quando você aparece, eu sinto uma paz tão grande. Uma felicidade sem tamanho. Um sorriso que não sai da minha boca, mas quando você vai embora ele vai junto com você. E ainda assim nada disso se compara ao que escrevi que sentia sobre você. Não chega nem perto do que você diz sentir por mim. Se eu disser que te amo, sinto como se estivesse fazendo pouco de tudo o que tivemos. Mas eu sinto essa vontade tão grande de te dizer isso. E agora eu sinto que posso morrer se não te disser, como também sinto que vou morrer logo depois que falar.”<br />
“Você acabou de dizer, Yasmin...” acariciei seu rosto.<br />
“Eu te amo, Derick.”<br />
“Também te amo, Yasmin.” Pela primeira vez o <i>também</i> foi dito por mim e não por ela.<br />
Beijamo-nos. Não, eu não estava sonhando... Mesmo que uma parte de mim acredite que até hoje não fui capaz de acordar desse sonho.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">*Próxima temporada: <a href="http://sosamorcolegial5.blogspot.com/">http://sosamorcolegial5.blogspot.com/</a></div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-39763675843505424182011-06-13T09:35:00.000-03:002011-06-13T09:35:47.591-03:0027- Sthendal uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício”</i></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Só sobre mim?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“É...” ela disse quase se arrependendo, eu podia perceber pelo tom cada vez mais rosado das maças de seu rosto. “Escrevi todos os dias e só sobre você.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Vi um brilho escorrendo de seus olhos. Toquei a sua face, para tirar a sua lágrima, e senti o calor nas pontas dos meus dedos formando um frio no meu estômago. Yasmin voltou seus olhos para mim. “Não queria ter perdido todas essas lembranças, Derick. Eu sinto como se te conhecesse tão bem, mesmo antes de encontrar esse diário. Mas por mais que eu me force a lembrar de qualquer coisa que tenhamos vividos juntos eu simplesmente não consigo.” Suas lágrimas começaram a descer com mais velocidade.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não, não chore, por favor...” Puxei a Yasmin a envolvendo com os meus braços. Ela encaixava tão bem como sempre. “Ninguém mais do que eu lamenta por isso... Foram os melhores dias de nossas vidas. Mas eu não esqueceria um momento desses sequer, Yasmin. E se você quiser, eu posso contar todos eles pra você tantas e tantas vezes até que você sinta que viveu todos eles. E mais do que isso, se você me der a chance de viver com você novos momentos, farei deles lembranças ainda melhores. Eu te amo tanto...” Sussurrei em seu ouvido, mas no minuto em que ela tremeu se afastando dos meus braços eu me arrependi.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ultrapassei os limites.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Como você pode me amar tanto assim? Ainda mais agora, depois de tudo o que aconteceu...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Como eu não poderia?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Desculpa...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Te desculpar pelo quê?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Por não poder retribuir os seus sentimentos...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não se desculpe por isso...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Estávamos todos reunidos na sala da casa da Sally em Primavera. Passamos o dia todo vendo filme e Yasmin passou o dia todo com a mente longe. Suspiros e olhares tristonhos, ela mal se continha, mas acho que fui o único a notar. A sessão de filmes poderia ser facilmente culpada pela tristeza da Yasmin, mas eu a conhecia o suficiente para saber que o motivo era qualquer outro. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Desde o acidente a Yasmin estava sempre sorrindo... O que mudou?</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela foi até a cozinha e eu fui atrás.“Não está se sentindo bem, Yasmin?” </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela me olhou decidindo entre me dizer a verdade ou apenas confirmar a minha teoria e encerrar a conversa.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tem tanta coisa que vivi e não me lembro... Acho que esperam que eu reaja ao que me contam como agi quando passei pela situação, mas... saber o que aconteceu não faz com que eu me sinta da mesma forma que me senti antes. Na verdade, nem sei como me senti antes. Eu imagino, por tudo que vocês me falam, mas ainda assim... Sinto como se vocês me contassem histórias sobre a vida de outra pessoa que não eu. É tão estranho...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você só deve agir como você quer, Yasmin. Não queremos te forçar a nada... Se você está assim por causa do que vivemos juntos...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela me interrompeu. “Não é isso, Derick. Sinto falta da Raquel e do André.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu mal consigo me lembrar de namorá-lo. Muito menos da Raquel e ele juntos.” Suspirou. “Sempre gostei muito deles dois, amigos desde sempre. Os melhores. Quando soube o que fizeram fiquei triste, mas não magoada de verdade. Imagino como me senti quando soube pela primeira vez, mas só. Tudo o que sinto agora é uma saudade enorme deles dois. Sei que os nossos pais nos aproximaram porque a nossa amizade teria valor para os negócios deles no futuro, mas nós não éramos amigos por isso. Nossa amizade era de verdade. Por que eles não vieram me ver depois do acidente? As coisas mudaram tanto assim?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não acho que eles viriam, Yasmin...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Vocês não me disseram que o André me procurou pouco tempo antes do acidente? Na carta eu falo sobre isso. Por que ele não veio agora? E por que a Raquel parou de tentar?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“André veio porque a sua mãe o chamou. Não sei se ele teria vindo se não fosse por isso, Yasmin. Ele também tem muitas atividades na escola.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Isso não foi desculpa antes, quando ele passou uma semana aqui sendo ignorado por mim.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ele sabe que você passou por muita coisa, talvez apenas queira te dar espaço.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu não quero espaço dos meus amigos...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Vocês não eram mais amigos, Yasmin...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Isso é o que eu mais odeio.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Porque você não liga pra eles? Fala pra eles isso.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tenho medo de descobrir que as coisas realmente mudaram tanto.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eles não sabem que você sente falta deles. Acho que vão gostar de saber.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eu queria impedi-la. Queria que ela se sentisse com relação a eles da mesma forma que ela se sentia antes do acidente. Na verdade, eu queria que ela sentisse por mim o mesmo que antes... Mas o que eu podia fazer que já não estivesse fazendo? </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela ligou para o André e para a Raquel. E claro que eles ficaram surpresos e contentes. Eu só consegui sentir um ciúme que nunca senti antes, porque dessa vez eu sabia que o coração da Yasmin não me pertencia. Eu a perderia de vez?</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eles combinaram de sair juntos no outro final de semana. Yasmin me convidou, mas achei que deveria deixá-los sozinhos. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Lembrei do sonho que tive ainda no hospital, das suas palavras.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><i>“Você acredita que exista um propósito pra todas as coisas, Derick?”</i></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><i>Pensei por um instante.</i></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><i>“Acho que é melhor pensar assim...”</i></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><i>“Queria entender o propósito de algumas delas.”</i></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Porque agora eu me fazia a mesma pergunta. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Tinha sido apenas esse o meu papel na vida da Yasmin? Tinha sido apenas esse o papel dela na minha vida? E que papel seria esse? Amor e felicidade por alguns meses e fim?</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Mas ela estava tão radiante de felicidade mesmo agora. A infelicidade ficou apenas comigo, juntamente com todo o amor. Porque eu sentia que tinha passado a amá-la ainda mais. Que sentido havia nisso tudo? Que propósito? Talvez apenas não houvesse algum.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Culpar a vida, o universo, qualquer força maior não levava a nada. As coisas eram como eram.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Só que por mais que fosse doloroso encarar os fatos e ver o meu amor seguindo para caminhos distantes de mim, eu continuaria ali... com aquela esperança tão ridiculamente pequena, fazendo tudo o que pudesse para que ela fosse feliz. A única coisa que eu realmente desejava àquela altura era que eu ainda pudesse fazê-la feliz.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; border-collapse: collapse; color: #333333; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Nota: Capítulo 25, capítulo 26</span></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; border-collapse: collapse; color: #333333; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"> e esse são acontecimentos anteriores ao capítulo 24. Caso fique dúvida.</span></div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-68989996272895775952011-06-10T10:00:00.001-03:002011-06-10T10:02:07.082-03:0026- Guimarães Rosa uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.”</i></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Todo final de semana eu corria para Primavera junto com a minha família e amigos. Tive que aprender a dividir a Yasmin com todos eles. Mas eu já era grato por ela não estranhar a minha presença e permitir que eu ficasse por perto.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Era sempre doloroso olhar em seus olhos e encarar a verdade repetidas vezes: o que vivemos juntos só pertencia a mim. Eu não consegui um tempo a sós com ela e nem sabia se deveria ser grato por isso ou não. Ela estava viva e parecia feliz como nunca, talvez eu devesse apenas ficar feliz da mesma forma por ela. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Durante a semana eu recorria a Casa Secreta e fingia estar com a Yasmin ao meu lado. Revivia nossos momentos incansáveis vezes.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O ano já estava quase no fim... O aniversário da Yasmin chegou em novembro.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">No seu aniversário os Fallen Angels se apresentaram no ClubMix. Seria a primeira vez em que a Yasmin os ouviria tocar depois do acidente. Não sei como eles conseguiram ensaiar aquela música nova em tão pouco tempo, mas conseguiram. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Era a primeira vez desde muito tempo em que eu estava a sós com a Yasmin. Claro que uma multidão de pessoas nos cercavam no ClubMix, era quase um absurdo dizer “sozinhos”, mas os nossos amigos estavam uns no palco e outros longe de nossas vistas... Aquele tipo de sozinhos estava bom o suficiente.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Dessa vez nem mesmo a Talita com toda a sua voz incrível poderia me roubar aquele momento. Eu não conseguia desviar meus olhos da Yasmin. Ela parecia um pouco assustada com toda aquela gente circulando perto demais, mas no momento em que a Talita subiu no palco a sua expressão mudou. Fascinada, como todos que se acalmavam ao nosso redor. Ah, eu também estava fascinado, mas o meu motivo estava tão perto de mim que o seu perfume passeando por meus pulmões me trouxe uma dor no peito. E tudo o que eu poderia desejar na vida é que essa dor me perseguisse para sempre.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Talita puxou o microfone. “A primeira vez em que cantei para essa garota meus amigos aqui estavam ocupados demais com as mãos cheias de guloseimas, então como forma de compensá-la estamos todos juntos hoje para cantar para ela novamente pela primeira vez. Ela é mais do que merecedora já que é a inspiração dessa canção e de todas as outras que o meu irmão escreveu depois de conhecê-la. Yasmin, espero que curta. Feliz aniversário!”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Acreditar (Derick Campos)</span></b></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O céu é testemunha, amor</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">De todos os beijos que trocamos</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">De cada vez que eu te disse o quanto te amo</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Te amo</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Deixe-me te mostrar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Como nossas mãos ficam bem juntas</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Como nossos passos querem a mesma direção</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Queria que você pudesse se lembrar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Falávamos sobre a eternidade</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Porque nada poderia nos separar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ainda espero acordar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Vendo o seu sorriso brincar com meus lábios</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sentir mais uma vez o seu coração fora de ritmo</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Bem... bem pertinho do meu</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">E acreditar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">E acreditar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Acreditar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Os seus olhos tanto me diziam</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">As palavras que eu amava escutar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">E os meus sonhos mais lindos</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Não conseguem se aproximar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Dos nossos dias</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Juntos em qualquer lugar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Não existe adeus</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Nem despedida</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Quando tudo o que eu sei me ensina</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A como me aproximar mais e mais de você</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Você sabe só de olhar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Que eu poderia para sempre te esperar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">E acreditar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">E acreditar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Acreditar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Amor, só te peço um favor</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Você poderia me deixar entrar?</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Na sua vida</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Nos seus sonhos</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">No seu amor</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">E acreditar</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">E acreditar</span></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Yasmin levantou uma mão sobre seu rosto limpando uma lágrima que descia. Virou-se na minha direção. Encontrou meus olhos só para desviar deixando sua face corar. Ainda sem me encarar começou a falar. “Você escreveu mesmo pra mim?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eu queria dizer mais. Esperei tanto pra ter essa oportunidade, mas tudo o que consegui dizer foi “Escrevi...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Obrigada...” Ela olhou furtivamente para mim. “Nós nos amávamos mesmo, não é? Eu achei um diário meu esses dias. A data é desse ano. Fiquei feliz em poder descobrir mais sobre tudo o que me aconteceu recentemente, mas...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O que tinha de errado?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela balançou a cabeça. “Nada de errado. Mas eu não esperava que eu só falasse de você.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; border-collapse: collapse; color: #333333; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Nota: Capítulo 25, esse e o 27 são acontecimentos anteriores ao capítulo 24. Caso fique dúvida.</span></span></div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-2395928066569919112011-06-08T09:45:00.000-03:002011-06-08T09:45:34.663-03:0025- Oscar Wilde uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“A verdade jamais é pura e raramente é simples.”</i></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Dinheiro e poder fazem diferença na hora de resolver casos como o sequestro da Yasmin. Foi tudo resolvido na mesma semana. Yasmin ainda estava no hospital quando a notícia chegou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A senhora que apareceu na pracinha no dia lamentável não era apenas uma velhinha dando um passeio, o que eu deixei de acreditar que fosse no momento em que ela tentou fugir com o envelope pardo na mão.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Uma família - dona de quase toda uma cidade, conhecida por todo o mundo- tão bem sucedida nos negócios não teria chegado tão longe sem deixar um mar de inimigos pelo caminho. O que os Campbell nunca imaginaram era que o dia de acerto de contas chegaria da forma como chegou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A família Cunha que um dia tinha estado a poucos passos de se tornar tão grande como a Campbell apostou grande nesse sonho. Mas com a pressa, sem os recursos necessários para conseguir isso no tempo que achavam devido, se enrolaram em dívidas – uma atrás da outra. E de um dia para o outro viram toda uma vida trabalhada por gerações ir para as mãos dos Campbell. Eles imploraram por misericórdia, por mais tempo, ajuda... qualquer coisa, menos perder tudo. O mundo dos negócios não sobrevive de misericórdia, como eles já deveriam saber. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A filha mais nova do casal tinha a saúde muito fraca e dependia de remédios caríssimos. Como consegui-los se ainda estavam lutando para ter o básico para sobreviver? Nesse momento os “amigos” faltaram... A menina ainda resistiu por mais tempo do que imaginaram.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A esposa teria enlouquecido se a depressão não a tivesse guiado até um pulo para os braços da morte logo após perder a filha.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Em tempos assim, às vezes, precisamos culpar alguém ou algo e não a nós mesmos... quem sabe o que a verdade não faria... O senhor Cunha preferiu esse caminho desesperado... o que nunca poderia terminar bem, mas isso ele já sabia. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Com a mãe de sua falecida esposa e seus dois filhos, eles só precisavam de um plano para retribuírem aos Campbell por ter desencadeado toda a tragédia em suas vidas.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eles nunca pensaram que realmente teriam todo o patrimônio dos Campbell, mas não era isso que queriam de verdade. E, talvez, se todos eles estivessem apenas seguido o plano teriam tido sucesso, mas o final fala por si.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A senhora deveria apenas ter passado o celular para que a Sandra falasse com o senhor Cunha que a assustaria um pouco mais. Depois a senhora apertaria o botão, de um dispositivo que carregava, e explodiria um trailer perto deles... Dizendo que a Yasmin estava dentro. Só terror. Mas quando a senhora viu a oportunidade de pegar o envelope e fugir não foi capaz de se conter. Dois policiais apareceram e já era tarde demais. Explodiu o trailer, mas não conseguiu se livrar da policia. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Os sequestradores estavam perto de onde tudo acontecia e temeram. Não estavam esperando que a Sandra pudesse colocar a própria filha em tanto risco levando a polícia. Então largaram a Yasmin em qualquer lugar e fugiram. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Serem achados pela polícia foi apenas questão de tempo.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Mas o que me deixou realmente sem palavras foi descobrir que o envelope pardo - que deveria ter documentos assinados pela Sandra para dar o que os sequestradores pediram em troca da Yasmin – estava com folhas em branco. Aquela troca já estava fadada ao fracasso desde o princípio. Sandra disse que não era necessário já que a polícia levaria os sequestradores. Mas ainda assim...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Lembro do médico dizendo que era um milagre eu estar vivo, mas milagre mesmo era a Yasmin estar.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Yasmin preferiu voltar para a sua casa em Primavera com sua mãe depois que saiu do hospital. Os médicos falaram que seria bom que ela fosse para lá, já que foi lá onde passou a sua infância e eram essas as memórias que tinha. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Lá ela precisou ter aulas particulares em casa. E eu ainda preso em Almerim precisei de forças para não largar tudo e ir até a Yasmin. Todo o final de semana eu ia para Primavera e passava o tempo com a minha princesa.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Em uma dessas vezes tive a oportunidade de conversar com a Sandra. Ela parecia outra pessoa. Se a morte de seu marido e o sequestro de sua filha não foram capazes de tirar o pouco caso dos ombros da Sandra, ver as consequências disso tudo conseguiu. Ela ainda ficava perdida em como se comportar, como agir. Mas me deixava menos preocupado saber que ela estava se esforçando para cuidar da Yasmin com... amor.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Foi quando perguntei a Sandra. “O que você fez com a Yasmin para que ela te odiasse tanto?” Além do fato de você ter agido como se não tivesse um coração.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela me levou até o porão e me mostrou um quartinho medonho e pequeno. “O que é isso?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Yasmin sempre foi cheia de vontades. Era difícil fazê-la me obedecer apenas com ordens. Então eu fiz esse quartinho... Sempre que ela me desobedecia eu a trancava aí dentro. Ela ficava no escuro, com fome, com sede, sem o menor conforto... até que me implorasse para sair prometendo me obedecer. E assim ela foi crescendo até que nos primeiros anos da adolescência que é quando os pais mais reclamam de seus filhos eu não tinha nada para reclamar da Yasmin. Eu decidia tudo por ela e ela cumpria as minhas vontades sem reclamar.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eu observava o quartinho em que a Yasmin ficava, imaginando o tipo de terror que ela passou lá dentro. Que mãe faria isso?</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tiveram vezes em que fui chamada à escola, porque a Yasmin tinha desmaiado. Fraqueza. Muito tempo sem comer apenas porque eu tinha dito a ela que ela precisava emagrecer. Ela me obedecia sem limites e eu achava que estava fazendo o melhor para o futuro dela fazendo as suas escolhas... No ensino médio tudo mudou. Ela me desobedecia, me enfrentava. Eu insistia e ameaçava, mas era inútil. Não tinha mais forças para trancá-la no quartinho e ela sabia disso. No meio do ano passado ela saiu de casa.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O pai dela não sabia o que você fazia? Ninguém via isso? Ninguém fazia nada?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Vítor sempre foi completamente apaixonado por mim, Derick. Acha que ele teria acreditado? Talvez ele suspeitasse em algum momento, mas tratou de afastar esses pensamentos.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Como você...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu sei, Derick. Eu... lamento tanto. Mas agora eu vejo tudo isso e tenho uma nova chance de não perder a minha filha novamente. Nunca mais vou fazer isso com ela... Não precisa se preocupara, Derick.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“É claro que me preocupo, Sandra. Não faz sentido. Você precisa se tratar.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tenho tido consultas regulares com o mesmo psiquiatra da Yasmin.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Se eu souber que você...” Ameacei.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Se a Yasmin já não tivesse passado por tanto...” Lamentei.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“A única coisa que ela deveria ter esquecido era você, Sandra.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><div style="color: black; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: right;"><br />
</div><div style="color: black; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: right;"><br />
</div><div style="color: black; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: right;">Nota: Esse capítulo, o 26 e o 27 são acontecimentos anteriores ao capítulo 24. Caso fique dúvida.</div></span>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-83027214661143639082011-06-06T08:07:00.000-03:002011-06-06T08:07:20.010-03:0024- Victor Hugo uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Há pensamentos que são orações. Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos.”</i></div>Estava na Casa Secreta, lendo pela milésima vez a carta que os policias me entregaram. Disseram que encontraram com a Yasmin onde os sequestradores a deixaram. A data era do dia em que teríamos nos encontrado, quando foi sequestrada.<br />
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Derick, estou tão arrependida... </span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Queria ser boa com as palavras como você. Estou tentando há dias escrever o que sinto, mas as palavras parecem sempre erradas. Essa é a minha última tentativa. Agora o problema é te entregar. Não tenho coragem...</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Derick, você é o meu sol. Tudo na minha vida gira ao seu redor. Você é a pessoa mais bondosa que já conheci na minha vida e nunca te disse o que penso sobre você. Eu estava caindo num caminho perigoso quando você apareceu na minha vida ano passado. Em todo canto só achava mentira, não sabia mais em quem confiar... Na verdade, preferia não confiar. Mas você, amor... Ah! Você é assim tão puro... Você vê o mundo com as cores mais lindas, onde todos têm bons corações e salvação. Um mundo que tenho me encantando cada dia que conheço mais através de você. </span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O que mais temo na vida é te perder... E isso é tão patético, porque eu vejo nos seus olhos que nunca te perderei. Mas temo mesmo assim. Tenho tido esses sonhos em que acordo sozinha e a minha única tristeza é que estar sozinha é não ter você comigo, pouco me importa o resto do mundo. Temo um dia acordar assim... Sem saber mais o que são os seus beijos, os seus abraços e dizer adeus a tudo o que vivemos juntos. </span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Meu pai é um amor de pessoa. O único erro que ele cometeu foi ter se apaixonado pela Sandra. Todos os dias ela cuidou de matar um pouco o meu pai – tirando seus sorrisos, sua alegria. O pior é que ela faz isso tão bem que ele sequer nota. Sei que ela é o mundo do meu pai. Mas também sei o quanto ele me ama e o quanto o amo. Como me arrependo de não ter passado mais tempo com ele. Sempre tinha alguma coisa. E sinto que agora é tão tarde. Meu orgulho me faz passar pouco tempo com ele, porque isso também quer dizer passar tempo com a Sandra. Ele me perdoa por isso, eu sei, mas será que eu vou algum dia conseguir me perdoar?</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eu odeio a Sandra com a minha alma. Tudo o que odeio na minha vida devo agradecer a ela. Tudo o que ela fez... Como eu poderia entender? Perdoar? Ela nem se arrepende. Não ama nada nem ninguém, só a porcaria da fortuna que meu pai fez. Mas parece que isso nunca é o suficiente... Ela destrói tudo o que se aproxima dela. Essa é a Sandra.</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Quando soube que meu paizinho foi parar no hospital... E todo o tempo que ainda não passamos juntos? Não podia terminar assim... </span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Uma dor tão grande invadia o meu peito toda vez que eu via você querendo que eu me aproximasse da Sandra, Derick. Como eu posso te explicar tudo o que ela me fez? Eu queria que você apenas entendesse isso sem que eu precisasse explicar... Você tem um coração tão bom que simplesmente não conseguia. Mesmo vendo dentro dos meus olhos o quanto a desprezo, isso não fazia sentido pra você. Eu sei. Eu te conheço, amor.</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Meu pai estava morrendo, não importava o quanto dissessem que iria ter alta no dia seguinte. Ele estava tão acabado. Tão cansado... Não sei quanto tempo ainda lhe resta. E a Sandra agindo como se não se importasse. Aposto que as malditas lágrimas pelo telefone eram falsas. Ela não tem sentimentos. Cansei de tentar encontrar algum nela.</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Entenda, eu sabia que você iria para a minha casa com a Sandra, mas odiei isso. O que ela tinha te dito? Te feito? O que você estava pensando depois? E você apareceu no dia seguinte com aquela cara de fascinado. Era ela. Ódio ou amor, ela não desperta sentimentos intermediários. Aquela sua cara de... Sei que é horrível, mas eu preferia ter visto você infeliz depois de ter estado com ela. Aquilo me doeu tanto. Você sabe o que ela é pra mim e ainda assim se deixou ser enganado. Eu não queria te ver naquela hora. Meu pai estava com os dias contados e eu queria me concentrar apenas nele.</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Depois o André veio visitar o meu pai. Soube na hora que era armação da Sandra. O André é tão digno de pena. Combinei com ele que se ele me deixasse em paz com o meu pai por aqueles dias que eu o perdoaria. Na volta, ele quis uma prova e dei quando compartilhei com ele o mesmo táxi. A maior parte da viagem foi um silêncio até que ele começou a tentar conversar comigo. Então começamos a falar de quando éramos crianças, das bobeiras que fazíamos. Foi um tempo bom, Derick, quase tinha me esquecido. Fiquei surpresa em ter aquela certeza de que não sentia mais nada por ele. Nada mesmo. Amor se foi há tempos, mas a magoa e a raiva ainda estavam lá. Então descobri que não sentia mais nada disso. Foi tão maravilhoso. Eu conseguia rir com ele. Nunca pensei. </span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Não esperava que você ou que os nossos amigos estivessem me esperando chegar. Afinal, não disse quando voltaria a ninguém. Mas eles estavam todos lá quando cheguei e fiquei grata por ter amigos bons assim. Mas não te vi. Disseram que você estava lá fora me esperando pra me fazer uma surpresa. Ninguém sabia o que tinha acontecido pra você sumir, exceto eu. Você me viu com ele. Primeiro me odiei por ter estado com o André, por ter te magoado. Depois senti um pouco de raiva. Desde quando você tinha se tornado superficial? Você me conhece melhor do que qualquer um e ainda assim realmente acreditou que eu poderia estar com o André porque o amasse ou algo assim? Mais uma vez culpei a Sandra e qualquer coisa que ela tenha te dito... Porque o meu amor nunca teria me julgado dessa forma por si só. Não poderia.</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Quando fomos conversar no dia seguinte eu fui horrível. Arrependi-me depois por aquilo, mas já era tarde. Você não me procurou mais. E eu com tanto medo que você dissesse que queria terminar tudo, porque eu estava agindo feito uma louca. Qualquer coisa, menos te perder. Atendi agora o celular pensando que era a Sally, quando ouvi a sua voz. Entrei em desespero. Você iria terminar tudo, eu só pensava nisso. Tentei fugir, mas você continuou insistindo... Eu não podia permanecer sendo tão infantil. Se é mesmo isso que você quer, vou fazer o possível para receber o seu perdão. Até mesmo escrever tanto assim, contar tanto o que sinto. Sinto-me nua de uma forma ainda mais constrangedora do que a física. </span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Talvez você tenha percebido que não sou tão maravilhosa como você costumava pensar. Talvez tenha se dado conta que nunca te farei tão feliz quanto você merece. Talvez tenha se cansado de tudo isso. E se você estiver 100% certo de que não quer mais nada comigo mesmo, não vou te perturbar com meus sentimentos. Mas se houver alguma dúvida que seja, deixe-me tentar mais uma vez. Farei o possível para ser a pessoa incrível que você vê em mim. E todos os dias da minha vida serão para te fazer feliz. Por favor, diga que ainda há uma esperança.</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Derick, eu te amo. Soube que isso seria pra sempre quando te vi pela primeira vez na Casa Secreta... Quando você apareceu na minha vida. O meu milagre.</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span></i><br />
Parecia que uma vida tinha passado desde que saí do hospital. Mesmo assim continuava a sentir uma lágrima descendo pelo meu rosto toda vez que lia aquela carta.<br />
Estava me despedindo de Almerim, da Casa Secreta, não daquelas memórias. Isso jamais.Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-25651981513386139812011-06-03T15:08:00.002-03:002011-06-03T15:08:52.782-03:0023- Elias Canetti uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Tudo aquilo que esquecemos pede ajuda em sonhos.”</i></div>Assim que acordei vi uma das enfermeiras, que apareceram antes com o doutor, ajeitando o lençol que me cobria.<br />
“Que bom que você acordou, Derick.”<br />
“Você tem alguma notícia sobre a Yasmin Campbell?” foram as minhas primeiras palavras depois do sonho que tive. O gosto doce de seus lábios ainda parecia real na minha boca.<br />
“Você já acorda agitado... Não tenho nenhuma novidade, Derick.”<br />
“Ela está bem?”<br />
“Vai ficar...”<br />
“Ela está mesmo aqui? Neste hospital?”<br />
“Ela está sim, Derick. No andar de cima, quarto 4. Temos médicos muito bons cuidando dela. Você não precisa ficar tão ansioso.”<br />
“E a minha família; ainda estão aqui?”<br />
“Não. O horário de visitas já foi encerrado. Mas a sua mãe ficou. Ela só te deixou um minuto para ir comer. Você também precisa se alimentar. Vou buscar alguma coisa pra você e já volto.”<br />
Andar de cima, quarto 4. Ninguém por perto. Era tudo o que eu precisava saber.<br />
Puxei a agulha do meu braço que me ligava ao soro. Precisei de mais tempo do que quis sentado tentando me equilibrar. O primeiro passo me avisou que eu não deveria ter me levantado. Pensei que a medicação fizesse toda a dor ir embora.<br />
Foi mais fácil do que pensei chegar até o seu quarto. Não precisei me esconder de ninguém. Eram tantos fios e aparelhos. Seu rosto era a única parte de seu corpo que pude ver e estava inchado e muito machucado. Minha Yasmin... O que fizeram com ela?<br />
Desviei o olhar e senti as lágrimas descendo.<br />
Ouvi um gemido abafado. Voltei a olhar para ela. Seus olhos estavam abertos.<br />
“Yasmin, meu amor...” toquei seu rosto, mas ela se encolheu.<br />
“Desculpa... Você deve estar sentindo dores.”<br />
Ouvi passos no corredor.<br />
“Não posso ficar aqui por mais tempo, amor. Só precisava te ver. Como esperei por esse momento...”<br />
“Quem é você?”<br />
A porta se abriu.<br />
“Derick, amor... Você ainda deve estar sonolenta.”<br />
“Ei! O que você está fazendo aqui?!” não me virei para ver quem iria me tirar de perto do meu amor.<br />
“Que lugar é esse?” Yasmin perguntava com dificuldade, confusa.<br />
Mãos me alcançaram.<br />
“Você está no hospital, meu amor. Vai ficar tudo bem.”<br />
Cada vez mais distante da Yasmin. A mulher continuava dizendo alguma coisa. Qualquer coisa que eu nunca poderia ouvir já que a minha atenção estava toda concentrada na Yasmin.<br />
Quando eu poderia abraçá-la novamente?<br />
Eu tinha a leve consciência de que a mulher que me tirou do quarto continuou falando por todo o caminho e enquanto me colocava de volta na cama. Minha mãe também me disse alguma coisa. Lembro do homem alto parado do lado de fora do quarto. Mas tudo em que conseguia pensar voltava e voltava para a Yasmin. Eu queria poder dormir e acordar só quando pudesse estar com ela novamente. Qualquer coisa que fizesse as horas pularem mais rapidamente.<br />
Nenhum sonho. Nenhuma lembrança. Ela foi o meu último pensamento antes de dormir e o primeiro a acordar, como sempre, mas dessa vez isso me trouxe uma felicidade diferente.<br />
Minha mãe já estava acordada ao lado da minha cama. A expressão em seu rosto era profunda, aflita.<br />
“Bom dia, filho.”<br />
“Bom dia, mãe. Em quanto tempo vamos poder sair daqui?”<br />
“Já estão prontos para te darem alta, só querem fazer mais uns exames para terem certeza de que não estão deixando nada para trás. Você dormiu bastante, fiquei preocupada, mas eles disseram que não tem nada de incomum por tudo o que você passou.”<br />
“E a Yasmin?”<br />
Ela tentou disfarçar o quanto a pergunta a deixou tensa.<br />
“O que tem ela?”<br />
“Ela também só precisa de mais exames? Acho que ela pode repousar lá em casa, né?”<br />
“Filho...”<br />
“Não acho que seria bom ela ir pra casa dela ainda, mãe. Tenho certeza de que ela prefere ir lá pra casa.”<br />
“Não é isso, filho.”<br />
“O que, então? A Sandra? Ela não vai se opor a isso...”<br />
“Não sei como te dizer...”<br />
“Alguma coisa aconteceu com a Sandra? Não a vi no quarto com a Yasmin.”<br />
“Ela estava comigo naquela hora. Sandra está bem.” Não pareceu que estivesse mesmo bem, mas não era isso que preocupava a minha mãe.<br />
“Então não entendo... O que foi, mãe?”<br />
“É sobre a Yasmin.”<br />
O que tinha a Yasmin? Não consegui fazer minha voz sair.<br />
Minha mãe inalou ar profundamente. “Ela foi encontrada num beco perto do trailer que explodiu. Estava inconsciente e muito machucada... Quando você foi ver a Yasmin naquele dia...”<br />
“Naquele dia? Não foi ontem?!”<br />
“Você esteve dormindo por três dias, filho. Às vezes, você abria os olhos e dizia alguma coisa, mas logo voltava a dormir.”<br />
“Não me lembro.”<br />
Ela passou a mão pelo meu rosto. “E sobre a Yasmin...”<br />
“Ela não conseguia sequer se lembrar de seu próprio nome, mas os médicos disseram que isso poderia acontecer já que...” ela deu uma pausa procurando uma palavra, “Ela veio muito ferida, filho. Mas isso é, na maioria das vezes, temporário. Não deveria passar de vinte e quatro horas. Só que não passou. Ela consegue se lembrar de sua infância, vagamente, mas é tudo.”<br />
“Eles sabem quanto tempo vai levar até que ela se recorde de tudo novamente?”<br />
“Filho... Ainda estão fazendo testes e exames para descobrir a extensão da amnésia. Mas nos exames já feitos e com o conhecimento que eles têm no assunto... não acham que ela consiga recuperar a memória.”<br />
“Mas ainda não têm certeza. E também a Yasmin pode ser um caso especial... Ela não...”Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-40221876728376846972011-06-01T11:42:00.002-03:002011-06-01T11:42:48.270-03:0022- Mário Quintana uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Tão bom morrer de amor e continuar vivendo.”</i></div>Milagre... ele disse. Eu estava vivo, mas por que a Yasmin não veio me ver? Ela ainda estava com os sequestradores? Não... Porque se ela estivesse, então...<br />
Senti um tremor involuntário.<br />
“Eu sei que é muita coisa pra digerir agora, mas você não precisa se forçar. Descanse, é o que você precisa.”<br />
“Por que você está evitando me falar da Yasmin?”<br />
Sua testa enrugou.<br />
“Ela...” Não tive coragem de concluir a minha pergunta.<br />
“Não queria te falar sobre isso agora. A Yasmin veio há pouco para cá. Ela está mais ferida do que você está. Ainda estamos analisando seu estado completo. É muito cedo para dizer qualquer coisa. Tente dormir agora, por favor. Se precisar de alguma coisa é só apertar esse botão vermelho na sua cama, ok? Vou te deixar sozinho.”<br />
Não apareceu mais ninguém na sala.<br />
Yasmin estava viva e a salvo! Aquilo deveria ter me deixado tão feliz quanto imaginei que ficaria quando ela voltasse para mim, mas se estava tudo bem assim... por qual razão o doutor teria tentado não me falar sobre isso? Ele tinha acabado de me dizer que um homem morreu. O que poderia ser pior? Por que minha família também esconderia?<br />
Queria não sentir minhas pálpebras tão insistentes em me fazer dormir. Queria respostas, mas talvez eu tivesse apenas que esperar... ainda mais.<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Senti um toque na minha mão. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Derick? Acorda, Derick.” Meu corpo inteiro se arrepiou de prazer com aquela voz. Só ela podia fazer isso. Como senti falta de ouvir a voz da minha princesa.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela sorria na minha frente, puxando o lençol de cima de mim. “Vem, vamos logo. Não temos muito tempo.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela estava deslumbrante com um vestido acima o joelho florido nas cores rosa e lilás. Ela segurou na minha mão, guiando-me até a porta.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Podemos sair?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O que quisermos.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela abriu a porta, mas não era um corredor branco de hospital que tinha do outro lado. Era a Casa Secreta coberta por estrelas. Atravessamos a porta, que sumiu no instante em que se fechou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Isso é morrer?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela me disparou um sorriso. “Não, bebê. Isso é sonhar.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Então eu estava sonhando...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sentamos no chão empoeirado, cheio de folhas secas.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Lembra de todas as vezes que estivemos aqui?” ela me perguntou encarando o céu.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Cada uma.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Yasmin inspirou ar, satisfeita.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Sabe, eu nunca fui tão feliz. Deitada aqui, sobre esse céu sempre tão estrelado e com você ao meu lado. Você me disse tantas coisas bonitas...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Puxei-a para mais perto de mim. “Senti tanto a sua falta...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Também senti a sua, amor.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tenho sonhado bastante com você, sabia? Lembranças de nós dois juntos têm vindo o tempo todo.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Seu suspiro soou triste dessa vez.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O que foi, amor?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você acredita que exista um propósito pra todas as coisas, Derick?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Pensei por um instante.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Acho que é melhor pensar assim...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Queria entender o propósito de algumas delas.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Quais?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não importa mais ficar pensando nisso.” Ela disse afundando a sua cabeça no meu ombro.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você está bem, amor?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Só não queria perder tudo isso...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Perder o quê?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você lembra quando estivemos aqui pela primeira vez?” ela mudou de assunto rindo.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Sonhei com isso essa semana.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu tinha saído do baile que nem uma louca sem rumo. Aquele salto alto já estava me matando e mesmo assim eu não parei de andar. Parece que eu estava adivinhando que te encontraria aqui.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Beijei o topo de sua cabeça. “Foi a melhor coisa que me aconteceu. Acho que os céus viram que eu estava mesmo precisando de você, minha princesa.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Vê... Você nunca se cansa de me dizer essas coisas lindas.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Quer que eu canse?” Brinquei.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Faz tempo desde a última vez que estive com a sua família. Queria poder estar com eles novamente. Eles são sempre tão alegres... Contagia.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“É... Eles são uns bagunceiros mesmo. Assim que voltarmos, podemos visitá-los. Tenho certeza que eles vão amar.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ele já se foi, não é, Derick?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela falava de seu pai, não precisei perguntar.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Lamento, Min...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Queria que ele nunca tivesse que ir. É tão injusto.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Abracei minha princesa com mais força.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Será que tudo o que é bom tem um fim, Derick? Isso me assusta...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você sabe que eu nunca vou deixar te amar, não sabe, Yasmin?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu penso em te perguntar isso, às vezes, mas sempre que encontro os seus olhos eles ficam me repetindo o que você acabou de me dizer.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“E vai ser pra sempre assim.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você esqueceria tudo isso? Todos os momentos que tivemos juntos? Todo o nosso amor?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Claro que não, meu amor. Eu não poderia nem quero.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tudo bem se você não puder me amar pra sempre, Derick.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Escuta. Falo sério. O que nós tivemos foi puro e lindo, mas... Tudo bem se tudo isso um dia ficar nas suas memórias menos visitadas.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não, Yasmin... Eu te amo.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Precisava ouvir isso mais uma vez... Também te amo, Derick. Só lamento ter que ir.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ir? Pra onde você está indo?” </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela me beijou tão intensamente como sempre. </span>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-14959424826516168702011-05-30T14:35:00.001-03:002011-05-30T14:35:19.309-03:0021- Débora Büttcher uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Viver, às vezes, me parece tão cansativo...”</i></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Encarei a piscina novamente. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eu já mal pensava na Melanie e, de alguma forma, quando pensava era diferente. Eu não me importava mais por estar longe dela. E eu sabia bem o motivo. Fui relutante em aceitar, mas eu já sabia mesmo antes do dia em que a Yasmin me surpreendeu com um beijo pela primeira vez. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Tinha acabado de dizer a ela que era melhor que sequer fossemos mais amigos. Os sentimentos da Yasmin por mim eram tão transparentes... Não podia ser maldoso com ela. Imaginei que ela fosse apenas me castigar com seus olhos tristes indo embora no silêncio. Mas, em vez disso, ela se aproximou mais e mais. O toque dos seus lábios...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Levei meus dedos até meus lábios com a lembrança. Iria dar mais um olhada na janela do quarto em que a Yasmin estava, mas antes disso me deparei com ela em pé a poucos passos de mim.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Yasmin?!”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela parecia confusa. “Você me chamou...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Quando?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Agora há pouco. Você olhou pra janela e fez um sinal para que eu descesse...” ela corou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O gato.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Oh!” sorri pensando que talvez o gato preto tivesse anunciado boa sorte. “Tinha um gato no telhado, pelo menos pensei ter visto um, mas ele sumiu...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah... Desculpa.” Ela se virou, indo embora.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ei, Yasmin.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Me chamou?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A sua expressão me roubou um sorriso fácil. “Sim, chamei. Se importa de ficar aqui comigo?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela sentou-se ao me lado. Peguei a sua mão, tão macia... Não tive coragem de encará-la. Se ela fosse me dizer não... </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Se eu estiver perdidamente apaixonado por você... Isso será um problema?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela não me respondeu. Era isso. Busquei a sua resposta em seu rosto. Tão quieta.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Acho que demorei demais...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela continuou calada.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Por favor, diga alguma coisa... Mesmo que seja pra me chamar de idiota...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Abaixei a cabeça. Eu merecia.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Derick...” ela me chamou. Voltei meu olhar para ela. Algumas mechas de cabelo escondendo seu sorriso. Arrumei para atrás de sua orelha. Desci as costas da minha mão o mais suavemente que pude pelo seu rosto. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ali estava a sua resposta, finalmente, reconheci.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Aproximei a minha boca da sua lentamente, tendo cuidado em gravar na minha memória os seus olhos derramando seus longos cílios sobre as maças de seu rosto rosadas. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><br />
</span><br />
Senti minhas pálpebras pesadas ao abrir. Algo impediu que eu mexesse a minha mão esquerda. Forcei minha vista, tentando reconhecer o lugar onde estava.<br />
“Oh, Derick!” era a voz da minha mãe.<br />
“Mãe?”<br />
“Oh, meu filho...” ela começou a chorar debruçada na minha mão esquerda.<br />
“Não chora, mãe...” minha boca tinha um gosto estranho e falar causava um pouco de dor. Gemi.<br />
Minha mãe levantou seus olhos para mim rapidamente. “É melhor você não se forçar, filho. Estou tão feliz. Preciso avisar a todos.” Ela se levantou e me deu um beijo na testa. “Não vou demorar. Estão todos preocupados com você.”<br />
Foi só um piscar de olhos e vi o rosto do meu pai sorridente ao lado da minha mãe. Meus irmãos estavam do outro lado da cama, também sorrindo. Mas todos aqueles sorrisos mal escondiam o vermelho cansado ao redor de seus olhos.<br />
“Vou deixar a Sally e o Jack te verem também. Depois voltamos, ok? Eles só deixam quatro de nós por vez.” Minha mãe falou, soltando a minha mão e deixando a sala com meu pai.<br />
Talita e Ricardo estavam quietos demais; o que não combinava com eles.<br />
Jack entrou na sala com os braços ao redor da Sally. Não soube dizer se ele a estava abraçando ou a segurando. Sally não sorriu. Lutava em não me deixar ver que chorava. Jack apenas desviou os olhos dela por um par de segundos, quando torceu os lábios numa forma de sorriso sem vontade na minha direção.<br />
“Estou tão horrível assim?”<br />
Eles trocaram olhares cúmplices.<br />
“Se eu estiver alguma coisa perto de como me sinto...” sorri, tentando não deixá-los ainda mais tensos.<br />
“Já deve estar passando o efeito da medicação. Mamãe já foi falar com o seu médico, ele vai cuidar disso assim que chegar.” Talita.<br />
Eu sabia que tinha alguma coisa em que eu precisava fazer, mas não conseguia me concentrar o suficiente para lembrar. Escola?<br />
“Vocês não deveriam estar no colégio?”<br />
Olharam-me com uma surpresa.<br />
“Descansa, Derick. Você não tem que pensar em nada agora.” Talita.<br />
Eu estava no hospital... Óbvio, mas só então me dei conta do que isso queria dizer.<br />
“O que estou fazendo aqui?”<br />
Ricardo colocou as mãos no meu ombro. “Calma, brother.”<br />
A pressão que ele fez foi leve, mas a dor me fez ver um flash. Eu girando dentro do carro. O carro girando. Tudo girava.<br />
“Oh, meu Deus!”<br />
Yasmin... “Cadê ela?” senti meu rosto molhando.<br />
Um senhor alto e com o cabelo grisalho entrou na sala. Era o médico.<br />
Todos eles saíram com a chegada do doutor e de duas enfermeiras.<br />
“Cadê ela? Cadê a Yasmin?”<br />
“Calma, meu jovem. Você sobreviveu a um acidente grave, precisa repousar.”<br />
“Eu preciso saber onde ela está.”<br />
Ele olhou para as enfermeiras, pedindo que nos deixassem. As duas jovens saíram. Puxou uma cadeira para mais perto de mim.<br />
“Derick, o que você se lembra?”<br />
“Alguma coisa estava errada na troca pela Yasmin. Uma senhora apareceu. Os policiais também. Algo explodiu. Depois tudo girou...”<br />
“O motorista do seu carro morreu. O carro está em pedaços... Você tem muitas contusões, mas não tem um osso quebrado. Isso é um milagre, Derick.”Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-57367670719104166092011-05-27T09:10:00.002-03:002011-05-27T09:10:37.459-03:0020- Mikhail Bakunin uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Não há nada tão estúpido como a inteligência orgulhosa de si mesma.”</i></div>Todos aqueles rostos desconhecidos para mim, que se despediram do pai da Yasmin, já tinham saído.<br />
Sandra estava sentada no sofá de uma salinha, com um lenço nas mãos.<br />
“Sandra...”<br />
Ela virou seus olhos estreitos como os da Yasmin na minha direção.<br />
“Não te vi aí, Derick.”<br />
“Vim agora.”<br />
“Precisa de alguma coisa?”<br />
Yasmin.<br />
“A senhora me disse ontem que a Yasmin iria voltar...”<br />
Sandra abaixou sua cabeça, olhando para o lenço em suas mãos.<br />
“Ela vai. Estou esperando o carro que vai nos levar até ela.”<br />
Arregalei meus olhos.<br />
“Nós vamos até onde ela está? Com os bandidos e tudo?”<br />
A jovem senhora inspirou profundamente.<br />
“Você não precisa ir. Só imaginei que fosse querer e a Yasmin provavelmente vai preferir ver qualquer um menos a mim.”<br />
“Eu vou.”<br />
Não notei que a Olívia estava na sala até que ela nos interrompeu. “Desculpe, atrapalhar. Sra. Campbell, os policiais chegaram.”<br />
“Policiais?” pensei que ela tivesse dito que eles não poderiam de forma alguma se envolver.<br />
Olívia pediu licença e se retirou.<br />
“Você vem ou não, Derick?” Sandra disse já saindo da salinha.<br />
Fui atrás dela.<br />
“Isso está errado. O que está acontecendo?”<br />
Ela parou antes de passar pela porta da frente da casa, virou-se e segurou meus ombros.<br />
Seus olhos, um castanho muito claro, encararam-me intensamente, sondando a minha alma.<br />
“Derick, você é tão bobo assim?”<br />
Franzi o cenho.<br />
“Esses policias são a nossa garantia de ter a Yasmin de volta... E eu nunca deixaria esses sequestradores saírem impunes. Por que eles devolveriam a Yasmin depois que já tivessem o que querem?”<br />
“Mas e...”<br />
“Não se preocupe, Derick. Eu chamei os melhores. Eles serão discretos.”<br />
Ela tinha razão, mas ainda assim eu deveria ter adivinhado que as coisas não seriam tão fáceis. O aperto no meu coração não era só a ausência da Yasmin.<br />
Chegamos no local combinado, ainda dentro do carro.<br />
“Derick, você fica aqui.” Sandra disse quando me viu ameaçando abrir a porta.<br />
“Não. Eu vou também.”<br />
“Quer deixar as coisas mais difíceis? Ele pediu que eu viesse sozinha.”<br />
“Mas eles sabem de mim.”<br />
“Sim, mas do mesmo jeito pediram que eu viesse sozinha. Isso deve querer dizer algo, não? Não temos por que arriscar. Em breve você estará com a Yasmin, então espere um pouco mais. Já vou.”<br />
Sua expressão era de ansiedade e insegurança. Imagino como não estava a minha.<br />
Ela andou vários passos até um banco na pracinha. Um envelope pardo tremia entre suas mãos em seu colo. Atrás do vidro fumê do carro eu pude ver quando uma senhora muito velhinha sentou-se ao lado da Sandra. Aquilo me deixou preocupado. E se os sequestradores achassem que ela foi com a Sandra? Ou se apenas ficassem impacientes esperando a senhora partir?<br />
Tentei encontrar os policiais pela praça, mas em vão. Era óbvio que eu não conseguiria achá-los. Eu só queria ter certeza de que a Yasmin chegaria a salvo.<br />
A Sandra e a senhora conversavam. Pouco tempo se passou até que a senhora passasse alguma coisa para a Sandra. Era um celular. Sandra parecia assustada falando no aparelho. O que estava acontecendo?<br />
A senhora usava um vestido florido em tons claros e parecia frágil, por isso me assustei em dobro quando ela começou a puxar o envelope das mãos da Sandra. Ela tacou a bolsa na cara da Sandra e conseguiu pegar o envelope. Saiu apressada.<br />
“Não!” gritei do carro.<br />
Apareceram dois policiais de qualquer lugar que não vi.<br />
Estava tudo errado. Cadê a Yasmin? Eles não só iriam aparecer depois que ela estivesse a salvo?<br />
A senhora levantou a mão direita para o alto segurando alguma coisa. Era o celular? Não... Parecia um pouco maior. Os policias pararam. Sandra estava paralisada no banco. Eles investiram, tentando se aproximar, diziam alguma coisa. Queria conseguir ouvir. Aproximaram-se mais da senhora. E tão perto de onde eu estava algo explodiu. De repente eu também estava me aproximando de onde todos eles estavam e ainda muito longe deles a janela me mostrou o chão. Senti meu corpo rodar solto pelo carro. Fomos atingidos? Tinha alguma coisa me pressionando com muita força, eu queria me livrar daquilo, mas mal conseguia enxergar. Logo não via mais nada.<br />
Abri os olhos e senti algo gelado tocar o meu braço e me puxar. Aquilo estava doendo muito. Meus olhos se fecharam novamente.<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Naquele dia do baile do ano passado eu não tinha a menor intenção de ir para a festa. Estava num pedaço de casa mal acabada, distante de toda a civilização de Almerim. Falando sozinho. Discutindo comigo e com uma Melanie imaginária. Aquilo era ridículo, eu sabia, mas também era inevitável. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Oi...” alguém me chamou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Assustei-me. Era uma jovem. Ela tinha ouvido meu debate louco? Mas ela sequer parecia assustada. Um vestido longo e claro. Seu cabelo preso, apenas uma franja caia sobre seus olhos. Ela estava indo para o baile? Perdeu-se? Foi o que ela me disse, quando perguntei.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Fomos caminhando juntos até a festa da escola. Ela era tão interessante e quieta. Tinha um olhar curioso, que escapava dos meus sempre rápido demais. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Estava lembrando de todos os momentos que passei com a Yasmin até então, especialmente aquele dia do baile. Era véspera do aniversário da minha prima Sally, no ano passado. Estava na beirada da piscina, sem conseguir dormir. Olhei furtivamente para a janela do quarto da Sally. Eu sabia que a Yasmin estava no mesmo quarto. Tive esperanças de vê-la. Mas tudo o que vi foi um gato preto. Má sorte? Tentei espantar o gato para longe.</span>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-42711696348456925422011-05-25T14:52:00.002-03:002011-05-25T14:52:38.081-03:0019- Ovídio uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Muitas vezes um remédio amargo trouxe ajuda a pessoas esgotadas.”</i></div><div style="text-align: left;">“Yasmin? Meu amor, vamos tirar você daí.”</div>“Que bom que estão trabalhando nisso, porque o tempo está passando e estou ficando impaciente. Cadê o que pedi? Não conseguiu convencer a sogrinha, Derick?” a sua gargalhada espalhava um frio por todo o meu corpo, “Talvez a Yasmin me agradeça por apenas dar fim na vida dela. Parece que não tem ninguém que realmente se preocupe com ela.”<br />
“Seu pai acabou de morrer... A Sandra foi ao hospital. Antes de sair ela disse que agora vai poder te dar o que você quer.” Não sabia de onde consegui trazer a minha voz.<br />
“Assim espero. Ela tem até o final do dia para isso. Em pouco tempo entrarei em contato novamente.” Desligou.<br />
A sala parecia mais fria. Sentei-me na cadeira próxima ao telefone. Eu era inútil. Não tinha nada que eu realmente pudesse fazer pela Yasmin.<br />
O que eles tinham feito com ela? Eu não podia perdê-la...<br />
Uma mão me sacudiu, despertando-me do sono. Eu sequer tinha percebido que dormia.<br />
“Derick, vá para a cama. Já pedi que preparassem um quarto para você.” Sandra.<br />
“Não. Eu vou ficar aqui.” Disse ainda sonolento.<br />
“Você quem sabe. Mas já está tudo resolvido.”<br />
“Já vão devolvê-la?” Meu coração disparou.<br />
“Não hoje. Fiz o possível, mas só amanhã todos os documentos estarão prontos. Logo após o enterro do Vítor, a troca será feita.”<br />
“Não vai esperar a Yasmin voltar para isso?”<br />
“Ela já passou pelo suficiente, não acha?”<br />
“Mas ela iria querer estar lá... Ela nunca vai te perdoar se não esperar por ela.”<br />
Ela sorriu, mas seus olhos eram uma imensidão de tristeza. “Então mais um item para a lista. Vai ser algo íntimo e rápido. Só estou esperando que eles entrem em contato para avisar.”<br />
“A Yasmin vai passar a noite com eles?...” pensei alto e estremeci com a visão.<br />
“Também não gosto disso, Derick.” Disse com pouco caso.<br />
Era disso que a Yasmin tanto falava sobre a sua mãe? Essa frieza?<br />
“Não parece...”<br />
Ela apertou os lábios e franziu o cenho. “Porque você é estúpido demais como a Yasmin para ver!” berrou. Esboçou falar novamente, mais contida. “Tudo o que o meu marido que acabou de falecer lutou a vida toda para construir vou entregar nas mãos de bandidos para ter a Yasmin de volta. Tudo, Derick. Nem uma colher vai ficar. Não tenho a menor ideia de como vamos ficar depois disso, mas estou ocupada demais fazendo o que posso para que a Yasmin volte. Eu sei que ela me odeia. Ela pensa que eu a odeio, nunca quis que ela pensasse assim... Tudo o que eu fiz eu faria novamente. Não me arrependo de absolutamente nada... Exceto esses últimos anos em que a deixei fazer o que bem entendesse. Olha no que deu.”<br />
“Mas ela não tem culpa disso. É algo que poderia acontecer de qualquer jeito.”<br />
“Nunca saberemos, não é... Derick, vejo o quanto gosta da Yasmin. Mas me pergunto até que ponto... O quanto você faria por ela.”<br />
“O que a senhora quer dizer com isso?”<br />
Sandra pareceu que iria dizer algo, mas no instante segundo apenas balançou a cabeça. “Nada.”<br />
Encarou o telefone na parede e acompanhei os seus olhos até o aparelho que parecia absurdamente caro, como todo o resto naquela casa. “Vai amanhã ao funeral?”<br />
“Claro.”<br />
Ela pressionou um botão sobre a enorme mesa do escritório. Uma senhora com um uniforme mais bonito do que o das outras empregadas apareceu logo em seguida. “Sim, madame. Em que posso ajudar?”<br />
“Olívia, você já arrumou o quarto para o Derick como pedi?”<br />
“Sim, madame. Já está pronto há algum tempo.”<br />
“Ótimo. Separou roupas para ele?”<br />
“Também, madame. Tudo conforme as suas ordens.”<br />
“Então me faça mais um favor. Providencie uma roupa para ele ir ao funeral do Sr. Campbell amanhã.”<br />
“Sim, madame. Deseja que eu prepare uma para a senhora também?”<br />
“Não, Olívia, mas obrigada por lembrar. Já cuidei disso.”<br />
“Estou aqui para isso, senhora.”<br />
“Obrigada. Pode sair agora.”<br />
Olívia sorriu curvando um pouco a cabeça e se retirou da sala.<br />
“Derick, vá se deitar. Amanhã teremos um longo dia. É bom que esteja descansado.”<br />
Eu pensei em insistir para ficar, mas meus olhos mal continuavam abertos. Eu não estava há tanto tempo assim sem dormir - muito pelo contrário - para sentir tanto sono.<br />
“Se lembra onde fica? É o mesmo em que ficou da última vez.”<br />
“Lembro.”<br />
“Então tenha uma boa noite.”<br />
Mas eu não tive. Em vez de apenas apagar e acordar no dia seguinte, tive um pesadelo. Um que me fez acordar soando frio e com o rosto molhado de lágrimas. Coloquei a mão sobre o meu coração que ainda estava acelerado. Acho que eu apenas deveria ser grato por não recordar o que me atormentou durante a noite... mas eu quase podia adivinhar. A voz chorosa da Yasmin do outro lado da linha ainda ecoava na minha mente.<br />
Vítor parecia sereno deitado naquele caixão, mas isso não fazia os fatos melhores. Ele estava morto e Yasmin não pode sequer se despedir de seu pai.<br />
Quando a Sandra foi dizer suas últimas palavras, esperei algo rápido. Poucas palavras. Algo assim “Foi um grande homem. Sentiremos sua falta. Adeus, Vítor Campbell.”. Mas pela primeira vez ela parecia desconfortável em sua própria pele. Piscado várias vezes e apertando seus lábios antes de começar a falar.<br />
“Vítor sempre disse que eu era boa com as palavras e que podia encantar qualquer público.” Ela inspirou e olhou para cima, tentando evitar as lágrimas que se formavam. Só quando ela começou a desdobrar um papel que notei que ela era isso que ela estava segurando com tanta força. A folha estava um pouco amassada. “Se eu apenas falasse, sem ler, tenho certeza de que ficaria mais bonito. Assim como ele merece. Mas... Eu tenho certeza que não conseguiria. Espero que ele me perdoe por isso.”<br />
Quando ela disse que seriam poucas pessoas, imaginei um grupo bem menor do que aquele. Mas todos pareciam sinceros com seus rostos saudosos. Eu era o único com a mente longe... lembrando do rosto aflito da pessoa que mais amou o homem que em breve estaria coberto por terra.Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-92209533805801517412011-05-23T12:57:00.002-03:002011-05-23T12:57:26.226-03:0018- Públio Siro uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Ninguém pode fugir ao amor e à morte.”</i></div>Eu enjoava facilmente com velocidade, mas me esforcei ao máximo para não perder mais tempo que o necessário na estrada.<br />
A Mansão Campbell parecia realmente assustadora - não tinha prestado atenção da última vez. O terreno era o maior de toda Primavera. Eu provavelmente odiaria passar em frente àquela casa depois do escurecer. Só em imaginar senti calafrios.<br />
Apertei o interfone no portão. Notei a câmera se movendo na minha direção, era desagradável.<br />
“Oi... Sou o Derick. Preciso falar com a Sra. Campbell. É urgente, por favor. Ela me conhece, sou o namorado de sua filha.”<br />
O portão fez um estalo, dei um pulo para trás com o susto. Suas portas se afastaram.<br />
Voltei ao carro e fiz a passagem até a frente da monstruosa porta da casa. Tinha um mordomo em pé, parecia me esperar. Saí do carro e fui em sua direção, desconfortável.<br />
“Sr. Derick, deixe-me te acompanhar até a Sra. Campbell. Ela te aguarda no escritório de seu marido.”<br />
Entrei na sala e o mordomo sumiu. Sandra estava ansiosa, mexendo em alguns papéis sobre a mesa.<br />
“Derick, pensei que fosse horário escolar.” Ela disse, notavelmente, desaprovando a minha presença.<br />
“Isso não importa. A Yasmin está em perigo. Entendo que não pudesse ocupar a linha telefônica, então vim.”<br />
Ela ergueu as sobrancelhas. “Era melhor que tivesse entendido que vir também não seria de ajuda.”<br />
Engoli em seco. “Só quero saber o que está acontecendo...”<br />
Ela parou suas mãos sobre os papéis. “Yasmin foi seqüestrada. Eles querem TODO o nosso patrimônio em troca. A única pessoa que tem o poder pra fazer isso teve outra parada cardíaca essa manhã.” Sua voz tremeu, mas suas expressões não mudaram. “Estou tendo que resolver coisas o suficiente por minha própria conta para ainda me preocupar com o namoradinho da Yasmin matando aula.”<br />
“Se preocupar comigo?”<br />
“A escola não teria permitido e seus pais muito menos. O que faz de você um problema pra mim agora. Mais um para resolver e eu realmente não estou com humor.”<br />
Tentei ignorar, concentrando-me na Yasmin. “E a polícia? Não vejo ninguém por aqui. Não vi nenhum em Almerin também. Eles já não deveriam estar em todo canto procurando por ela?”<br />
Sandra me encarou. “Não seja estúpido! É claro que não comuniquei nada a eles. Acha mesmo que essa não foi uma das primeiras coisas que o seqüestrador me avisou que não fizesse?”<br />
“Mas, então...”<br />
“Exatamente, Derick. Mãos atadas. Não consigo nem achar algum maldito papel com uma assinatura do Vítor!” empurrou as coisas da mesa no chão e sentou-se de costas para mim na ponta da mesa.<br />
Aproximei-me temeroso. Ela parecia chorar. Toda a sua pose bem longe dela agora. Toquei o seu ombro, hesitante. Pensei no que poderia dizer para acalmá-la. O telefone preso na parede tocou. Ela correu para atender.<br />
“Oi. O quê? Prefiro que me diga agora, por telefone mesmo. Diga.” Suas mãos tremeram. “Entendi. Em pouco tempo estarei aí.” Desligou.<br />
A mão que segurava o telefone repousou na parede ao lado do aparelho. Sua respiração muito intensa. Arfou. Inspirou e expirou, tentando se acalmar. Depois se virou na minha direção. “Vítor morreu.”<br />
Yasmin não suportaria quando soubesse...<br />
“Ah, não chore, por favor.” Ela disse secamente. “Preciso ir ao hospital resolver as coisas para o enterro. Você pode ficar aqui? No caso dos sequestradores ligarem. Diga o que aconteceu. Vou poder dar o que eles querem agora.”<br />
Assenti com a cabeça ainda surpreso.<br />
Ela saiu, deixando-me sozinho naquela sala. Peguei os papéis do chão, fiz uma pilha e deixei sobre a mesa. O telefone tocou. Um frio percorreu a minha espinha.<br />
“Alô?”<br />
“Derick?” reconhecia a voz da Sally.<br />
“Não posso ocupar essa linha, prima.”<br />
“Bem, mas eu preciso falar com você... Mas que merda! Cadê o seu celular?”<br />
Tinha levado comigo, mas...<br />
“Desligado...”<br />
“Ótimo! Tentei falar com a Yasmin e também parece estar desligado. O que vocês dois estão fazendo aí em plena terça-feira?”<br />
“Vou ligar meu celular e ligo pra você.” Desliguei.<br />
Como eu iria explicar para Sally o que estava acontecendo? Ela iria surtar. Pensei que poderia explicar tudo já com a Yasmin comigo, bem.<br />
Suspirei e liguei para a minha prima.<br />
“Derick.” Seu tom já não era mais de irritada, ela estava aflita. “O que está acontecendo? Estou até com medo da resposta.”<br />
“Prefiro explicar depois, Sally. Só fica calma, estou bem. Vou ficar aqui por um tempo. Avisa aos meus pais, por favor.”<br />
“Eu aviso, Derick. Mas me explica agora. Não vou conseguir ficar calma assim.”<br />
Saber só iria piorar...<br />
“Derick!”<br />
Lembrei de quando a Sandra disse não ter dito nada aos policiais. Se eu contasse a Sally...<br />
“Eu estou bem, Sally. Não liga pra cá. Assim que eu puder te explico. Tchau.”<br />
“Derick...” suplicou.<br />
“Desculpa...” desliguei o celular.<br />
O telefone tocou novamente. Sally iria insistir, eu deveria ter imaginado.<br />
“Sally, por favor, não faz isso de novo.”<br />
Já estava para desligar quando prestei atenção naquele som medonho na linha.<br />
“Desculpa te decepcionar, mas não sou Sally... E você não é a Sandra. Pensei que tivesse sido claro com ela sobre manter essa linha apenas entre nós dois.” Eram eles.<br />
“Sou o Derick...”<br />
Ouvi barulhos.<br />
Um choramingar. “Derick?” Yasmin. Sua voz era desespero puro.<br />
<div><br />
</div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-87286224858379646642011-05-20T17:27:00.002-03:002011-05-20T17:27:48.159-03:0017- Saul Alinsky uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Tática significa fazer o que você pode com o que você tem.”</i></div>Um cheiro forte fez doer minhas narinas. Percebi que estava com os olhos fechados. Ouvi vozes. Espremi meus olhos, na primeira tentativa de abrir, as luzes eram fortes.<br />
“Funcionou!” uma voz familiar comemorou.<br />
“Deixem-me vê-lo. Já falei para todos vocês saírem. Aqui é uma enfermaria, não um ponto de encontros, por céus!” uma voz feminina disse irritada.<br />
Uma mão gelada tocou o meu rosto, “Consegue abrir os olhos?”, era a mesma voz profissional.<br />
Tentei novamente, deixei que meus olhos se ajustassem à luminosidade.<br />
“Ótimo.” A jovem morena, com olhos castanhos esverdeados, disse satisfeita.<br />
“Ah, Derick, você acordou!” minha irmã contente logo atrás da jovem que me avaliava.<br />
A jovem se virou. “Ainda estão aqui? Preciso chamar os seguranças? Será possível! Ele precisa de espaço. E vocês deveriam voltar para as suas salas de aula.”<br />
“Estamos no intervalo.”<br />
Intervalo? Aquela era a enfermaria. Não fazia ideia de como tinha ido parar ali.<br />
A jovem encarou a minha irmã em silêncio.<br />
“Ok! Que seja! Já entendi!”, Talita subiu um tom agudo. “Derick, assim que você sair nos procure.” Pediu antes de sair.<br />
“Lembra o que aconteceu?”<br />
Recapitulei os meus passos. Estava no pátio. Procurei a Yasmin...<br />
“A Yasmin!” gritei em alerta, recordando o telefonema.<br />
“Ei, acalme-se.”<br />
“Eu preciso ir.”<br />
“E eu preciso que você se acalme. Seus amigos te trouxeram aqui mais cedo. Eles te viram cair no chão. Você desmaiou. Já era pra ter acordado há bastante tempo. Tenho que ver se você está mesmo bem.”<br />
“Eu estou. Olha... Sei que é o seu trabalho, mas eu realmente preciso ir. Prometo que depois volto para uma consulta.”<br />
Ela bufou. “Seus amigos me deram trabalho suficiente hoje. Quer sair, saia. Não vou continuar insistindo. Só espero que realmente não seja nada sério.”<br />
Não me desculpei, como teria feito em outra ocasião. Levantei apressado. Tateei meus bolsos, procurando meu celular, enquanto passava pela porta da enfermaria do colégio.<br />
Lembrei-me da Talita preocupada comigo, pedindo que ligasse para ela, mas não o fiz. Ela precisaria me desculpar por isso, mas eu tinha algo mais urgente em mente: saber da Yasmin.<br />
Disquei para o seu número. Ninguém atendia. Insisti, mas foi inútil.<br />
Minhas mãos tremiam. Eu queria chorar e deixar aquele medo tomar conta de mim, mas não podia. A Yasmin...<br />
Eu não tinha o número do telefone da casa da Yasmin ou o de sua mãe e pai. Gritei comigo mesmo por isso. Sally deveria ter, pensei. Liguei para ela.<br />
“Sally?”<br />
“Derick! Já saiu da enfermaria? Como você está? Onde você está?” disparou.<br />
“Bem. Depois conversamos, Sally. Agora preciso da sua ajuda... Você tem o número do telefone da casa da Yasmin ou o dos seus pais?”<br />
Agradeci que a minha prima não fizesse perguntas. “Tenho o da casa. Espera, vou procurar.” Um instante. “Pronto. Anota aí.”<br />
“Obrigada, Sally” desliguei.<br />
Não perdi tempo e liguei para a casa dos Campbell. Fui atendido no primeiro toque.<br />
“Alô?” reconheci aquela voz, era a Sandra, mas notei a urgência em seu tom.<br />
“Sandra? É o Derick.”<br />
Ela suspirou desapontada. “Derick, agora não é uma boa hora.”<br />
“Eu sei o que aconteceu com a Yasmin.”<br />
Silêncio.<br />
“Ele me disse que estava negociando com a senhora. Eles vão liberá-la?”<br />
Silêncio.<br />
“Sandra?” minha voz beirava o desespero.<br />
“Derick, ainda estamos negociando. Eu preciso desligar agora. Eles estão entrando em contato comigo por esse número.”<br />
“Como assim ainda estão negociando?”<br />
Ela desligou. Liguei de novo.<br />
“Sandra?” minha voz mais irritada.<br />
“Derick, através desse telefone estou cuidando do que é preciso para ter a Yasmin de volta. Não atrapalhe.” Disse secamente e desligou.<br />
Uma onda de raiva me atingiu. De forma alguma eu ficaria de braços cruzados. Não podia ajudar ocupando a linha, mas certamente eu ajudaria pessoalmente. Voltaria para Primavera. Ninguém me impediria.<br />
Sabia que não adiantaria conversar com a Direção do colégio. Falar com os meus pais também não, eles não concordariam com isso. Então fiz do meu jeito. Peguei o carro da Yasmin e parti para a Primavera sem avisar a ninguém. Era estúpido, mas eu não queria correr o risco de ser impedido.<br />
Ligando o motor do carro fui levado a uma lembrança.<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Por que você tem um carro por tanto tempo se ainda não pode dirigir?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O olhar da Yasmin se encheu de ternura. Percebi que era uma lembrança especial antes mesmo que ela começasse a falar. “Estava com o meu pai quando vi esse carro. Ele ia comprar um novo automóvel e me levou com ele. Tinha uns treze anos quando me deparei pela primeira vez com um carro rosa na vida. Fiquei encantada. Não soube que meu pai tinha percebido a minha fascinação pelo carro até que na semana seguinte me levou até a garagem e me mostrou essa maravilha pink.” Seu sorriso se alargou. “Meu pai não é nada do tipo de fazer coisas ilícitas, mas... Bem, ele me que me ensinou a dirigir. Só quando teve certeza de que eu podia sair com o carro sem bater em nenhum poste é que ele me deu as chaves. Nunca fiquei tão feliz. Mas ele me disse para não dar mais do que umas voltinhas em Primavera...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Acho que você não deu muito crédito a esse conselho...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela gargalhou. “Realmente não, mas me contive bastante. Se ele não tivesse dito isso, eu provavelmente teria saído feito louca pelas cidades a fora.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Olhei duvidoso.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah! Não acredita em mim?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Dificilmente conseguiria te imaginar assim.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Então isso é um desafio e eu não recuso um, Derick Campos. Entre nesse carro. Você nunca mais vai duvidar de mim. Já eu duvido você ter coragem de ir comigo nessa viagem.”</span><br />
<div><br />
</div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-80991846143729145122011-05-18T11:56:00.000-03:002011-05-18T11:56:25.633-03:0016- Bussy Rabutin uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Quem não ama demais não ama o bastante.”</i></div><div>“Sim, Yasmin. Sou eu.”</div><div>Silêncio.</div><div>“Estou cansada, já vou dormir. Tchau.”</div><div>“Não! Não desliga, por favor.”</div><div>Ela esperou.</div><div>“Eu quero muito conversar com você. Pessoalmente, eu digo.”</div><div>Sally estava atenta à conversa. “Marca de se encontrarem agora.” Sussurrou.</div><div>“Agora seria melhor. Não quero deixar isso pra depois. Podemos?”</div><div>O silêncio foi mais longo.</div><div>“Yasmin?”</div><div>“Não comi, porque já ia dormir, mas se vou ficar acordar por mais tempo... No Narciso’s então. Estarei lá em dez minutos.” Desligou.</div><div>“E então?” Sally quis saber.</div><div>“Ela está indo pro Narciso’s. Já vou.”</div><div>“Tá. Vai logo! Depois você me agradece.”</div><div>Sorri e dei um beijo estalado na testa da minha prima. “Obrigado!”</div><div>“Tá, tá... Agora vai logo, vacilão.” Tentou esconder seu sorriso.</div><div>Narciso’s ficava a poucos passos de onde estávamos. Cerca de cinco minutos de onde Yasmin estava. Ela era pontual, mas já tinha passado meia hora sem que ela aparecesse. Talvez ela tivesse mudado de ideia. Lamentei não estar com o meu celular. Eu ficaria no Narciso’s até que não pudesse mais. E, de fato, fiquei.</div><div>Saí da lanchonete relutante. O toque de recolher do Colégio Elite já estava quase no limite da tolerância, precisava voltar.</div><div>Na manhã seguinte a primeira coisa que fui fazer foi procurar a Yasmin. Ela não poderia fugir. Esperava que a minha prima estivesse certa quanto ao seu conselho e que eu não estivesse só piorando as coisas com a Yasmin... Se bem que não falar com ela e mal vê-la já era ruim o suficiente.</div><div>Ela não estava com o pessoal no refeitório. Peguei o meu celular e disquei para ela. No terceiro toque fui atendido.</div><div>“Oi, Yasmin. Não desliga, por favor.”</div><div>“Pensei que ela fosse mais popular. Mas você é o primeiro que procura por ela.” Aquela voz parecia sair de um filme de terror. Senti os cabelos da minha nuca se arrepiarem.</div><div>Uma risada macabra. “Não precisa se apavorar, não ainda. Yasmin está bem... Viva. Derick... Você é o seu namorado. Então imagino que fará a coisa certa. Nesse exato momento tem alguém falado com a Sandra Campbell, tratando de negócios. Mas ela parece relutante para ter a sua filha de volta. Talvez você devesse intervir por sua namorada. O tempo está passando e não gosto de tempo ocioso. Mais horas se passam... Menos Yasmin fica bem. Eu realmente odiaria ter que mandar um dedo ou uma orelha para me fazer ser acreditado. Isso é nojento. Deixaria a jovem deficiente e muito traumatizada. Não há necessidade de nada disso. Colabore comigo, Derick. Acho que já deixei bem claro sobre as conseqüências que a minha impaciência pode trazer.” Desligou.</div><div>Lembro do frio insuportável que me envolveu. Escuridão. </div><div><br />
</div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Muita claridade. Por um instante pensei que estivesse no meio do nada, onde branco fosse a única coisa existente.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Então, aquele par de olhos estreitos apareceu na minha frente. Seus cabelos espalhados ao redor do seu rosto. Um sorriso tímido, tão doce, brotou de seus lábios. Suas faces coradas fizeram o meu coração dar um salto. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não fica me encarando assim...” Yasmin suplicou com a voz baixa.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você é tão linda...” disse fascinado.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela não conseguia me olhar nos olhos por mais de meio segundo. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Está com fome? Deve estar... Vou fazer um pedido pra gente.” Tentou sair debaixo de mim, mas a mantive firme no lugar. Disparou seus olhos nos meus, surpresa.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Quero ficar aqui com você por mais um tempo.” Disse. Sua bochecha subiu mais um tom. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ficamos um tempo incontável assim. Toques sutis, apenas pontas de dedos deslizando pelo rosto. Eu queria ter certeza de que não era apenas um sonho. Queria guardar aquele momento para sempre. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Se em algum dia algo ruim o suficiente acontecesse para nos separar, eu gostaria de me lembrar daquele dia, onde nos amamos completamente. Queria nunca ser capaz de esquecer daquele momento. Sua pele desnuda, a luz do dia a cobrindo pouco a pouco, sua respiração fora de ordem, o sorriso que não saía por nada de nossos lábios. Eu esticaria as horas o quanto fosse possível.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Juras de amor trocadas apenas com olhares. Silêncio. Eu duvidava que em algum dia eu fosse sentir desconforto com aquele silêncio. Era mágico. Eu estava tão perdidamente apaixonado.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Seu estômago fez um som. Ela espremeu seus olhos com vergonha.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tem alguma coisa na dispensa?”</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tem...”</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Então não saia daí que vou preparar algo para nós dois.” Dei um beijo rápido em sua testa e me coloquei de pé tão logo. Procurei alguma peça de roupa para usar.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu peço pelo telefone, não precisa ter trabalho.” Ela disse se inclinando na cama, buscando os lençóis para se envolver.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Deixei escapar um riso. “Não sou tão ruim assim na cozinha, amor. Prometo não colocar fogo em nada. Só espere aqui, não demoro.”</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela repousou na cama novamente. Senti seus olhos me acompanhando.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Já estava terminando de colocar uma mistura nos pratos. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ninguém nunca fez algo assim só por mim.” Ela disse, surpreendendo-me com sua presença.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O quê?”</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ela se aproximou. Deixei os pratos sobre a bancada. Yasmin passou as mãos por meus cabelos, meu corpo estremeceu. “Derick,” parecia tensa. “Eu...”</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Yasmin, está tudo bem?”</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Assentiu com a cabeça. “Eu te amo. Eu te amo, Derick.” Foi a primeira vez que ela me disse.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Estávamos em sua casa, após a nossa primeira noite juntos, era dezembro. Nos nossos planos para nossa primeira noite de amor teria acontecido na virada do ano novo. Já tínhamos tudo planejado. Mas na noite anterior as coisas fugiram do controle. Os beijos ficaram mais exigentes. As mãos mais curiosas. A cama sob nossos corpos. As roupas perdidas pelo quarto. E aqueles lindos olhos fugindo dos meus. Não tínhamos porque esperar mais. Ela me amava, eu a amava. E isso seria para sempre.</span></div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-16246995629935561542011-05-16T18:58:00.000-03:002011-05-16T18:58:54.699-03:0015- Plauto uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Nada é mais amigo do homem que o amigo na hora certa.”</i></div>Tentei falar com a Yasmin nos intervalos entre as aulas, mas foi inútil. Ela disse estar pegando as matérias perdidas e procurando ajuda de monitores. O que verdade, mas, ainda assim, soava como uma desculpa para não estar comigo.<br />
Eu não conhecia aquele lado da Yasmin, tão ressentida. Dez meses de namoro, mas o tempo de convivência e nunca a vi agindo assim. Queria tanto que ela e sua mãe se entendessem que não me dei conta de que a minha pequena atitude em relação a isso poderia ser muito para a Yasmin. Eu não tinha o direito. Yasmin não me queria em sua companhia no hospital para que eu não ficasse com sua mãe e fui estúpido o suficiente para não perceber.<br />
O que tinha acontecido entre as duas eu não fazia ideia e quanto mais pensava nisso mais intrigado ficava e mais tentava ignorar a minha curiosidade.<br />
Yasmin precisava de tempo, eu esperava que fosse isso o suficiente para que me perdoasse. Era hora de respeitar a sua vontade, mesmo contra a minha. Foi o que fiz quando não a procurei pelo restante do dia. E no dia seguinte. E no seguinte a esse. Uma semana já não era tempo o bastante para que ela, pelo menos, voltasse a olhar para mim? Duas semanas e nada.<br />
“Derick...” minha prima me chamou, pronunciando a sua presença.<br />
Eu estava a caminho do dormitório.<br />
“Oi, Sally.”<br />
“Meu Deus, Derick! Você está péssimo! Você e a Yasmin estão me deixando muito preocupada. O que está acontecendo?” suplicou.<br />
“Estraguei tudo. Acho que a Yasmin não vai mesmo me perdoar, mas ainda estou esperando por isso.”<br />
“Vem comigo à pracinha, pra gente poder conversar mais à vontade.”<br />
“Já estou indo deitar, Sally...”<br />
“Para, Derick! Você vai comigo até a pracinha. Você se isolou de todo mundo. Acha que ninguém percebeu? Pelo amor de Deus! A sua sorte é que amo vocês dois demais pra ficar apenas assistindo. Não estou nem aí se estou sendo inconveniente. Vou ficar te enchendo a paciência até que converse comigo, você me conhece...”<br />
“Vamos...”<br />
Segunda-feira não era o ponto alto da semana na praça, então éramos apenas nós dois e as pouquíssimas pessoas que passavam pela rua.<br />
“Eu perguntei a Yasmin, mas ela nunca vai me dizer a verdade. Conheço aquele tom de ‘está tudo bem’, quer dizer que está tudo errado. E você parece um fantasma pelo colégio. Se não tivéssemos clubes em comum, aposto que não te veria.”<br />
Fiquei em silêncio. A dor de não estar com a Yasmin era tudo o que rondava a minha mente.<br />
“Derick, eu sei que quando você não está bem você fica assim... No seu próprio mundo, sei lá.” Fez um gesto.<br />
Pegou as minhas mãos, “Mas você sabe que não vou te julgar. Jamais faria isso. Quero te ajudar.”<br />
“Você não pode.”<br />
“Me diz o que aconteceu. Eu com certeza vou te ajudar, Derick. Eu podia estar fazendo qualquer outra coisa, mas estou aqui, não estou? Foi quando ela ficou aqueles dias em Primavera, não foi?”<br />
“Foi... Eu queria que ela e a sua mãe se entendessem. O relacionamento das duas é tão triste... Insisti que ela retornasse a ligação de sua mãe e eu sabia que ela não queria. Depois ela quis ficar sozinha com o pai no hospital e eu fiquei na sua casa com a sua mãe, em vez de voltar pra cá. Não pensei que fosse algo TÃO ruim, mas ela começou a me evitar pelo celular. Quando voltou... O André desceu do taxi com ela. Ela já me explicou, mas na hora...” Era cansativo falar o que revivi tantas vezes mentalmente.<br />
“André idiota! Também não gosto da Sandra. Ela é muito controladora como mãe e em todo o resto. Yasmin não gosta de falar sobre ela, é difícil saber o que aconteceu. Mas Yasmin é... Você sabe. É difícil atingir essa garota. Se o assunto Sandra é tão evitado assim, acredite, ela tem bons motivos para isso, Derick. Não insista com elas duas. E para o seu bem, fique longe dessa mulher. Não tente entender nem conhecer os motivos. A Yasmin te ama, quando ela se sentir bem, te contará.”<br />
“Vou respeitar isso.” o remorso parecia não ter fim.<br />
“Já se passou bastante tempo... Vocês se falam? Como estão?”<br />
“Não quero cometer o mesmo erro de novo, Sally. Ela não quer falar comigo, vou respeitar.”<br />
“O quê?! Ficou doido?” ela quase gritava.<br />
Olhei assustado.<br />
“Derick! Não me diga que você não tem tentado falar com ela por todo esse tempo, por favor...”<br />
Abaixei meus olhos. Culpado.<br />
Sally fechou os olhos e suspirou, “Se você não estivesse tão miserável eu te bateria. Derick, você está esperando que a Yasmin venha até você? Sério? Andou fumando ou o quê? Me explica a sua lógica, porque não vejo nenhuma.”<br />
“Eu deveria ter insistido? Mas isso só não a deixaria ainda mais irritada?”<br />
“Aí, meu coração frágil... Eu sei que ela é sua primeira namorada e tudo mais, mas tem coisas que simplesmente se sabe, Derick. Se coloca no lugar dela. Você não insiste, o que ela vai pensar? Um pouco de atitude é pedir muito? Cara! Não estou acreditando ainda.”<br />
Ponderei.<br />
“Chega de pensar, meu filho! É capaz de você arrumar mais algum motivo pra ficar sem fazer nada. Cristo! Pega essa porcaria de celular e liga pra ela. Liga até ela atender ou a bateria acabar. Se eu não te conhecesse e não soubesse o quanto ama a Yasmin, juro que pensaria que você quer mesmo que tudo acabe.”<br />
“Eu não estou com o celular.” estava um pouco assustado.<br />
Sally revirou os olhos, “Claro que não está. Tudo para facilitar. Mas eu estou com o meu o que quer dizer que é bom que você faça tudo certo agora, porque ela com certeza vai atender. E quando ouvir a sua voz em vez da minha vai me xingar um bocado mentalmente. Se você estragar isso, vamos ser nós dois na lista negra da Yasmin.”<br />
Ela puxou seu celular do bolso, discou e me entregou.<br />
“Oi, Sally! Não vou comer com vocês hoje, desculpa. Já estou no meu quarto.”<br />
O frio no meu estômago só perdia para o meu coração tentando sair do meu peito. Eu não tinha ideia do que falar. Não conseguia pensar. Era tão bom ouvir a sua voz...<br />
“Fala alguma coisa...” Sally sussurrou impaciente.<br />
“Oi... Yasmin...” engasguei.<br />
Silêncio.<br />
“Derick?” sua voz quase inaudível.<br />
<div><br />
</div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-59332923541694135892011-05-13T21:36:00.001-03:002011-05-13T21:43:59.767-03:0014– Alexander Pope uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Abençoado é o homem que nada espera, pois ele nunca se decepcionará.”</i></div>Já era domingo e eu não era mais capaz de suportar a ansiedade para sentir o gosto daqueles lábios rosados novamente. As horas pareciam não passar e quando finalmente a noite caiu sabia que em pouco tempo ela estaria com seu lindo sorriso na minha frente.<br />
Estava segurando um buquê de flores, encostado em um murinho de um dos prédios do Colégio Elite. O restante do pessoal estava a esperando no refeitório. Já tínhamos planejado tudo.<br />
Ela não fazia ideia, a sua mãe que me falou o horário em que a Yasmin chegaria.<br />
Foram dias difíceis. Yasmin foi urgente em desligar o celular todas as vezes que tentei conversar com ela. Não conhecia seus motivos. Imaginei que quisesse passar o máximo de tempo possível com seu pai. Ela sempre lamentava por ficar pouco tempo com ele.<br />
Um carro parou na entrada principal. Eu podia sentir que era ela. Não vi o modelo ou cor do automóvel. Meu coração tinha parado de funcionar. Minha respiração... Quem lembraria de respirar naquela situação?<br />
Ela desceu do carro sorridente como havia imaginado. Eu podia contar os segundos até que ela ficasse surpresa a me ver. O carro partiu e foi apenas nesse momento que vi aquele rapaz alto ao seu lado. Ele carrega uma mochila nas costas. Yasmin e ele trocavam gargalhadas. Aquele era o André...<br />
Tinha algo de muito errado acontecendo. Não era possível... Senti um nó na garganta. Os dois não me viram e passaram direto para dentro do prédio. Não consegui tirar meus olhos daquele pedaço da rua em que os dois desceram do carro. Senti o buquê escorregar das minhas mãos e esqueci como se movia por algum tempo. Percebi que tinha prendido a respiração só quando o ar voltou a circular abruptadamente.<br />
A forma como a Yasmin me tratou nos últimos dias e depois rindo com o seu ex-namorado? O que ela riscou de sua vida? Que a traiu com sua melhor amiga? O que era aquilo?<br />
Forcei meus pés a me levarem ao dormitório. Precisava ficar sozinho. Dormir apenas. Mas aquela cena não parou de se repetir na minha mente por toda a noite. Eu queria explicações. Não, eu não queria de verdade. Mas eu precisava. Talvez eu estivesse tendo uma reação exagerada. Talvez. Eu precisava acalmar as minhas emoções antes de procurar por qualquer resposta. Desejei que as longas horas da noite fossem o suficiente para isso.<br />
Meu celular estava lotado de mensagens e chamadas não atendidas. Como eu explicaria o que me fez sumir ontem à noite sem soar completamente bobo aos olhos de meus amigos? Eu deveria ter colocado meus lábios nos da Yasmin logo que a vi, sem me importar com a presença do André. Eu tinha certeza que era assim que qualquer um teria agido no meu lugar.<br />
No refeitório pela manhã, antes da primeira aula, avistei a Yasmin na mesma mesa que nossos amigos. Caminhei até eles.<br />
O que mais me surpreendeu em tudo foi estar desconfiando da Yasmin. Ela nunca tinha me dado motivos. A maior parte de mim tinha tanta certeza de que o ocorrido da noite passada não tinha sido nada, que eu havia enfeitado a situação. Mas também tinha aquela pequena parte que me alertava... Um frio cortante na minha espinha.<br />
“Bom dia!”<br />
Talita socou meu braço “É bom que tenha uma ótima explicação, Derick! Porque passamos a noite ontem imaginando que ser sobrenatural poderia ter sido o causador do seu sumiço repentino.”<br />
“É melhor deixarmos eles a sós.” Ricardo sugeriu, levantando-se.<br />
Talita o puxou no mesmo instante, fazendo um baque surdo “Ele que se vire e leve a namorada dele pra conversar em outro lugar. E é bom que seja rápido, porque falta pouco para as aulas começarem.” minha irmã disse duramente.<br />
Yasmin se levantou e, sem me encarar, aproximou-se.<br />
“Vamos para o pátio.” Yasmin.<br />
Durante o caminho não trocamos palavra alguma. Analisei a Yasmin. Estava séria, tensa. Queria poder lhe fazer sorrir. Perdi as forças para questioná-la do que quer que fosse. Um abraço e sentir o cheiro de seus cabelos limpos... Tudo o que precisava.<br />
Minha namorada continuou calada quando chegamos no pátio. Ela esperava que eu falasse. Já estava tão arrependido...<br />
“Eu te vi ontem... Quando você chegou... Com o... Ele... Mas isso não tem mais importância.” as palavras tentaram não sair.<br />
“Eu sei.”<br />
Olhei surpreso “Você me viu?”<br />
“Não. Depois quando não te vi esperando com os outros na cantina. Eles me disseram.”<br />
“Yasmin, me desculpa...”<br />
“Ele apareceu lá em casa, com a desculpa de ver o meu pai. Depois insistiu tentando falar comigo. Desculpou-se novamente por tudo e deixei pra lá. Não me importo mais se ele está ou não por perto. É indiferente. Ignorar não resolveu muito... Dividimos o mesmo taxi na volta. Falamos sobre gostos em comum. Demos algumas risadas.” ela disse sem emoção, economizando palavras.<br />
“Você não atendia as minhas ligações.”<br />
“Falei com você uma vez.”<br />
Encarei incrédulo. Era isso? Uma vez tinha sido o suficiente? Eu estava mesmo sendo tão absurdo assim?<br />
“Pra me dizer que depois nos falávamos.”<br />
“Sim. Não é o que estamos fazendo agora?”<br />
Aquelas palavras mal pareciam pertencer ao meu amor.<br />
“Yasmin, o que aconteceu? Você está estranha comigo desde que fomos ver o seu pai.”<br />
Ela suspirou, como se eu estivesse sendo cansativo “Nada, Derick.”<br />
Isso confirmou o que eu temia. O que ela não estava me dizendo?<br />
“Eu queria ter ficado com você. Foi isso? Mas quando você disse que eu não ficaria, pensei que fosse melhor apenas te deixar passar esse tempo com o seu pai. Sua mãe até me convidou...”<br />
Ao som da palavra <i>mãe</i> Yasmin me encarou com grande ressentimento.<br />
“Não sei se fiz mal passando a noite na sua casa, mas a sua... Sandra insistiu. Ela falou bastante de você.”<br />
Seu olhar estava me atravessando, “Imagino. Ela deve ter sido um amor de pessoa também. Não quero me atrasar para a aula. Depois nos vemos.” seguiu para a sala de aula.<br />
“Espera, Yasmin!”<br />
“Depois, Derick.”<br />
O fim era assim? Porque eu tinha essa impressão. Eu faria de tudo para estar errado.Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-55124184134651963482011-05-11T12:33:00.000-03:002011-05-11T12:33:02.075-03:0013- Graham Greene uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“A inocência é uma forma de insanidade.”</i></div>“Gostaria de poder ficar...”<br />
“Eu posso imaginar, mas não é permitido. Yasmin ficará bem. Meu marido também. Foi só um susto. Ele ainda não acordou, mas os médicos garantem que logo irá. Deixe a Yasmin com seu pai por essa noite. Amanhã cedo você poderá vê-la. Venha comigo agora... Você também precisa descansar.”<br />
Enquanto o seu motorista nos levava para a mansão dos Campbell, a mãe da Yasmin trocou algumas palavras comigo. Procurando me conhecer mais, imaginei.<br />
Os sentimentos negativos e intensos que a minha namorada carregava a respeito de sua mãe me fizeram esperar o pior daquela mulher com um sorriso deslumbrante; lamentei que a Sandra limitasse tanto seus sorrisos. Talvez por isso tenha me surpreendido tanto com a conversa fácil, seu interesse em me conhecer, em se fazer conhecer. Esperei por hostilidade, mas não veio em momento algum.<br />
Sandra não era o que se pudesse chamar de espontânea. Seus gestos e as palavras que usava pareciam ser sempre cuidadosamente escolhidos. Falava num tom de voz agradável, sem muita pressa, sem muitas pausas, na medida certa. Muito educada. Mesmo que mantivesse uma distancia de intimidade proposital, conseguia não ser arrogante.<br />
Confesso que passei a noite, durante o jantar e enquanto me mostrava a mansão, procurando qualquer ponto que me indicasse o motivo do desarranjo entre mãe e filha. Falhei. Apesar do desconforto, por sentir que era errado, talvez uma traição, simpatizar com aquela jovem senhora não consegui deixar de apreciar muito a sua companhia. Fiquei contente por ter a sua atenção. Quase realizado. O que era estranho. Não entendia o motivo de estar tão grato por aquelas poucas horas ao seu lado.<br />
Antes de fechar meus olhos e dormir visualizei a Yasmin. Sua expressão de pavor ao ouvir a notícia. Uma culpa horrível me cobriu pelas horas que passei sorrindo à toa com sua mãe. A consciência pesada e a preocupação transformaram dormir em uma tarefa muito difícil. Eu precisava vê-la, estar ao seu lado, mesmo que tudo o que eu pudesse fazer fosse estar lá. Como ela estava? Quanto tempo faltava até que pudesse saber?<br />
Não lembro quando finalmente consegui dormir, mas parecia ter sido há pouco tempo quando ouvi o despertador tocar. Meu corpo não queria se mover, meus braços e pernas pareciam pesar toneladas. Eu teria me dado por vencido ao cansaço senão fosse a imagem da Yasmin a invadir a minha mente novamente. Eu precisava estar com ela.<br />
Lavei o rosto e me arrumei rapidamente. Encontrei a Sandra sentada sozinha diante de uma mesa repleta de delícias de todos os tipos. Ela parecia tão confortável com aquele silêncio e vazio enquanto comia. Talvez ela estivesse acostumada àquilo. Não consegui deixar de me questionar em como aquela mulher tão agradável poderia estar em qualquer momento sozinha. Quem não desejaria estar ali... Sim, tinha a Yasmin, lembrei. Talvez aquelas impressões fossem apenas minhas. Lamentei em silêncio, não entendendo o que realmente me deixava tão incomodado com aquela cena. <br />
“Bom dia, Derick! Sente e sirva-se. Depois vamos ao hospital. Meu marido acordou.” ela não parecia ansiosa, tão calma, contida.<br />
Senti um alívio me tomar ao ver a Yasmin sorridente conversando com seu pai no quarto do hospital.<br />
Aproximei-me dos dois. Dei um beijo no topo da cabeça do meu amor e fitei meu sogro. Um homem de idade avançada, muito cansado, mas sem economizar sorrisos juntamente com sua filha.<br />
“Sr. Campbell... Fico feliz em ver que o senhor está bem.”<br />
“Ah, criança, me chame apenas de Vítor. Yasmin estava com medo de que você não sobrevivesse na companhia de minha esposa. Mas pelo visto, ela que não sobreviveu...” disse rindo depois de não encontrar a Sandra no quarto.<br />
“Não... Ela já vem. A recepcionista disse que o senhor já pode ir para casa. Ela está cuidando disso.”<br />
“Eu vou ficar, pai.”<br />
Olhei surpreso para ela, buscando seus olhos, mas ela não parou de encarar seu pai em momento algum, nem mesmo quando cheguei.<br />
“Filha, isso não é necessário. Você tem aulas, não pode faltar. Já perdeu algumas hoje. Se for agora, ainda consegue assistir alguma da manhã.”<br />
“Não, pai. Eu vou ficar. Quem vai cuidar do senhor? Não vou te deixar com enfermeiras... Sei bem que vai querer voltar logo ao trabalho e duvido que possa nos próximos dias.”<br />
Ele soltou uma gargalhada leve “Querida... Papai ama a sua presença, mas não posso deixar que mate aulas por isso. Você pode vir no final de semana. Prometo não tocar em trabalho até que os médicos me liberem.”<br />
“Como se eu fosse acreditar. Vou ficar e fim da história. Uns dias sem ir a escola não vai me prejudicar. Depois vou pegar a matéria com a irmã do Derick.”<br />
“E o seu namorado? Vai perder aulas também?”<br />
“Não. Ele vai voltar.” disse antes que eu pudesse.<br />
Eu não me importava em faltar com ela. Ficar o restante da semana sem a Yasmin... Por que ela não queria que eu ficasse?<br />
“Vou ver se a Sra. Campbell precisa de ajuda em alguma coisa.” disse e me retirei de suas presenças.<br />
Não fui até a Sandra. Procurei outro corredor e sentei-me numa cadeira qualquer.<br />
Nossos amigos, deveriam estar preocupados. Peguei meu celular e encontrei incontáveis chamadas não atendidas deles. Mandei SMS para todos, avisando que estávamos bem e que logo daria detalhes.<br />
“Perdido?” Sandra me perguntou.<br />
“Vim avisar nossos amigos...”<br />
“Soube que você já está de partida.”<br />
Yasmin estava mesmo desejando que eu fosse.<br />
“Sim. Parece que eu já deveria estar a caminho.” suspirei.<br />
“Foi um prazer te conhecer, Derick. Espero que venha nos visitar mais vezes.”<br />
“Digo o mesmo.”<br />
“Se você também quiser ficar, eu posso conversar com a Direção do colégio...”<br />
“Agradeço, mas vou mesmo.”, levantei-me, “Estou indo ao quarto, também vem?”<br />
“Não. Vou ficar um tempo aqui antes. Tenha uma boa viagem.”<br />
Fui me despedir da Yasmin e de seu pai.<br />
“Lamento que tenhamos nos conhecido nessas circunstancias, filho, mas assim que eu estiver melhor, combinamos algo mais apropriado, certo?” Vítor.<br />
Yasmin não se levantou para se despedir, sequer me olhou. Continuou absolvida pela presença de seu pai. Eu sentiria imensamente a sua falta... Talvez a minha também fosse sentida.Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-64598246154806756882011-05-09T12:15:00.000-03:002011-05-09T12:15:27.178-03:0012- Fernando Pessoa uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência.”</i></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ele a beijaria? Era em tudo o que a Mariana pensava com seus corpos tão próximos um do outro. Ela queria. Estava esperando por isso. Mesmo que estivesse lutando tão fortemente contra essa vontade, tentando se convencer de que as borboletas dançantes em seu estômago não existiam.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Scott conseguia ver tudo isso tão facilmente que o irritava. Inclinou seu rosto para que seus lábios ficassem na mesma altura.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não vai me empurrar? Não vai me bater?” Scott sussurrava, próximo demais, provocando-a com a sua típica arrogância.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Mariana recorreu aos seus lábios com urgência. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ele não teve tempo para se surpreender. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Não conseguiam parar. Mal havia fôlego. Eles podiam sentir as batidas de seus corações martelando contra o peito um do outro. E não podia ter nada pelo que esperassem tanto quanto aquele momento. Nada que pudesse ser mais perfeito do que aquele gosto.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Um som irritante que a Mariana conhecia muito bem surgiu da sua camisa; era seu celular.</span><br />
“Ela não atende... Será que eles acabaram indo parar na Direção ou na sala da Elenir outra vez?” Sally especulava impaciente.<br />
“Talvez ela nem esteja com o celular. Ela odeia ter que carregá-lo por todo canto.” Yasmin.<br />
“Vou ver se a encontro na Direção. Vocês dois podem ver na Elenir?” Sally.<br />
Mais tarde a Sally encontrou a Mariana em seu quarto.<br />
Já era noite e eu estava vendo a Yasmin dando suas últimas braçadas na piscina do colégio. Seu celular, que estava comigo, tocou.<br />
“Yasmin, seu celular. É a sua mãe...” gritei, esperando que ela ouvisse.<br />
“O que foi?” perguntou se aproximando da beira da piscina, “É o meu celular tocando?”<br />
“É a sua mãe.”<br />
“Ah... Só falta meia volta. Depois eu retorno. Deve ser pra me lembrar que esse final de semana vou passar com ela. Se o som te incomodar, pode desligar.”<br />
Entristecia-me o relacionamento da Yasmin e sua mãe. Não parecia a maneira como mãe e filha deveriam se tratar. Eu sabia pouco sobre o que as levou a agirem assim uma com a outra, Yasmin não falava sobre isso, só conhecia o que a Sally tagarelou uma vez ou outra há tempos atrás. Queria poder ajudar, mas não me sentia no direito.<br />
O celular já havia parado de tocar quando a Yasmin se aproximou de mim, terminando de vestir seu roupão.<br />
“Ainda temos tempo para comermos alguma coisa juntos. Só preciso me trocar primeiro. Prometo não demorar. Me espera aqui mesmo?” pergunto, enquanto pegava a sua bolsa.<br />
“Não quer falar com a sua mãe primeiro?”<br />
Ela me olhou, não esperando que eu fosse insistir com esse assunto “Depois que eu me trocar. No caminho para o refeitório.” disse com pouca vontade.<br />
Durante o caminho, devolvi seu celular.<br />
“Ah... Já tinha me esquecido...”<br />
Suspirei, “Yasmin, talvez você não devesse mesmo ligar. Sinto como se estivesse te forçando e não quero. Deixa isso pra lá. Desculpa ter me intrometido.”<br />
Ela levou um tempo para me dar uma resposta, “Não. Tudo bem. Estou sendo infantil.” e discou.<br />
O que ela ouviu do outro lado da linha criou uma expressão de terror em seus olhos e me deixou aflito.<br />
“Não. Eu vou... Não precisa. Derick me leva. Vai ser mais rápido.”<br />
Desligou e parecia em choque encarando o celular, com os lábios entreabertos.<br />
Coloquei-me a sua frente, desci minhas mãos pelos seus ombros até as suas mãos, “Yasmin...”, tentei chamar a sua atenção. A sua cabeça ainda um pouco abaixada. Peguei o celular de sua mão e o guardei em meu bolso, com a outra mão puxei suavemente o seu queixo para cima. Lágrimas começavam a cair. Puxei-a para perto de mim, abraçando-a.<br />
“Yasmin, meu amor... O que aconteceu? Está me assustando.” disse, tentando não chorar. Vê-la naquele estado... A sua dor era minha.<br />
“Temos que ir... Meu pai...” seu coração batia com tanta força.<br />
“Pra onde? Pro seu pai?”<br />
Ela se afastou do meu abraço, mas não completamente. Olhou dentro dos meus olhos e respirou fundo, buscando força “Meu pai teve uma parada cardíaca. Já está no hospital a essa altura. Mas... A Sandra está assustada. Não sabe se...”<br />
“Calma, amor... Ele está sob os cuidados de médicos, vai ficar tudo bem.”<br />
“Você não entende, Derick. A Sandra estava chorando. Ela nunca chora.”<br />
Tentei abraçá-la novamente, mas não me deixou.<br />
“Ela já falou com a Direção. Só temos que avisar que estamos indo... Claro, se você quiser ir também. Nem te perguntei... Desculpe.”<br />
“Não, amor. É claro que vou. Posso ir dirigindo o seu carro...”<br />
Ela assentiu.<br />
O silêncio nos fez companhia durante toda a trajetória para o hospital que ficava em Primavera. Três horas de viagem. Normalmente, aquele silêncio não teria me incomodado, mas, devido às circunstâncias, tornou-se insuportável.<br />
“Vocês são familiares? O horário de visitas já foi encerrado.” uma jovem na recepção nos informou.<br />
“Ela é filha do Sr. Campbell.”<br />
“Ah! Bem, nesse caso vou chamar uma enfermeira para acompanhá-la até a sala. O senhor espere aqui por um instante, por favor. A Sra. Campbell me avisou sobre a chegada de vocês.”<br />
Em poucos instantes uma enfermeira apareceu pedindo que a Yasmin a seguisse.<br />
“O senhor é o Derick, certo?” a moça que nos atendeu na recepção perguntou.<br />
“Sente-se, por favor. A Sra. Campbell já está vindo te receber.”<br />
Seria o nosso primeiro encontro. Nem mesmo quando criança havia a visto alguma vez. Yasmin nunca me deixava acompanhá-la ao visitar seus pais. Eu não tinha ideia de como a sua mãe pareceria. Imaginava uma pessoa severa quando uma mulher alta, magra e muito bem vestida apareceu na minha frente abrindo um breve sorriso.<br />
Seus traços me lembravam a Yasmin. Era a sua mãe. Imaginei que fosse encontrar feições cansadas e abatidas, mas ela parecia apenas... Calma.<br />
“Então você é o Derick...”<br />
Deixou seu sorriso se alargar e sentou-se ao meu lado.<br />
“Imagino que deseja ver a Yasmin amanhã, antes de voltar à Almerin. Lamento que não poderá ver o Vítor hoje, mas já pedi que meus empregados preparassem um quarto de hospedes para você passar essa noite. Yasmin decidiu ficar. Estou indo agora, me acompanha?”Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-80814764886838305822011-05-06T11:25:00.000-03:002011-05-06T11:25:13.389-03:0011- Anne Louise uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>"O amor é um egoísmo a dois."</i></div>As discussões entre os dois nunca chegaram àquele ponto. Todos na sala estavam boquiabertos. Foi difícil para a professora conseguir seguir com a sala em silêncio; agora eles tinham motivos de sobra para falaram. Camila adorou, já tinha mais matéria para o jornal.<br />
Mais tarde, eu, a Yasmin e a Sally nos encontramos com a Mariana no refeitório.<br />
Ela parecia cansada.<br />
“Você vai ter que deixar as aulas de informática mesmo?” Yasmin.<br />
“Não... Ele também não. A psicóloga resolveu nos dar mais uma chance. Mas agora temos que ter algumas sessões com ela... Pra resolver as nossas diferenças.” Mariana revirou os olhos.<br />
“Eita! Tem isso agora, é?” Sally.<br />
“Porque discutimos durante as outras aulas também. <i>‘Estamos atrapalhando o rendimento das aulas e precisamos aprender a ser civilizados.’</i> Era só o que me faltava...”<br />
Já estava quase na hora do dormitório fechar as portas, quando o Scott entrou no quarto. Ele sentou-se na beira da cama. Eu estava me deitando.<br />
“Como você consegue andar com alguém como ela?” ele parecia realmente intrigado e fiquei surpreso que estivesse falando comigo. Desde a primeira vez que nos encontramos no dormitório ele não mais dirigiu a palavra a mim.<br />
Estava procurando alguma coisa para lhe falar que pudesse ajudar de alguma forma, mas não tive tempo. Ele soltou ar pelas narinas, pressionando os lábios, desligou o abajur do lado de sua cama e deitou-se.<br />
Talvez ele não estivesse mesmo esperando uma resposta.<br />
Enquanto todos os meus colegas de sala falavam incansavelmente sobre o que fariam profissionalmente, com o nosso último ano do ensino médio chegando ao fim, eu não fazia ideia. Se eu dissesse que minha a preocupação era em não poder ver a Yasmin com a mesma frequência de agora, o que me diriam?<br />
Sempre amei escrever músicas para meus irmãos, mas, de repente, quando comecei a pensar nisso à longo prazo, isso me pareceu tão pouco... Tinha mais cara de hobby do que uma carreira profissional. Mas o que eu poderia fazer, se não conseguia pensar em nada que gostasse de fazer? Isso me frustrava.<br />
Estávamos todos reunidos no refeitório quando passou um dos responsáveis pelo Jornal CE nos entregando os exemplares.<br />
Na capa “Epidemia de fim de namoro – Cuidado, o seu pode ser o próximo!”, a foto da Raquel jogando uma aliança no André e da discussão Scott x Mariana ilustrava.<br />
Podia sentir a respiração da Yasmin mais intensa e descompassada; não era o meu toque à provocar. Mesmo que eu soubesse que ela já não mais os amava, tinha a impressão de que eles ainda mexiam muito com ela.<br />
“O quê?!” Mariana quase gritou, “O que tem a minha discussão com esse idiota a ver com fim de namoro? Enlouqueceram de vez? A Camila que escreveu isso! Cadê ela?! Vou falar com ela agora mesmo!” Mariana levantou e olhou ao redor procurando pela Camila.<br />
“Doida, tem poucas sessões com a psicóloga ou só quer ser expulsa do colégio mesmo?” Sally puxou um dos braços da Mariana para que ela voltasse a se sentar.<br />
“Mas você acha que estou errada? Ela publicou uma mentira!”<br />
“Sabemos, Mari, mas você está muito nervosa. Melhor se acalmar primeiro.” Yasmin.<br />
Mariana bufou, “Então só vou falar com a diretora. A Camila não me consultou pra publicar isso, também não preciso consultá-la para mostrar isso à diretora. Não tentem me impedir.” Mariana saiu com uma expressão severa no rosto.<br />
Não demorou e estava de volta ainda mais irritada.<br />
“Não me deixaram falar com a diretora. Ocupada. Queriam que eu procurasse a psicóloga Elenir. Rá! Já basta ter que vê-la quase todo dia para fingir que está tudo bem entre eu e o Scott. Falando nisso... Tenho que falar com ele. Vocês acreditam que ele fica me provocando durante as sessões? A Elenir não faz nada, deixa ele ficar me ofendendo. Se ele não parar, não quero nem saber, vou revidar. Por que só eu tenho que me esforçar? Viram ele por aí?”<br />
“Logo ali.” Sally apontou para adiante, “Na mesa com o Luan, aqueles dois gatíssimos e piriguetes penduradas neles. Melsenhor! Eles são mesmo totalmente gatos! Como não reparei antes? Vou com você, Mari.”<br />
As duas foram. As outras meninas saíram assim que viram a Mariana e sua cara de poucos amigos.<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally preferiu ficar em pé; ao lado do rapaz de cabelos escuros e desalinhados, pele pouco morena, sorriso largo e fácil, lábios estreitos como seus olhos castanhos, ombros largos, braços fortes. Sally soube que ele era exatamente o tipo dela, mais um que facilmente quebraria em pedacinhos seu coração. Mas ela não escolheu ficar ao lado dele apenas pela forte atração, ela queria que o Raffael visse, queria deixá-lo com ciúmes, talvez ele se aproximasse como das outras vezes para atrapalhar... Deu o seu melhor sorriso para o rapaz e sentiu-se arder em raiva quando foi completamente ignorada. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O outro rapaz ao lado percebeu e não segurou uma gargalhada, enquanto a fitava com seus olhos castanhos. Seu cabelo era baixo e em um tom claro de castanho. Com músculos menos ossudos que seu amigo. Um rosto agradável e boa postura. Sally estava sendo atingida pelo seu charme, mesmo que estivesse sendo um total idiota rindo dela daquele jeito, ele parecia gentil de alguma forma... Talvez fossem seus olhos. Ela não sabia dizer. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">De qualquer forma, nesses primeiros segundos a fizeram odiar a ideia de ter ido acompanhar a amiga.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Mariana tentava raciocinar, o que ela nunca conseguia perto daquele garoto que insistia em confrontá-la. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Scott não admitiria, mas ele simplesmente estava amando tudo aquilo. Ela estava claramente irritada pela notícia do jornal escolar. Enlouquecê-la sempre que a encontrava era o seu novo passatempo preferido. Como lhe fazia bem não mais rastejar por ela, nem mesmo se preocupar em o que ela poderia pensar com qualquer uma de suas ações. Era simplesmente perfeito. Ele ainda tentava negar o quanto queria beijá-la todo instante, ali mesmo na frente de todos, ele não se importaria. Mas ele já sabia como isso terminaria. A garota tinha um gênio do cão. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você precisa parar de me atormentar, Scott. A Elenir vai nos manter em sessões e só Deus sabe o que mais pode acontecer até que nos expulsem. Estou me esforçando de verdade e agradeceria se você fizesse o mesmo. Porque se for mesmo guerra que você quer... Vai se arrepender.” Mariana disse entre os dentes.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Scott levantou-se, pegou a Mariana por um dos braços e a fez andar com ele até um canto menos movimentado, longe dos olhares curiosos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally tentou impedir, mas o rapaz ao seu lado segurou com força o seu pulso e a alertou para não atrapalhar.</span>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-31026627567284431822011-05-04T12:43:00.000-03:002011-05-04T12:43:18.976-03:0010- Diderot uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Erram tanto o que suspeita demais quanto o que demais confia.”</i></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“É isso mesmo que você quer?” Sally.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O que eu quero é sair pelo mundo cantando, mas, por hora, preciso esperar.” Talita revirou os olhos. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Falo do Jack...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah... Finalmente consegui o fim que tanto queria. É como se um peso enorme saísse das minhas costas. Estou melhor do que poderia desejar” mentiu tão bem. Ela só queria poder acreditar em suas próprias palavras.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah, prima! Eu fiz uma bagunça doida me metendo, desculpa por isso. Mas pelo menos agora está tudo bem, né?! Fico feliz...” se a Sally tivesse parado por apenas um instante e prestado atenção de verdade na Talita, ela teria percebido que tinha alguma coisa errada. Mas ela não queria ver que a Talita estava mentindo. Sally só queria poder ter a sua prima animada e corajosa de sempre focada em sua música, e o Jack totalmente disponível para si.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally estava tão feliz com o seu mundo no lugar novamente que mal se continha. Deu uma batida de leve na porta do quarto do seu amigo e entrou. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Jack estava, como o de costume, em sua cama com um violão na mão, dedilhando. Sally não reconheceu aquela música, talvez fosse alguma nova de <i>Fallen Angels</i>; não deu importância. Jack colocou o violão de lado assim que viu a Sally se aproximando e sentando-se ao seu lado. Ela queria dizer o quanto estava feliz, mas isso seria tão insensível e era tão egoísta... Uma lágrima desceu pelo seu rosto; era de alívio. Jack a puxou para si e deitaram abraçados como fizeram tantas outras vezes.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ele sabia que tinha feito o certo. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Jack adorava a Talita, mas quando a beijava não era justo com ela que ele estivesse apenas pensando em outra ou tentando não pensar. </span><br />
Naquele tempo não tive o privilégio de todos esses detalhes da história, mas também não é como seu tivesse precisado.<br />
Com a banda reunida naquela noite era como se nada houvesse acontecido. As coisas estavam exatamente como sempre foram, ou, pelo menos, era no que todos se esforçavam para acreditar.<br />
O mês de agosto passou às pressas com tantas atividades que tínhamos.<br />
A Talita foi conversar com a diretora, a fim de conseguir liberar os integrantes da banda dos clubes e reforços. Tudo o que conseguiu foi um acordo: se todos eles conseguissem um boletim repleto apenas de A por todo o semestre, então ela não poderia contestar contra seus ensaios no semestre seguinte, tendo em vista que essas notas não poderiam mudar. Claro que isso era apenas para que a banda desistisse dessa ideia, mas Talita era mais teimosa do que isso. E não só ela como toda a banda estava determinada a conseguir. Estudavam e estudavam.<br />
<br />
<i>Colégio Elite. Quinta-feira. 16/08/2010. 16:15h.</i><br />
Estávamos na sala de informática. A única em que eu e o Scott Meyer tínhamos em comum.<br />
“Quando vamos finalmente sair desse básicão, Luciana?” Scott perguntou à professora.<br />
“Prometo que essa será a última, Scott. Qualquer coisa para você parar de reclamar” Luciana.<br />
Mariana bufou, “Que abuso! Se está tão incomodado assim, a porta é logo ali.”<br />
Lá vinha mais uma discussão entre os dois; isso sempre se repetia.<br />
“Pois te digo o mesmo. Tenho certeza que ninguém está gostando desse nível de aula, só que ninguém tem coragem de falar.”<br />
“Ah, claro! E você é o nosso herói, devemos te agradecer por ficar atrapalhando a aula o tempo todo com seus comentários completamente dispensáveis.”<br />
“Vocês dois, por favor, podem parar? Vou precisar desligar vocês das minhas aulas? Porque toda quinta-feira é a mesma coisa.” Luciana.<br />
“Não será necessário, Luciana. Tenho certeza que a Duas-caras vai fazer o favor de se calar.” Scott.<br />
“Professora, desculpa... Só acho que esse inconveniente é o único culpado pelo tumultuo nas aulas.” Mariana.<br />
“Não haveria tumultuo se você simplesmente não ficasse me perseguindo... Você precisa superar isso, está ficando realmente irritante.”<br />
“Ah! Seu ego é um absurdo, garoto! Se enxerga! O perseguidor aqui é você! Preciso mesmo te lembrar disso?”<br />
“Ah, por que não faz esse favor, Mariana? Por que não explica para todos o que me fez tão desclassificado para a sua magnífica pessoa? Ou sobre como foi divertido se aproveitar dos sentimentos do Luan para me deixar com ciúmes? Acho que ninguém está à sua altura nesse mundo, não é?! Você é mesmo uma pessoa perfeita! Compartilhe seus sentimentos conosco, Mariana, se é que você sabe o que é isso...”<br />
“Ok, já tivemos o bastante. Saiam os dois, por favor.” Luciana falou inutilmente, já que os dois esqueceram completamente onde estavam.<br />
“Você sabe muito bem que as coisas não foram assim, Scott. Para de distorcer! A única palhaça nisso tudo fui eu. Não conseguiu me enganar por muito tempo... É isso que te aborrece tanto?”<br />
“É... Pobrezinha...”, ironizou, “Você precisa ser mais sincera com você mesma, Mariana. Foi tudo real e você sabe. Se pra você é mais fácil viver no seu mundinho perfeito deixando o Inconveniente de fora, tudo bem... Mas faz o favor de parar de usar a mesma velha desculpa... Eu agradeceria.”<br />
“Que verdade, Scott? Você realmente esperava que eu pudesse acreditar que me amava enquanto o colégio todo podia te ver desfilando com a Kate pra cima e pra baixo? Não sou tão idiota assim...”<br />
“Ah, Kate de novo... Você não se conforma que ela seja uma pessoa maravilhosa, né?”<br />
Mariana o interrompeu, “Já chega, Scott!”.<br />
“Não. Você vai ouvir! Ela acreditou em mim. Uma amiga que... Se ela estivesse aqui eu não estaria discutindo com você. Ela iria me acalmar e me ouvir lamentar sobre você. Sabe o quanto ela me aconselhou pra não desistir de você? Pra te fazer acreditar que mudei? Sabe por que desfilava com ela pelo colégio? Porque a garota com quem eu queria estar simplesmente me disse ‘não’ um milhão de vezes...”<br />
“Imagino o quanto e como ela deve ter te ajudado mantendo a sua boca bem ocupada...”<br />
“Você não está me ouvindo?! Se quiséssemos mais do que amizade eu não precisava esconder isso de ninguém. Não precisava mentir a respeito. E nunca seria tão desprezível ao ponto de correr atrás de você enquanto isso; Kate jamais se prestaria a esse papel. Você é mesmo tão superficial assim? O que falam, o que parece ser é o que determina as coisas para você? Porque se for mesmo isso, a maior idiotice que fiz na vida foi ter algum dia me apaixonado por você.”<br />
Dois guardas da escola entraram na sala e acompanharam a saída de Scott e de Mariana.Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-82159932013028493952011-05-02T14:20:00.000-03:002011-05-02T14:20:06.638-03:009- Kahlil Gibran uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>"Como você punirá aqueles cujo remorso já é maior do que os seus crimes?"</i></div>Mesmo que aquelas fotos de quando criança de vestido não tivessem sido capazes de me fazer cumprir as vontades do Scott por muito tempo, ele nunca tardava em arrumar novas ameaças... Imagino como não teria sido pior se eu tivesse estudado com ele, naquele tempo.<br />
Ir para os Estados Unidos foi um alívio para mim. Senti muita falta da minha prima e de meus amigos, mas qualquer coisa seria melhor do que ser chantageado pelo Scott.<br />
Fui obrigado a fazer muitas coisas das quais me arrependo profundamente. Espero que haja perdão para tudo o que fiz.<br />
“Eu lamento...”, Scott sussurrou, “Não vou me desculpar. Se eu fosse me desculpar por tudo que fiz com todos, essa vida não seria o suficiente. Não preciso do perdão de vocês”, disse insolente, “Mas não tenho orgulho do que fiz. Não gosto de ver a sua expressão de medo mesmo depois de todos esses anos. Nem de raiva ou dor nos rostos pelos corredores da escola. Odeio quem fui, mas não posso voltar atrás e fazer as coisas diferentes agora, como também não posso fazer com que acreditem na minha mudança; parei de tentar. Não devo satisfações a ninguém pelo que sou ou pelo que faço, tenho certeza que não sou o único imperfeito”, deu uma pequena pausa, “Vamos passar um semestre inteiro dividindo o mesmo quarto. Se você respeitar o meu espaço, vou respeitar o seu. Você não se mete na minha vida e eu não me meto na sua. Você era um bom garoto, Derick, e não acho que isso tenha mudado, então é melhor que fique fora do meu caminho, porque eu nunca fui um bom garoto e, mesmo que agora tenha meus arrependimentos, continuo sendo quem sou. Não confunda as coisas. Era só isso que precisava te dizer”.<br />
Fiquei por um instante encarando aquela figura de costas para mim. Digerindo todas as suas palavras, tentando não imaginar que tudo aquilo era algum tipo de plano perverso. Era ali com ele que eu passaria todo o semestre, não era como se eu pudesse fugir ou algo assim. Se ele quisesse me fazer algum mal, não precisava dizer coisa alguma. Ele pareceu sincero, então, eu acreditaria nele até que me provasse o contrário. Convenci-me.<br />
Eu estava no quarto com dois Scotts: um que me fez muito mal e outro arrependido por isso. Eu precisava tomar ar. Saí do quarto. Saí daquele prédio. Peguei o celular e disquei; eu só precisava ouvir uma voz.<br />
“Oi, Bebê!” Yasmin.<br />
Funcionou. A alegria em sua voz já me fez sorrir “Oi, Princesa! Como você está?”<br />
“Com saudades... Estou terminando de arrumar as minhas coisas, mas ainda falta tanto. Não vou conseguir deixar tudo como quero hoje, pelo visto. Estou contando os segundos para te ver mais tarde, amor.”<br />
“Também, Princesa...”<br />
“Ainda falta muito pra arrumar aí? Queria poder te ajudar...”<br />
“Ah, não se preocupe com isso. Não tenho tanta coisa assim, faltam só umas bobeiras para serem colocadas no lugar.”<br />
“Sortudo!”<br />
“Não vou mais te atrapalhar, só queria mesmo ouvir a sua voz e saber se estava tudo bem.”<br />
“Como se você me atrapalhasse...”<br />
“Se precisar de alguma coisa, só me ligar, ok?”<br />
“Pode deixar, Bebê!”<br />
Já estava anoitecendo quando fui buscar a Yasmin em sua casa. Iríamos todos para a Narciso’s - lanchonete e nosso ponto de encontro preferido – depois, provavelmente, para a Alpínia, a sorveteria do outro lado da rua.<br />
“Flores? Que lindo!” Yasmin comemorou ao ver o buquê que trazia comigo.<br />
“Que bom que gostou...”<br />
“Amei! Qual é o motivo da surpresa?”<br />
“Te ver feliz.”<br />
Ela ainda segurava as flores quando me arrebatou selando nossos lábios.<br />
“Desse jeito vai receber flores o tempo todo.”<br />
Ela soltou uma risada gostosa, “Meu bobo lindo!”<br />
Durante o caminho à Narciso’s, começou a falar, “Ainda não tive oportunidade de te contar como as coisas ficaram com a sua irmã e tudo mais...”<br />
“Ah! Sim...”<br />
“A Sally me contou hoje.”<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally ouviu quando as portas se bateram pela a casa, indicando que alguém havia chegado, mas preferiu ignorar. No fundo ela sabia que, independente do que tinha sido resolvido entre a Talita e o Jack, não a agradaria; as coisas tinham mudado demais. Tentou ignorar por todo o restante do dia, mas a curiosidade e a preocupação a venceram.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Talita estava na escrivaninha, com fones no ouvido e fingindo fazer anotações. Seu orgulho ferido latejava. Ela se castigava lembrando das palavras de Jack e da raiva em seus olhos assim que soltou seus pulsos e espremeu os ombros dela contra a parede de uma ruazinha qualquer, “Você passou dos limites!”, sua voz era assustadora, “Foi tudo um erro, você não entende?”. Sim, ela entendia, mais do que jamais desejou. Jack a estava machucando, mas Talita sabia que sentiria falta até mesmo daquilo, de sentir sua pele em chamas, de deixar o Jack a ponto de matá-la; não que ele realmente fosse capaz. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu não quero sair da banda, mas, se isso for um problema pra você, eu saio.” Jack odiaria fazer isso, mas ele se sentia culpado demais, talvez isso amenizasse.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não misture as coisas. Eu levo muito à sério a banda, espero que você também. Se isso era tudo o que tinha a me dizer, já vou indo. Preciso arrumar as minhas coisas.” Talita tinha chegado ao seu limite. Era hora de dizer adeus e só Deus sabe o quanto isso doeu.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ali, em seu quarto, tentava não pensar em como seria ver aqueles olhos azuis que nunca a pertenceram e fingir que não sentia um buraco no peito e uma vontade absurda de estar em seus braços mais uma vez. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tali...” Sally balançou uma mão na frente de seu rosto.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Talita tirou os fones ensurdecedores de seus ouvidos “Prima...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Era ela. Sempre foi ela. Talita tinha tanta certeza disso. Jack sempre teve olhos apenas para aquela desmiolada de sua prima. Ela podia fazer a Sally enxergar a verdade, sem deixar margens para dúvidas, mas ela não faria isso; de forma alguma.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você está bem?” Sally.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Claro! Por que não estaria? Estou tentando arrumar uma canção, mas já estou tão cansada... Não está dando certo. Acho que vou só me render ao sono.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah... Daqui a pouco vou dormir também.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Talita suspirou, sabendo o que a prima queria “Estou bem de verdade, Sally. Eu e Jack como casal não vai rolar. Nós dois não queríamos isso no final das contas. Foi tudo muito bom, mas já deu. Nossa carga horária escolar vai ficar muito puxada esse semestre e isso sim me preocupa.”</span><br />
<div><br />
</div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-78498481755961846082011-04-28T14:22:00.002-03:002011-04-28T14:22:17.979-03:008- Plínio uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“A única certeza é que não existe certeza”.</i></div>Encontrei a Yasmin no pátio com a Sally, Mariana, Ricardo e Talita.<br />
“Deri!” Sally gritou ao me ver.<br />
“Estamos esperando o Jack, o Vinícius e o Caio.” Yasmin.<br />
A Sally e a minha irmã estavam inquietas e piorou quando os meninos chegaram.<br />
Jack mal nos cumprimentou ao chegar, “Vem, quero falar com você”, pegou a Talita pelo pulso e foi embora com ela.<br />
“Eita!” Vinícius.<br />
Observei a expressão da Sally enquanto via o Jack e a Talita indo embora. Minha prima era péssima em esconder seus sentimentos e a angústia em seu olhar estava a deixando a ponto de chorar. Desviou o olhar quando me viu a encarando.<br />
“É... Ricardo?”<br />
“Que foi?”<br />
“Vamos logo pra casa. Temos que arrumar as nossas coisas”<br />
“Ué, bora então”<br />
“É, também já vou” Mariana.<br />
Todos se despediram e partiram para seus caminhos. Sally arrastava o Ricardo pela rua, quase correndo na nossa frente.<br />
“Coitado do Rick...” Yasmin.<br />
“Onde será que o Jack está com a Tali?”<br />
“Ele parecia irritado. Sally ficou estranha depois disso. Ela estava toda empolgada e reclamando da escola.”<br />
“O que será que está acontecendo...”<br />
“Eu ainda acho que o Jack gosta mesmo é da Sally. Sally também gosta dele. Não entendo porquê eles complicam tanto as coisas. Se gostam um do outro, por que não ficam juntos? Sally diz que não vê o Jack assim... Não sei o motivo do Jack, mas sabendo que a Sally pensa assim não é muito encorajador, não é?! Se ela não quer namorar com o Jack nem nada, vai ter que aprender a vê-lo com outras. Ele não é propriedade dela.”<br />
“Que eles se gostam não tem com duvidar... Desde sempre juntos. E eles se dão tão bem...”<br />
“Ela perguntou ao Jack hoje, antes de ir à escola, se ele pensava em namorar a Talita. Ele perguntou o que ela achava e se ela queria isso. Sabe o que a doida respondeu? Que não poderia ter alguém melhor para o Jack nem para a Talita. Ele disse que pensaria nisso. Não sei o que ele resolveu, mas sei que Sally não deveria...”<br />
“Minha irmã sabe de tudo isso melhor do que ninguém e que mesmo assim resolveu fazer as coisas como tem feito, mas espero muito que ela não se machuque ainda mais... Talita é inconsequente demais, isso me preocupa.”<br />
“Ei... Se as coisas não terminarem bem, estaremos aqui pra eles. Então, não fique tão tenso assim, ok?” Yasmin me disse enquanto chegávamos em casa.<br />
Eu só esperava que as coisas não chegassem àquele ponto.<br />
Passamos aquele dia fazendo nossas malas e empacotando algumas coisas. No dia seguinte fomos arrumar nossos quartos no Colégio Elite.<br />
Minha namorada ficou muito contente por ter a minha irmã como companheira de quarto. Sally e Mariana estavam no mesmo andar do mesmo prédio que a Yasmin, no quarto F3S. Eu ainda me perguntava quem estaria comigo.<br />
Estava arrumando minhas coisas no dormitório quando ele chegou – dividiríamos o mesmo quarto por todo o semestre – Scott Meyer. Colocou uma mala sobre a cama, sem notar a minha presença.<br />
Congelei. Senti meu coração prestes a sair pela boca. Em algum lugar dentro de mim eu sabia que não tinha superado nada daquilo, mas realmente havia me esforçado para acreditar que nada demais ocorreu... Mantive aquelas lembranças enterradas na minha mente, longe do alcance de qualquer um. Ninguém sabia, ninguém poderia.<br />
Estudar com ele, não tinha sido um problema até então. Até mesmo ajudar a minha prima com a história do Scott e Mariana não me deixou em nervos. Não senti minhas mãos suando frio, minhas pernas não procuravam a saída mais próxima.<br />
Mas conviver com tanta proximidade do Scott Meyer por todo um semestre era o meu pior pesadelo se tornando real. E, então, ele me viu. Surpresa em seus olhos e depois... Remorso? Eu vi certo?<br />
Deu-me as costas e voltou a mexer em sua mala.<br />
“Derick Campos...”, disse para si mesmo, “Realmente não esperava por isso.”<br />
Afastei por tantos anos aquelas memórias como podia, mas... Ali, tão perto daquela pessoa, eu estava falhando.<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Eu era uma criança novamente, voltando para a casa da minha prima. Tinha acabado de comprar uma bola nova para brincarmos. Essa tarefa sempre sobrava para mim. Se nossos pais soubessem que mandávamos tantas bolas, durante nossas brincadeiras, para a casa de nossos vizinhos, provavelmente já teriam dado fim à nossa diversão. Então, como o mais velho, eu ficava encarregado de sair às escondidas para repor nosso estoque. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O meu único medo durante essas saídas era de ser pego por nossos pais. Eu nunca fui bom em mentir, provavelmente, por isso eu tenha desistido de tentar bem mais cedo do que o que precisaria para salvar a minha pele. Como eu poderia imaginar que ser pego por meus pais não resumia todos os perigos e que mentir não me salvaria nem mesmo se eu fosse bom nisso...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">A velha lojinha era bem perto da casa de Sally. Ficava a uns dois quarteirões, virando à esquerda. Antes que eu pudesse virar na esquina e retornar à brincadeira, tropecei em algo e caí. Sequer me preocupei no que tinha tropeçado ou na dor que a queda provocou, fiquei desesperado ao ver a bola correndo para o meio da rua e levantei-me apressado para pegá-la de volta. Mas alguém a pegou primeiro. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Aquele garoto cujo nome ao ser mencionado fazia a minha prima chorar e que podia deixar transparente o ódio ardendo nos olhos do Jack. Fiquei congelado na calçado, observando o Scott rasgar a bola, depois olhar para mim.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah, desculpa... Era sua? Se eu soubesse não teria estourado. Vem comigo... Lá em casa eu tenho um monte. Você pode pegar quantas quiser.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sim, eu deveria ter ouvindo meus instintos gritando. Todos os músculos do meu corpo me diziam que eu não deveria estar entrando na casa daquele menino, mas mesmo assim eu fui até o seu quarto...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Ele me fez vestir roupas femininas e tirou fotos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Agora, se você não quiser que todos vejam essas fotos, vai fazer tudo o que eu quiser... Não faz essa cara, porque sei que gostou de se vestir assim. Combina com você. Vai ser muito divertido”, com essas palavras ele deu início aos meus pesadelos.</span><br />
<div><br />
</div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-30425736486033062482011-04-25T12:10:00.001-03:002011-04-25T12:11:14.014-03:007- Matthias Borbonius uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>"Todas as coisas se transformam, nós também nos transformamos com elas".</i></div>“É, mas agora não adianta lamentar também. Só cuidado pra não acabar machucando as pessoas que são tão importantes pra você.”<br />
A conversa acabou assim. Depois de uns quinze minutos Sally se despediu e saiu. Yasmin se deitou ao meu lado na cama e tive a sensação de estar sendo observado. Abri meus olhos.<br />
“Te acordei?”<br />
“Não estava conseguindo dormir mesmo...”<br />
“Vai dormir aqui hoje?”<br />
“Não trouxe meu uniforme. Tenho que voltar em casa pra buscar.”<br />
“Então vai logo, antes que fique tarde.”<br />
“Quer ir comigo? Podemos ir a algum lugar depois...”<br />
“Não hoje...” se aproximou de mim sorrindo e me deu um beijo rápido antes de pular pra fora da cama.<br />
“Vai pra onde?”<br />
“Vou pedir comida pra gente e você vai logo pra sua casa pegar suas coisas.”<br />
Quando cheguei em casa estavam todos trancados em seus quartos. Peguei o que precisava e voltei para a Yasmin.<br />
O dia seguinte, segunda-feira (02/08/2010), era o nosso primeiro dia de aula do segundo semestre.<br />
Era comum as repentinas e constantes mudanças no Colégio Elite. Apesar de se esperar uma organização exemplar, pela fortuna que eram as mensalidades, era tudo uma verdadeira bagunça. O que ninguém esperava era que a nova diretora do colégio fosse ir além do rigor com uniformes e horários como estava desde a saída do antigo diretor.<br />
A princípio, enquanto passava pelo portão da escola de mãos dadas com a Yasmin, ao ver as mudanças aparentes na estrutura do colégio imaginei que fosse mais uma desnecessária, talvez para justificar o valor crescente das mensalidades, mas não poderia estar mais enganado.<br />
“Por favor, vão para uma das filas que estão se formando no pátio, para que os monitores os informem para que sala devem seguir. Assim que forem informados, vão para a sala indicada, onde novas informações serão dadas.” a voz da diretora Cassandra era ouvida por todo o colégio.<br />
“Nada de papéis pregados nas paredes esse ano? Uma boa notícia, finalmente” Yasmin.<br />
Acompanhei a minha namorada até a sala dois e depois fui para a sala cinco.<br />
Apenas uma minoria dos alunos já estava na sala, ao julgar pelas carteiras vazias. Eu reconhecia todos os rostos presentes e entre eles estava a Beatriz acenando para mim.<br />
“Vem, Deri! Aqui do meu lado tem um lugar vazio.”<br />
O pouco que conhecia a respeito da Beatriz foi devido à aproximação que os trabalhos em grupo proporcionavam. Ela tinha completado dezesseis anos naquele ano. Lembro da sua expressão curiosa quando soube que eu era irmão da Talita e do Ricardo e mais empolgada ainda ficou ao saber que eu escrevia algumas das canções da banda.<br />
Beatriz era apaixonada pela banda (suas palavras), disse que nunca teve muito interesse em rock até ouvir a Talita cantar “Alucinação”*. Disse que essa música mudou a sua vida, de uma forma exagerada, contou-me que terminou com seu namorado logo depois de ouvi-la, que essa música abriu seus olhos.<br />
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*<a href="http://sosfallenangels.blogspot.com/2010/07/alucinacao.html">http://sosfallenangels.blogspot.com/2010/07/alucinacao.html</a><br />
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Ela era tão pequena e meiga que, às vezes, era difícil não vê-la como uma criança. E logo essa menininha deixava a Yasmin cega de ciúmes. Só o meu amor mesmo...<br />
“Não acredito que vamos continuar na mesma turma. Que bom, Deri!”<br />
Assim que todas as carteiras foram ocupadas, o monitor que estava na sala se pronunciou nos desejando um bom dia e mexeu em uns papéis sobre a sua mesa.<br />
“Meu nome é Marcelo, sou monitor de francês. Como sabem, o Colégio Elite mudou recentemente de direção, tendo como nova diretora a Sra. Cassandra. Muitas mudanças foram feitas não somente no que os olhos de vocês puderam observar até agora, como também em todo o restante. Esses notebooks em suas mesas serão seus auxiliares durante a maioria das aulas que tiverem aqui. Cada um de vocês receberá um pendrive para armazenarem seus materiais pessoais de estudo; aconselho que cuidem com muito zelo por ser pequeno e frágil. Antes era opcional usar ou não o dormitório do colégio, pois bem, agora não é mais uma questão de escolha. Desde que estudam aqui, todos passarão as suas noites em seus dormitórios.”, um burburinho começou, “Peço a compreensão e silêncio, por favor. Seus pais já estavam cientes, logicamente, mas pelo que parece não repassaram as informações à vocês, talvez salvo por um ou outro. Hoje vocês não terão aula e amanhã igualmente, esse será o tempo que terão para se acomodarem em seus quartos aqui no Elite. Vocês poderão sair do colégio nos finais de semana se estiverem em dia com seus deveres como alunos e apenas com autorização de seus responsáveis. De sete horas da manhã às seis horas da tarde vocês estarão estudando, tendo pausas para descanso e refeições entre isso. Depois das seis vocês estarão livres para fazerem o que bem quiserem, não indo contra nenhuma das regras da escola, lógico, até às nove e meia da noite, com meia hora de tolerância, que é quando todos vocês devem estar em seus quartos. Os clubes que antes eram dirigidos por vocês mesmos, praticamente do que quisessem, também foi alterado. Foi feita uma lista onde vocês têm toda essa semana para decidirem em qual desejam participar. Vocês terão um professor especialmente para dar aulas a vocês do que tiverem escolhido. E podem escolher quantos clubes quiserem e puderem. Para jornal, banda e qualquer outra atividade similar, que não esteja na lista de clubes, vocês poderão continuar exercitando, mas apenas em seus horários livres e para os exemplos que citei e outros extravagantes será necessária a autorização da diretoria primeiramente. A cantina ficará aberta das seis horas às vinte uma. Acho que já disse tudo o que era mais relevante no momento. Agora vou falar o nome de cada um de vocês, peço que levantem a mão ao serem chamados para que eu entregue uma pasta contendo todas as informações de que precisarão juntamente com o pendrive. Depois vocês podem sair. Se tiverem qualquer dúvida podem me procurar ou a outro monitor que estaremos no espaço escolar, disponíveis para tirar suas dúvidas.”.<br />
Fiquei na turma 3A. Meu quarto era o M16N, mas não estaria sozinho, mais um aluno dividiria o quarto comigo; fiquei imaginando quem poderia ser.<br />
Apesar de contente com a melhora na escola, não esperava o mesmo contentamento do restante dos meus amigos. Yasmin iria amar, disso eu tinha certeza. Mariana também. Sally com certeza odiaria. O pessoal da banda também não deveria ficar grato com isso.<br />
Enquanto saía da sala, uma sensação desagradável de que mais mudanças estavam para acontecer ficava mais intensa. Desejei estar errado.Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-20918658123658050892011-04-21T15:41:00.000-03:002011-04-21T15:41:49.855-03:006- Horácio uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>“Quase todos somos insensatos”.</i></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Começou, termina”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“É que... Às vezes, nós ficamos. Essa regra não adiantou de nada. É só enfeite. Eu queria que isso parasse, mas não consigo...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally não conseguia mais falar, imagens não paravam de surgir em sua mente e eram tantas perguntas...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Vocês acham que sou tão incapaz assim de me apaixonar como vivo dizendo? Bem queria... É verdade que não tenho paciência com relacionamentos. Gosto de não me comprometer com ninguém, mas... O Jack...”, suspirou, “Sei que ele não gosta de mim desse jeito, mas mesmo assim é carinhoso quando estamos à sos.”, um sorriso floresceu, ela parecia estar se lembrando desses momentos, “É tão bom quando ele começa a falar de seus sonhos, sabe? Me deixa com mais vontade ainda de cantar. Ele fica falando de como vai ser quando formos famosos. Ele é tão fofo...”, seu sorriso morreu, de repente, “Mas agora sou sempre eu que vou atrás dele e ele tem evitado ficar sozinho comigo. Eu quero que isso acabe, Sally, mas quando vejo já estou procurando por ele e ainda fico triste por estar tudo acabando... Como isso é possível?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally estava com o coração apertado por diversas razões, mesmo que algumas ela não conhecesse.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Acho que você deveria dizer a ele o que sente. Jack pode ser muito inteligente, mas não é adivinho, Talita”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu acabei fazendo uma música hoje...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Me deixa ver...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally leu.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Cante. Cante isso hoje. Ele vai entender e você não vai precisar dizer as palavras cara a cara com ele”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não acho que está boa...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Só cante, Talita. Assim, ou vocês ficam logo juntos ou se separam de vez. Não quero que sofra e você merece muito mais do que isso que está tendo agora, prima. Seja qual for o resultado, vai ser melhor assim. Jack precisa saber disso... Sei que ele não agiria como tem feito se soubesse.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Então vou fazer isso”.</span><br />
De repente a Sally começou a chorar, trazendo-me para o presente.<br />
“Não pensem mal de mim por estar contando tudo isso a vocês, por favor... Sei que é muito egoísmo, mas... O que eu não conto pra vocês, também...”, Sally tentava se desculpar, “Eu não contei tudo isso pro pessoal. Eu omiti a maior parte, as que não precisavam ser ditas”.<br />
“Não estamos pensando mal de você, Sally, acho que posso dizer por todos”, Mariana.<br />
“Claro que não estamos... Só... Nem sei o que pensar.”, era muita informação.<br />
“Mas o Ricardo tem razão, Ly. É melhor não se meter. Isso é algo que só cabe aos dois.”, Yasmin.<br />
“É... Vocês têm razão. Mari, agora você faz aquele bolo?”, Sally.<br />
“Ly... Eu tenho que ir. Só vim, porque estava muito curiosa, mas nem deveria ter vindo. Não tenho muito tempo pra passar com meus pais... Amanhã eu levo um bolo só pra você na escola, ok?”, M ariana.<br />
Sally fez um som com a boca, “Melhor que nada...”.<br />
“E se reclamar nem isso”.<br />
Mariana se despediu.<br />
Achei melhor deixar as duas amigas sozinhas e subi para o quarto com desculpa de estar com muito sono. Não demorou e a Yasmin também subiu para usar o computador com a Sally.<br />
“Você nem pra trazer o seu notebook com você, eheim, doida! Agora vai esperar eu ver meu orkut primeiro.”, Yasmin.<br />
“Tudo bem... Min...”.<br />
“O que foi?”.<br />
“Com você eu posso falar o que sinto mais abertamente...”.<br />
Yasmin esperou.<br />
“Estou me sentindo tão traída. Por que eles me esconderam isso? E como eu não vi nada?”.<br />
“Sally, você não fez o mesmo? Acho que agora entende como nos sentimos”.<br />
Houve um curto silêncio.<br />
“É... Acho que entendo”, suspirou, “É até difícil de acreditar. Queria que a minha prima estivesse mentindo, sabe? Quer dizer, o que eu devo pensar de tudo isso? O Jack é tão sério, Min... Ele não é desse tipo... Ele não estaria com a minha prima por estar. Eu sei disso. Eu nunca vi o Jack interessado em garota alguma durante todos esses anos. Agora quando penso, isso deve ter uma explicação bem simples mesmo, tanto que não vi. Por isso ele ficou tão radiante quando soube que meus primos voltariam a morar aqui no Brasil. Por isso...” suspirou novamente,” Nossa! É como se tudo ficasse tão claro. Como eu não pude ver nada disso antes? Bem na minha cara! Até o seu acesso de raiva agora só pode indicar isso... Yasmin, ele também é apaixonado pela Talita. E minha prima pensando que só ela é...”.<br />
“Eu sempre achei que ele fosse apaixonado por você”.<br />
Sally revirou os olhos.<br />
“Acho que agora você pode ver que isso nunca foi verdade. Afinal, ele não teria se envolvido com a Talita se o que queria era estar comigo. Vou conversar com ele. Entender o que o levou a manter isso em segredo. Já até imagino ele com sua conversa boba de que não é bom e não sei o que. É a sua desculpa pra tudo”.<br />
“Não sente ciúmes, Ly? Você até hoje morre de ciúmes de mim com o Derick...”<br />
“Por que você tinha que me lembrar disso, Yasmin?! Aff! Me dá vontade de chorar... Droga não consigo nem me controlar.”, Sally chorava.<br />
“Só acho essa história mal contada. Você age sem pensar e acho que deveria primeiro saber da história pelo Jack também, se quer fazer alguma coisa. O melhor mesmo seria não se meter. Não quer me ouvir...”.<br />
“Não posso ficar sem fazer nada, Yasmin. Eles são importantes demais pra mim. Como vou deitar minha cabeça pra dormir com eles desse jeito?”.<br />
“Você fez isso até hoje, Sally. Eles não vão ignorar um ao outro pra sempre, duvido que vão deixar a banda por causa de uma briguinha. Você foi se meter e olha o que já aconteceu”.<br />
“Como assim?”.<br />
“Não foi você que falou pra Talita cantar? Por causa disso teve que contar algo tão íntimo dela pra gente e explicar pra mais outras tantas pessoas o ocorrido. Sei que você só queria ajudar, mas você precisa entender que às vezes a melhor ajuda é não ajudar. A sua atitude pode ter piorado em muito as coisas”.<br />
Sally emudeceu.Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-41592968155650016552011-04-18T15:01:00.000-03:002014-11-20T01:30:38.296-02:005- George Bernard Shaw uma vez escreveu...<div style="text-align: center;">
<i>"Usamos os espelhos para ver o rosto e a arte para ver a alma”.</i></div>
“Só se você fizer o bolo depois...”, Sally insistiu.<br />
“Meu Deus! Eu faço esse bendito bolo depois, Sally! Vai contar logo, não? Então já vou.”, Mariana ameaçou levantar.<br />
“Conta logo, Sally...”, Yasmin.<br />
“Então...”, Sally começou a contar e a cena se formou na minha mente.<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally chamou a Talita do lado de fora do quarto.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Sally?!”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Sou eu, prima... Abre isso, anda...”, pediu carinhosamente.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Minha irmã abriu a porta. Sally passou rapidamente os olhos por ela, procurando ver o seu estado e a abraçou como uma mãe.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tali, você me deixou preocupada. Na verdade, estão todos preocupados, né. O que aconteceu, prima?”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Claro... O Jack deve estar preocupadíssimo comigo.”, irônica.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Sim, ele está. Ele só não sabe como demonstrar isso direito... Acha que você está sendo infantil.”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah! Eu infantil? A criança é ele! Sei que você veio pedir que eu cante hoje, prima, mas não posso assim. Não posso ir cantar com a banda estando tão irritada com o baixista. Desculpa.”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O que aconteceu, Talita?”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Talita a olhou hesitante.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não posso fazer muita coisa sem saber o que te deixou assim...”, Sally incentivou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu já estava pronta e fui ver como os meninos estavam. Caio e o Vinícius já estavam na sala nos esperando. O Derick tinha acabado de sair. O Ricardo estava terminando de se arrumar. Você estava na beira da piscina falando no celular, toda desarrumada. Encontrei o Jack na cama, dedilhando no baixo ‘Take Me Away – Lifehouse’. Ele não estava vestido pra festa, Sally! E nem íamos tocar aquela música hoje!”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Jack estava assim? Logo ele... Que estranho...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Isso não foi o pior... Perguntei se ele tinha fumado, porque já estava na nossa hora de sair e ele ainda estava daquele jeito. Quem disse que ele me deu atenção? Perguntou se eu sabia que você ainda estava lá fora. Eu tinha acabado de ver que sim, mas disse irritada que estava me preocupando com coisas mais importantes que era o que ele deveria fazer também.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu estava falando com o meu pai...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Aí, ele voltou a tocar, como se eu não tivesse dito nada. Falei que ele tinha que se arrumar logo e ele continuou a me ignorar. Aí eu...”, hesitou.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Fez o que?”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu estava nervosa. Sabe que me preocupo com você, poxa. Só que ele...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“O que tem, Tali?”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Gritei com ele. Falei pra ele te esquecer. Que deveria estar se preocupado com o compromisso que ele tinha com a banda. Que você não estava nem aí pra ele. Que você estava falando com o Raffael pelo celular, preferindo ser amante a se arrumar pra assisti-lo tocar. Pra ele se tocar. Ele me fulminou com os olhos e voltou a tocar. Não me disse uma palavra.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally emudeceu. Estava pasma com as palavras da prima por quem zelava com tanto amor. Nada daquilo era uma verdade, mas doeu ver o que a prima pensava dela. Todas as vezes ela se impressionava... </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Prima...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Eu não sou amante... Não gosto do que sinto por ele, mas não passa disso...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não, Sally... Eu sei... Falei com raiva. Queria que ele se arrumasse logo. Agora ele está com raiva de mim... Todo mundo da banda. E até você.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não estou com raiva de você, Talita. Só não esperava ouvir isso... Mas deixa isso pra lá. Eu vim por outro motivo. Ficou com vergonha e por isso se trancou no quarto, sem querer cantar?”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não... Eu não saí do quarto dele assim. O olhar que ele me deu, me deixou com medo, mas mesmo assim me sentei perto dele na cama. Comecei falando... Que havia mentido. Você se lembra quando éramos crianças e vocês nunca tinham dado um beijo e eu enchi a boca dizendo que já tinha dado muitos?”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Lembro...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Então... Eu menti.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Bem, eu já suspeitava, porque você exagerava nas histórias... Mas você era doida mesmo, então...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não. Eu menti tudo. Eu também era BV.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally arregalou os olhos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Naquele tempo eu cheguei no Jack, com história de ensiná-lo. Falei que ele precisava treinar antes de dar o primeiro ‘beijo oficial’ com alguém que fosse especial pra ele. Disse que seria bom treinar com uma garota experiente como eu e que ele não iria precisar ter vergonha, porque éramos praticamente primos.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ah... Isso. Foi por causa disso que insisti pra beijar o Ricardo... Queria treinar também. Cada ideia!”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Então, quando o Ricardo aceitou e ‘treinou’ com você o Jack acabou aceitando ‘treinar’ comigo também.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você é louca... Tinha tanta vergonha de não saber beijar assim, Tali?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Tinha... Mas não foi por isso. Eu queria que o meu primeiro beijo fosse com ele e fiquei tão empolgada, porque o seu primeiro beijo também seria comigo.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você gostava dele?”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Desde sempre...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Sally levou um tempo para entender o que aquelas palavras queriam dizer.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você ainda...”, por alguma razão evitou completar a frase.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Sim. Contei pra ele essa história do beijo e saí ainda sem ouvir sua voz. Não sei nem por quê fui falar isso pra ele. Acho que só piorei. Agora ele também vai me odiar por ter mentido.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Você disse pra ele... Dos seus... Sentimentos?”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Claro que não.”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Não entendo...”.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Sally, acha que eu coloquei aquela regra de não poder ter envolvimento romântico entre os integrantes da banda, por quê? Pra me impedir de ser estúpida o suficiente. Só que...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Fala...”</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">“Ele me fez prometer não contar nada.”</span>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-984533478703117131.post-81900831256238782282011-04-14T13:16:00.000-03:002011-04-14T13:17:38.851-03:004- Don Ward uma vez escreveu...<div style="text-align: center;"><i>"Lembre-se de que a resposta de ontem pode não ter nada a ver com o problema de hoje".</i></div><div>“Vamos aproveitar essa agitação e sair de fininho?”, Yasmin.</div><div>Sorri e segurei uma de suas mãos. Como eu poderia conscientemente negar qualquer pedido que me fosse feito por ela?</div><div>Passamos a noite juntos em sua casa; eu praticamente morava lá. </div><div>No domingo, já à tarde, Yasmin voltou ao meu lado na sala discando seu celular.</div><div>“Vou chamar a Sally para nos contar a história de ontem.”, comentou comigo logo antes da sua ligação ser atendida. </div><div>Yasmin era muito curiosa, mas ela não seria tão direta em satisfazer a sua curiosidade se não fosse matá-la através de sua amiga de infância. </div><div>Sally falava alto e pude ouvir a conversa.</div><div>“Você é uma safada! Pensa que não sei o porquê desse convite repentino? Aff! O pior é que eu adoraria recusar só pra te irritar, mas não quero ficar hoje aqui. Estou ficando doida de vez já! Já chamou a Mari?”.</div><div>“Não. Hoje é domingo, esqueceu que ela passa os domingos com a família?”.</div><div>“Sei, sei, mas já deu pra almoçarem juntos à essa hora. Faz ela ir também, porque depois ela vai querer saber e não tenho paciência pra contar de novo não! Já perdi as contas de quantas vezes já repeti essa história. Cruz credo!”.</div><div>“Eu conto pra ela, então, amanhã. Não tem problema.”</div><div>“Não! Claro que tem problema. Não quero que vire fofoca na escola isso.”</div><div>“Já deve ter virado, né.”</div><div>Sally ficou muda por um segundo.</div><div>“Por que está dizendo isso?”.</div><div>“Ué. Você que disse que já contou várias vezes essa história... Doida.”.</div><div>“Aff, Yasmin! Até fiquei preocupada por um instante. Não contei pro mundo todo. Contei pro Jack, depois o Ricardo, o Caio e o Vinícius... E Camila. Eles não vão falar disso com ninguém, me prometeram. Nem queria ter contado pra eles, mas já estavam fazendo um alarde doido, achei melhor falar, pra se acalmarem. Me sinto mal falando assim de algo que a Tali me confidenciou, não que tenha me pedido segredo, mas mesmo assim, né... Só que não queria que acabasse se espalhando mais e distorcido, entende? Confio em vocês, sei que vão ser discretos quanto a isso. Até o cabeça oca do Vinícius tenho certeza de que não vai mais tocar no assunto. Bem... Só insiste pra ela ir, ok? Sendo você a chamar, ela só vai recusar se realmente não puder ir. Vou pegar minha bolsa e já estou chegando.”.</div><div>“Beijos.”</div><div>Desligou o celular e já discou para a Mariana. Não precisou insistir para que ela aceitasse seu convite, Mariana aceitou de prontidão.</div><div>Fiquei surpreso ao ver que realmente sem demora a Sally estava passando pela porta da sala.</div><div>“Oi, gente! E aí, a Mari vem?”.</div><div>“Oi, prima!”.</div><div>“Oi... Ela deve levar mais tempo, porque sua família está hospedada no centro.”</div><div>Sally colocou a sua bolsa na mesinha de centro e se jogou de qualquer jeito na poltrona.</div><div>“Talita passou o dia trancada no quarto, aparentemente, dormindo. Berrou algumas vezes, quando socamos a sua porta, pra deixarmos ela descansar. Jack saiu cedo, falou pro Ricardo que tinha umas coisas para resolver, mas não o vi ontem depois da festa nem hoje. Não pude conversar com ele ainda. Quero bater nos dois. Ridículos. Ficam agindo como se nada tivesse acontecido, mas está na cara que estão tentando evitar a situação. Fico preocupada com os dois. E sem saber onde o Jack está...”, suspirou, “E o Ricardo está me tirando do sério... Aff! Ele é tão simples que seja a irritar em horas como essas. Ontem, quando contei, ficou surpreso, mas não deu importância. Disse que isso é assunto dos dois, que eles vão se resolver do jeito deles. Sim, eu sei que é verdade, mas como ele consegue achar tão natural? Brigou hoje comigo quando entrei no quarto dele pedindo ajuda, desabafando... Ele acha estranho que eu fique tão preocupada. Estranho é ele não ficar! Já estava enlouquecendo lá em casa. Não consigo parar de pensar em tudo isso. E agora não consigo nem parar de falar. Pronto. Parei.”</div><div>Eu e a Yasmin não deveríamos ter rido, porque realmente não cabia, mas a Sally daquele fez isso inevitável.</div><div>“Ótimo! Apoio de amigos é sempre um conforto.”</div><div>Sally deixou a porta aberta, então Mariana entrou sem que percebêssemos.</div><div>“Já começaram a farra sem mim?”, comentou ao ver a cena.</div><div>Sally se desdobrou na poltrona e abraçou a sua amiga pela cintura, “Mari, você é a única séria aqui que vai me dar razão.”</div><div>“Está doida, menina!”, fingiu se importar se desvencilhando do abraço da amiga, “Ou eu sou séria ou te dou razão, as duas coisas não combinam. E isso são modos na casa dos outros?”.</div><div>“Ah, como se eu me importasse com modos em casa de amigos/família. Rá! Nem estou fazendo nada demais... Só estou deitada.”, sua consciência pareceu pesar de repente, “Você se incomoda, Min?”.</div><div>“Claro que não, Ly. Só não abusa.”, riu.</div><div>“Tsc. Por isso essa criança é assim, ninguém dá limites.”, provocou.</div><div>“Ah, sua chata! Senta logo e para de reclamar. Ah, não!! Melhor do que isso, Marizinha fofa!”.</div><div>“Golpe vindo...”, Yasmin disse em meio a risos com a implicância entre as duas.</div><div>“Não atrapalha, Min. Então, como dizia...”, forçou um tom meigo, “ Marizinha, faz um daqueles bolinhos deliciosos pra gente que só você sabe fazer com suas mãos de fada. Já disse que te amo hoje, luz da minha vida?”.</div><div>Eu e a Yasmin só sabíamos rir diante de toda aquela cena.</div><div>“Já disse pra você não esquecer de tomar sua medicação antes de sair de casa, Sally, mas você não me ouve.”, Mariana.</div><div>Sally saiu do sofá e sentou-se no chão agarrando as pernas da Mariana, “Please. Estou necessitada de um bolo feito por você.”</div><div>“Sai do chão sua doida! Meu Deus!”, Mariana ficou um pouco embaraçada diante de uma atitude tão comum à minha prima.</div><div>“Então faz, please...”.</div><div>“Não recebo pra cozinhar pra você, Sally.”, disse tentando se desvencilhar da amiga.</div><div>“Poxa... Um carinho seu precisa ser pago?”.</div><div>“Não vou fazer nada com você me agarrando.”</div><div>Sally voltou para a poltrona num salto, “Agora faz?”</div><div>“Não, Sally! Vou é te bater se continuar me atazanando! Você não está na sua casa. Nem perguntou se a Yasmin deixa isso. E mesmo que ela deixasse, eu não vou fazer. Para de enrolar e conta logo o que queremos saber. Desembucha, anda.”.</div>Suh.http://www.blogger.com/profile/13244618783938948932noreply@blogger.com8